Perspectivas para o agronegócio: o que esperar do setor nos próximos anos

O agronegócio brasileiro é um setor complexo e altamente lucrativo, sendo responsável por boa parte do crescimento econômico do país. Um dos fatores que explica esse cenário é a sua capacidade de modernização, de acompanhar as tendências e de se preparar para o futuro.

Esse processo de adaptação exige que produtores, empresários e demais interessados conheçam as perspectivas para o agronegócio nos próximos anos. Assim, todos conseguem ajustar suas estratégias para acompanhar o mercado, enfrentar os desafios previstos e aumentar a produtividade da lavoura.

Para demonstrar isso, neste artigo, explicaremos a importância do setor agropecuário para a economia brasileira e apresentaremos as principais projeções para o futuro.

O que é o agronegócio brasileiro?

O agronegócio brasileiro é considerado um dos pilares da economia do país. Além de representar 21,5% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, o setor é responsável por quase metade das exportações brasileiras, consolidando-se como um dos principais players no mercado agro internacional.

O que muitas pessoas desconhecem é que o agronegócio vai além das práticas agrícolas e pecuárias no campo. Ele engloba todas as atividades da cadeia agroindustrial, divididas em quatro segmentos:

• Insumos: envolve a produção de sementes, maquinário, defensivos e fertilizantes;

• Agropecuária básica ou primária: responsável pelo cultivo de plantas e criação de animais no campo;

• Agroindústria: transforma produtos agrícolas e pecuários em alimentos processados, biocombustíveis e outros produtos;

• Agrosserviços: abrange o transporte, armazenamento, comercialização, pesquisa e desenvolvimento, consultoria, entre outras atividades relacionadas ao setor.

Isso significa que o agronegócio é a soma de inúmeras atividades que envolvem, de forma direta ou indireta, toda a cadeia produtiva agrícola e pecuária. Essas atividades incluem desde o preparo do solo até o consumo final, passando por processos industriais e logísticos.

A complexidade e a importância desse setor exigem uma atenção especial para as oportunidades e desafios futuros. O primeiro passo para isso é entender seus números e as perspectivas para o agronegócio nos próximos anos.

Quais os números do agronegócio brasileiro?

Os números do agro brasileiro são impressionantes. O setor passou por uma verdadeira revolução nos últimos 40 anos, tornando-se um dos pilares fundamentais da economia nacional e do desenvolvimento do país.

Um exemplo claro desse crescimento é a produção de grãos. De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em 1975, o Brasil produzia cerca de 38 milhões de toneladas de grãos. Já para a safra 2023/2024, a produção foi estimada em 298,41 milhões de toneladas.

Isso representa um salto de produtividade superior a 500% em cerca de quatro décadas. Além dos grãos, outros segmentos, como a produção de frango, leite e frutas, também apresentaram crescimento significativo.

Esse desenvolvimento reforçou a posição do Brasil no ranking global de produção de alimentos e consolidou o agronegócio como um dos maiores contribuintes para o PIB brasileiro.

Veja mais: As novas projeções para o agro brasileiro nos próximos 10 anos

Quais as projeções para o agronegócio brasileiro?

As tendências do agronegócio brasileiro em 2024 e 2025 indicam diferentes cenários de crescimento e desafios.

Segundo o relatório do Rabobank, o mercado de fertilizantes deve se recuperar, com entregas estimadas entre 43 e 46 milhões de toneladas. Além disso, espera-se uma redução de até 36% nos custos de adubação para culturas como algodão, café, cana-de-açúcar, milho e soja.

A produção de soja em 2024 deve atingir 163 milhões de toneladas, com um aumento de 2,5% na área plantada, mas com margens de lucro menores. Para 2025, o USDA projeta uma safra recorde da oleaginosa, estimada em 169 milhões de toneladas.

Porém, a AgResource Brasil prevê um número mais modesto, de 164 milhões de toneladas, devido às queimadas e aos possíveis impactos do fenômeno La Niña, especialmente no sul do país.

Em relação ao milho, a Rabobank e a USDA projetam que a produção em 2024 alcance 127 milhões de toneladas, com margens mais atraentes em comparação a outras culturas. No entanto, as exportações do grão devem apresentar uma leve queda, podendo chegar a 48 milhões de toneladas.

No setor de cana-de-açúcar, a safra 2024/25 deve alcançar 610 milhões de toneladas, com os preços do açúcar se mantendo elevados, enquanto o etanol enfrenta desafios com preços menos competitivos.

Por fim, a Rabobank também projeta que a produção de café, que foi menor do que o esperado em 2023, deve se recuperar em 2024, com projeções de 40 a 42 milhões de sacas.

Contudo, o fenômeno El Niño pode afetar as safras de 2024/25, especialmente na Ásia e América Central, o que pode pressionar os preços globais do café.

Projeções do agronegócio no Brasil até 2030

Além de estudar projeções para um futuro próximo, diversas instituições têm se dedicado a estimar o desempenho do agro brasileiro para os próximos 10 anos. Afinal, essas informações são importantes para orientar o planejamento do setor até 2030.

Nesse contexto, um dos documentos que merece destaque é o relatório de Projeções do Agronegócio Brasil 2019/20 a 2029/30, publicado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Ele aponta que produtos como carne suína, soja em grão, algodão em pluma, celulose, milho, carne de frango, açúcar e frutas (especialmente manga, maçã e melão) devem se tornar os mais dinâmicos.

Além disso, a expectativa é que a produção nacional de grãos aumente em 67,4 milhões de toneladas em relação à safra 2019/20, atingindo 318,3 milhões de toneladas em 2029/30.

Nos dados das Projeções do Agronegócio Brasil 2020/21 a 2030/31, as estimativas são ainda mais otimistas. A produção de grãos deve alcançar 333 milhões de toneladas, número que representa um aumento de 27,1% em relação à safra 2020/21.

Para atingir esse volume, será necessário expandir a área de plantio em 10 milhões de hectares, chegando a 80,8 milhões de hectares em 2030/31.

A área total de lavouras também deve crescer, passando de 82 milhões para 93,3 milhões de hectares nos próximos 10 anos.

No entanto, para alcançar esses resultados, o apoio de políticas públicas será essencial para a melhora do desempenho. Portanto, investimentos em pesquisa, infraestrutura e financiamento serão fundamentais para dar suporte ao agricultor e permitir o aumento da produção.

Quais oportunidades estão surgindo no setor do agronegócio?

As perspectivas para o agronegócio nos próximos anos abrem diversas oportunidades de investimento, especialmente em áreas ligadas à inovação e digitalização da agricultura.

O mercado de tecnologias agrícolas voltadas para agricultura de precisão, Internet das Coisas (IoT) e outras soluções está em expansão. Isso porque essas ferramentas ajudam a reduzir emissões de gases de efeito estufa (GEE), aumentar a produtividade e melhorar a eficiência operacional das fazendas.

Esses avanços são essenciais para atender a um mercado consumidor em crescimento e cada vez mais preocupado com a sustentabilidade e as mudanças climáticas.

Por isso, implementar práticas sustentáveis não só beneficiam o meio ambiente, mas também aumentam a rentabilidade das propriedades rurais.

Além disso, ao adotar tecnologias que melhoram a eficiência no campo, é possível obter certificações ambientais que agregam valor aos produtos agrícolas.

Essas certificações facilitam o acesso ao mercado de carbono, onde os produtores podem vender créditos gerados por práticas sustentáveis, criando uma nova fonte de receita.

Como a tecnologia está influenciando a evolução do agronegócio?

A tecnologia está revolucionando como a produção agrícola é gerenciada e executada, promovendo transformações profundas. Com a incorporação dessas inovações no campo, a história do agronegócio passou a ser dividida em diferentes eras, cada uma marcada por avanços específicos.

Atualmente, estamos vivenciando a era da Agricultura 4.0, que se destaca pela coleta e análise avançada de dados, além do uso crescente de biotecnologia, telemetria e outras ferramentas.

Esses recursos são fundamentais para aumentar a resistência das culturas e melhorar o monitoramento e gestão das lavouras.

A Agricultura 5.0 já está em desenvolvimento, com tecnologias como IoT, inteligência artificial (IA), big data e robótica sendo adotadas para aumentar a eficiência das operações, a produtividade e ainda reduzir custos.

Esses avanços mostram que as novas tecnologias permitem produzir mais, com maior qualidade e utilizando menos recursos. Isso reforça que o investimento em inovação e ferramentas digitais continua sendo um dos pilares do sucesso do agro brasileiro.

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