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Pragas do milho: ameaças à produtividade e soluções eficazes

Infestações de pragas do milho podem causar perdas de até 100% da lavoura, problema que pode ser evitado se o produtor investir no manejo integrado de pragas.24 de setembro de 2024

Com mais de 100 milhões de toneladas colhidas por ano, o milho é um dos principais produtos agrícolas nacionais.

Ao lado da soja, o cereal representa cerca de 80% de toda a produção de grãos no país. Esses números ajudam a entender a importância da cultura para a economia do setor agrícola e do país.

No entanto, para alcançar esse nível de produtividade, os produtores de milho do país enfrentam vários desafios. Um deles é fazer o controle de pragas do milho e proteger a lavoura dos danos causados por esses insetos. Caso contrário, o agricultor corre o risco de perder até 100% da sua produção.

Para evitar esse problema, é fundamental conhecer essas pragas e as estratégias de controle mais eficientes para eliminar esses insetos da plantação. Neste artigo, explicaremos as principais pragas do milho, como identificá-las e o que fazer para controlar esses insetos na lavoura.

Quais os principais tipos de pragas do milho?

Segundo dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a cultura do milho pode ser atacada por mais de 20 tipos de pragas diferentes.

Elas podem ser divididas em pragas iniciais do milho, pragas subterrâneas, da parte aérea e da espiga. Dentre essas espécies, algumas se destacam pela frequência que ocorrem na lavoura e os danos causados à produção do milho.

As pragas que se destacam também podem ser divididas em quatro grandes grupos: cigarrinhas, percevejos, lagartas, corós e pulgões. Conheça a seguir as principais características de cada um deles:

1. Cigarrinhas

Existem várias espécies de cigarrinhas que atacam a cultura do milho, como a cigarrinha-das-raízes (Mahanarva fimbriolata), a cigarrinha-das-pastagens (Deois flavopicta) e a cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis).

Desse grupo, a cigarrinha-do-milho se destaca pelo potencial destrutivo da lavoura. Considerada uma das principais pragas do milho, ela pode causar danos diretos e indiretos à lavoura. No entanto, são os danos indiretos que mais causam prejuízos.

Os danos indiretos ocorrem quando a cigarrinha-do-milho atua como vetor do vírus do raiado fino e das bactérias mollicute, responsáveis por causar o enfezamento do milho.

Essas doenças podem causar perdas de até 100% da lavoura, caso a infestação desse inseto-praga não seja controlada da forma correta.

Em entrevista ao programa Impulso Bayer, Braz Hora, gerente de sanidade de plantas, explica as condições que favorecem o crescimento de populações de cigarrinha na lavoura de milho.

“A alta incidência recente desse patógeno deve-se muito a elevadas temperaturas, o que aumenta sua capacidade de reprodução e migração entre áreas e entre regiões. Essas altas temperaturas são associadas ao fenômeno El Niño na região tropical e La Niña na região subtropical”, explica o especialista.

Portanto, fazendas localizadas em regiões quentes são mais suscetíveis ao ataque da praga, especialmente em períodos sob influência dos fenômenos climáticos El Niño e La Niña.

2. Percevejos

Assim como as cigarrinhas, existem várias espécies de percevejos que atacam a cultura do milho.

Dentre elas, as mais conhecidas são o percevejo-marrom (Euchistus heros), o percevejo-castanho (Atarsocoris brachiariae e Scaptocoris castanea) e o percevejo-barriga-verde (Dichelops furcatus e Dichelops melacanthus).

Normalmente, o ataque desses percevejos ocorre nas fases iniciais da cultura do milho, principalmente em lavouras cultivadas em sucessão com a soja. Caso não seja controlada, as infestações dessas pragas podem causar danos severos à lavoura.

Dentre as espécies, o percevejo-barriga verde é o mais perigoso. Considerada uma das principais pragas iniciais do milho, ele ataca principalmente a base do colmo para sugar a seiva das plantas jovens.

Durante esse processo, o inseto injeta toxinas que causam lesões nas folhas dessas plantas.

Os sintomas causados por esse ataque incluem folhas perfuradas com lesões circundadas por halos amarelados, folhas mascadas, encharutamento e o perfilhamento das folhas.

Segundo Crébio José Ávila, pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, o sintoma mais grave causado pelo ataque desse percevejo é o perfilhamento, que torna as plantas improdutivas.

Por isso, infestações do percevejo-barriga-verde podem diminuir de forma considerável a qualidade e a quantidade dos grãos produzidos, afetando a rentabilidade da safra de milho.

3. Lagartas

A lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus), a lagarta-militar (Spodoptera spp.) e a lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) são apenas algumas espécies de lagartas que atacam a cultura do milho.

Desse grupo, a lagarta-do-cartucho é uma das mais temidas. Essa praga encontra condições favoráveis em praticamente todas as regiões de cultivo e pode atacar a lavoura em qualquer estádio de desenvolvimento do milho.

Durante o ataque, essa lagarta raspa a superfície das folhas, deixando um rastro translúcido. Inicialmente, ela pode danificar as plântulas e perfurar o colmo.

À medida que cresce, ela se aloja no cartucho do milho, onde se alimenta das folhas novas e da parte superior do caule. Isso provoca o desenvolvimento de um sintoma conhecido como “coração morto”, que pode causar problemas como murcha, tombamento e até a morte das plantas.

Por conta desses danos, infestações da lagarta-do-cartucho podem falhas nos estandes das plantas e exigir que o produtor invista na ressemeadura. Caso não seja controlada da forma correta, pode reduzir em até 60% a produtividade da lavoura.

4. Corós

Mais comuns no período entre outubro e dezembro, os corós são larvas que se alimentam do sistema radicular das plantas, causando falhas nas linhas de plantio.

Assim como outras pragas do milho, existem várias espécies de corós que atacam a cultura. Os mais conhecidos são o coró-das-pastagens (Diloboderus abderus), coró-da-soja (Phyllophaga cuyabana) e o coró-do-milho (Liogenys suturalis).

As plantas infestadas podem apresentar sintomas relacionados à deficiência nutricional e estresse hídrico, como redução do desenvolvimento, murcha e amarelamento.

Em casos graves, o coró pode causar a morte das plantas. Vale lembrar que esses sintomas podem aparecer em reboleiras e que os danos tendem a ser mais severos quando a praga ataca as plantas mais jovens da lavoura.

5. Pulgão

Existe apenas uma espécie de pulgão que ataca a cultura do milho. Por isso, ele também é conhecido como pulgão-do-milho (Rhopalosiphum maidis).

Com o corpo alongado e coloração amarelo-esverdeada, essa praga normalmente forma colônias no interior dos do cartucho ou no pendão das plantas.

Nesses locais, os insetos sugam a seiva do floema, deixando a planta murcha e sem coloração nas folhas promovendo o surgimento de espigas incompletas ou estéreis.

Durante o ataque, a praga também libera um excremento açucarado na planta, que favorece o desenvolvimento de fungos e a formação de fumagina, uma cobertura fúngica que pode cobrir as folhas, espigas e outras partes da planta.

Essa praga pode ser encontrada em qualquer variedade de milho, o inseto é visto principalmente durante o período de pendoamento da cultura. Contudo, a sua presença nas fases iniciais da lavoura pode representar os maiores danos visíveis na fase reprodutiva.

Como identificar as pragas do milho na lavoura?

A identificação correta das pragas do milho é fundamental para definir quais estratégias de manejo devem ser adotadas na lavoura. Isso porque cada espécie exige métodos específicos de prevenção e controle.

Por esse motivo, a recomendação é começar a investir em diferentes técnicas de monitoramento de pragas antes mesmo do plantio do milho.

O monitoramento pré e pós-plantio ajuda produtor a fazer a identificação precoce de pragas, a calcular a densidade populacional da infestação e identificar o Nível de Dano Econômico (NDE).

Com base nessas informações, ele conseguirá definir estratégias mais eficientes de controle de pragas de milho, melhorar o planejamento agrícola e reduzir os custos com a aplicação de defensivos.

Como fazer o controle de pragas do milho?

Não existe uma técnica 100% eficiente para prevenir infestações e eliminar todas as pragas da lavoura de milho. Em vez de uma medida isolada, a recomendação é investir no chamado Manejo Integrado de Pragas (MIP) em milho.

Essa abordagem exige a combinação de diferentes medidas de controle cultural, genético, biológico e químico. O objetivo é reduzir as condições favoráveis ao desenvolvimento de diferentes pragas agrícolas e aumentar a eficiência da aplicação de defensivos.

As estratégias de MIP recomendadas para o controle de pragas do milho variam conforme a espécie. Por isso, o ideal é fazer um levantamento histórico das pragas que já foram registradas na fazenda e monitorar a ocorrência de surtos na região.

Baseado nessas informações, o produtor conseguirá definir quais as estratégias de MIP mais recomendadas para a sua realidade.

Em geral, essas estratégias incluem o tratamento de sementes, controle de plantas tigueras, manejo de plantas daninhas, dessecação antecipada da lavoura, entre outras medidas.

Além dessas estratégias, é importante investir em híbridos resistentes, como as variedades desenvolvidas com tecnologia Bt.

O controle químico das pragas também continua sendo essencial para reduzir a população de pragas e proteger a lavoura.

Para fazer esse tipo de controle, o produtor deve investir na aplicação de defensivos de alta qualidade, como o CURBIX®, o CONNECT® e o BELT®, inseticidas eficazes no combate de diferentes pragas do milho.

Combinando essas estratégias, o produtor aumenta a proteção da lavoura e aumenta suas chances de garantir uma safra mais produtiva.

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