Blog do Agro

Pragas iniciais do milho: Desvende-as e saiba como combater

Conhecer os insetos e o manejo ideal é essencial para os bons resultados do produtor em anos de safra com expectativa recorde22 de julho de 2022

Um dos principais fatores para evitar a perda de produtividade da lavoura entre a sua germinação e floração é realizar o controle das pragas iniciais do milho.

Na safra 2021/22, em que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta colheita de 116 milhões de toneladas, com recorde na produção de milho no país após recuperação dos danos da seca e da geada, o produtor não pode correr o risco de perder o seu trabalho.

A seguir, você conhecerá o manejo correto para que elas não se tornem ameaças à sua produção.

Como combater as pragas no milho

O método mais eficaz para combater as pragas iniciais do milho variam de acordo com o tipo de praga que se encontra na lavoura.

Após avaliar o caso, será possível se valer de uma alternativa - ou uma combinação delas - para acabar com as perigosas pragas:

  • Controle químico: utilização de fungicida para pragas iniciais do milho;
  • Controle biológico: adoção de um organismo vivo, como fungos, para controlar e eliminar pragas;
  • Controle cultural: técnicas de preparo do solo, rotação de culturas, aração e gradagem, época de semeadura, entre outros.

Quais são as pragas que atacam o milho

Saber qual inseto come o milho em qualquer uma de suas etapas de desenvolvimento é fundamental para realizar a definição da estratégia de combate, evitando o potencial danoso para alcançar bons resultados na colheita.

No total, mais de 30 pragas figuram entre as que podem comprometer a lavoura em qualquer fase da safra. O manual de identificação de pragas do milho da Embrapa é uma ótima fonte de consulta para o agricultor tirar as suas dúvidas.

O que são pragas iniciais

As pragas iniciais do milho são aquelas que surgem logo após a semeadura, entre as fases de germinação e o surgimento das primeiras folhas do grão. Nesse intervalo, as plantas se tornam mais atrativas para as pragas, uma vez que são jovens e tenras.

Devido a essa fragilidade, é recomendado que o agricultor faça um monitoramento mais criterioso da lavoura, seja no solo, no colmo ou na parte aérea da planta, posições em que as pragas podem atacar.

Entre as pragas iniciais na cultura do milho, existem algumas pragas-chave, ou seja, aquelas mais representativas e que causam mais danos e prejuízos ao produtor.

Larva no milho faz mal?

A presença de larvas é, na maior parte das vezes, prejudicial às sementes, plântulas e raízes do milho. Descubra o manejo adequado para as larvas mais observadas nas lavouras:

Corós

Coró-das-pastagens, coró-da-soja e coró-do-trigo são espécies de larvas de solo que se alimentam de variadas culturas.

As consequências do ataque são percebidas principalmente em reboleiras, com falhas nas linhas de plantio, redução na germinação, plantas amareladas e enfezadas, tombamento, folhas murchas e secas, não-preenchimento dos grãos e plantas mortas.

Danos expressivos ao milho podem ocorrer a partir de 5 corós/m2. A lavoura que já sofreu com o problema no passado deve demarcar as áreas para acompanhar nos anos seguintes. Além disso, a rotação de culturas e o manejo de resíduos reduzem o crescimento populacional do inseto.

O tratamento de sementes é o manejo indicado para eliminar a larva. Revolver o solo também é uma medida para se adotar, deixando os corós expostos aos seus agentes naturais.

Apesar de ser danoso, os corós podem melhorar a capacidade de absorção de água do solo graças a escavação de galerias, e, com a incorporação de matéria orgânica características físicas, químicas e biológicas do solo podem se beneficiar.

Angorá (Astylus variegatus)

A larva-angorá ou vaquinha vive no solo, alimentando-se de sementes, plântulas e raízes. Elas recebem esse nome pois são densamente cobertas por pelos amarronzados.

Quando há uma alta população da praga, sua atividade prejudica a germinação e o desenvolvimento do milho, acarretando perdas de estande, ainda na fase inicial da cultura. Como a fase larval do inseto é longa, demorando quase um ano, pode haver estrago em mais de uma safra do grão.

Há duas soluções para controlar a praga: a aragem do solo, que estimula a morte de larvas e a ação dos predadores naturais, e o controle químico, especialmente quando há histórico de presença da larva. O tratamento de sementes com produtos registrados para a cultura é o mais indicado.

O agricultor deve privilegiar a semeadura em ótimas condições para a germinação. Dessa forma, o processo inicia rapidamente, reduzindo o período disponível para as larvas atacarem a semente.

Larva-alfinete (Diabrotica speciosa)

Tanto os besouros adultos quanto as larvas causam estragos ao cultivo do milho. Os besouros têm coloração verde brilhante, cabeça marrom e três manchas amarelas ovais e medem menos de 1 centímetro. Já as larvas são esbranquiçadas, de até 1 centímetro. A preferência é por terras escuras e ricas em matéria orgânica.

O besouro se alimenta das folhas e estilo-estigma (cabelo do milho), fazendo perfurações e cortes.

Já as larvas consomem as raízes, sendo uma típica praga inicial do milho. A consequência é a redução da sustentação e a absorção de água e nutrientes, deixando a planta com aspecto de deficiência nutricional e tombamento. A praga pode levar a planta à morte.

Para controle dos adultos, armadilhas luminosas com lâmpadas do tipo BLB (ultra-violeta), BL (ultravioleta) e B (azul) são as mais atrativas para capturar machos e fêmeas.

Visando o controle de larvas, a recomendação é o uso de defensivos que persistam no solo entre seis e dez semanas, conferindo proteção no período mais suscetível à praga. Os granulados ou a pulverização no sulco de plantio são os ideais.

Lagartas do milho

Existem três importantes lagartas que afetam as culturas, sendo a lagarta-do-cartucho uma das principais pragas observadas no milho na atualidade. Conheça os controles de pragas no milho indicados para cada espécie:

Lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus)

A lagarta-elasmo é uma praga amarelada ou esverdeada com listras e anéis vermelhos no corpo cabeça marrom, que mede de 1 a 2 centímetros de comprimento.

A presença de uma única lagarta pode causar grandes falhas nas linhas de plantio, pois possuem alta mobilidade, permitindo o acesso ao caule e as folhas das plantas recém-germinadas.

O que caracteriza o ataque desta praga são os abrigos construídos no interior do caule, resultando em enfraquecimento ou a morte da planta devido aos danos no sistema condutor de água e nutrientes da planta.

O ataque é facilmente percebido quando ocorre o chamado “coração morto”: as folhas centrais secam e se destacam facilmente.

O ataque é mais severo na fase inicial da cultura, especialmente se coincidir com o período de estiagem, que é menos favorável para a aplicação de inseticidas no sulco de semeadura, o que dificulta o controle da praga.

O tratamento de sementes com produtos com ação sistêmica e residual é a principal estratégia de manejo a ser adotada.

Lagarta-rosca (Agrotis ipsilon)

A lagarta-rosca tem hábito noturno. Durante o dia, fica abrigada no solo próximo das plantas das quais se alimentam. Quando perturbado, o animal se enrola.

Os prejuízos causados pelas lagartas são mais significativos na fase inicial da cultura, pois as plântulas apresentam menor capacidade de recuperação.

Os ataques ocorrem nas sementes, hastes e folhas que ficam mais próximas do solo. Como consequência, surgem falhas de germinação nas linhas de plantio. Quando a praga corta as plantas rentes ao solo, elas morrem.

Também pode haver “coração morto”, nos casos em que a lagarta se alimenta da parte interna do caule e nas raízes superficiais, formando galerias, além do perfilhamento.

O manejo se dá preferencialmente com a remoção de plantas daninhas na área, além da adição de inimigos naturais, como microhimenópteros e moscas.

Leia Agora: Como conquistar os benefícios de pré-emergentes em lavouras de milho

Lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) ou lagarta da espiga do milho

Conhecida também como lagarta-militar. Geralmente, há somente uma lagarta grande, de até 5 centímetros, por planta, em qualquer fase da cultura, desde a germinação até o ponto de colheita.

A safrinha é o período mais crítico, pois a umidade e temperatura favorecem o desenvolvimento da lagarta.

Inicialmente, o inseto apenas raspa a superfície foliar, deixando um rastro translúcido para trás. Conforme cresce, aloja-se no cartucho do milho e devora as folhas novas e a parte apical do caule.

A ação do inseto prejudica as folhas, que já nascem recortadas, e há presença de detritos no interior do cartucho. Quando as plantas já estão maiores, as lagartas se alimentam também do pendão.

Entre as consequências, estão a murcha, o tombamento e a morte do milho, o que pode reduzir o estande da cultura. Na espiga, além de afetar diretamente o grão, o dano permite a entrada de fungos oportunistas que apodrecem os grãos.

O manejo é feito com o tratamento de sementes nas fases iniciais da cultura. A aplicação de inseticidas sistêmicos pode ser feita quando há boas condições de suprimento de água. No caso de seca, o ideal é reforçar o controle com pulverizações na região do cartucho

Percevejos do milho

Existem dois conhecidos percevejos que atacam os milharais. Vejamos quais são eles e como derrotá-los.

Percevejo-castanho (Scaptocoris castanea)

De coloração castanho claro, essa praga vive no solo úmido e exala um forte odor quando exposto na superfície. Durante as chuvas, o percevejo do milho faz revoada.

Sua alimentação consiste em seiva de raízes de diversas culturas, como o milho, o que causa uma aparência de deficiência nutricional e hídrica na planta. As mais enfraquecidas podem morrer. Os danos nas lavouras são percebidos em reboleiras.

Em alguns casos, são confundidos com deficiência nutricional. Para diferenciar, basta arrancar a planta do solo para saber se há odor típico das glândulas odoríferas dos percevejos.

Percevejo barriga-verde (Dichelops melacanthus)

Mais comum de ser encontrado na região Sul do Brasil, o percevejo era considerado uma praga apenas da soja. No entanto, o plantio em sucessão e a rotação de culturas trouxeram prejuízos ao milho, principalmente na safrinha e no plantio direto

Essa espécie de percevejo do milho pode causar danos às lavouras na fase de ninfa ou quando adulto. Tanto as ninfas quanto os adultos sugam seiva das plantas, atacando principalmente a base do colmo.

O produtor perceberá que a ocorre murcha, seca e perfilhamento, além de plantas dominadas. Em alguns casos, pode haver formação de manchas escuras nos locais da perfuração e as folhas centrais podem ficar enroladas, deformadas e descoloridas.

A aplicação de inseticidas em dessecação é uma solução adequada para casos em que houve população elevada de percevejos na palhada anterior.

Além disso, é possível realizar um tratamento robusto de sementes que contenham neonicotinoides e carbamatos têm sido bastante utilizadas. Se o ataque for grave ou houver reinfestações, pulverizações aéreas poderão ser necessárias quando constatado 0,8 percevejo/m².

Por fim, a eliminação de plantas daninhas que possam abrigar os percevejos, como trapoeraba, capim carrapicho e o capim amargoso deve ser feita durante e depois do estabelecimento da cultura.

Cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis)

Apesar de apresentar poucos milímetros de comprimento, a cigarrinha-do-milho é o principal inseto vetor transmissor das bactérias Mollicutes, que causa o enfezamento pálido e vermelho do milho, e virose do raiado fino.

As ninfas e os adultos dessa espécie sugam a seiva, ao mesmo tempo em que injetam saliva infectada com a bactéria. Com isso, há o enfraquecimento das plantas, encurtamento dos entrenós, baixa na produção e folhas avermelhadas ou com estrias amarelas.

Nas plantas atacadas, também há formação de fumagina na superfície foliar. Trata-se de uma camada escura de fungos que surgem sobre as secreções dos insetos e dificultam a fotossíntese e a respiração vegetal.

As culturas realizadas com variedades de ciclo tardio e durante a safrinha são as mais afetadas.

Como a doença é transmitida de uma planta doente para uma sadia através da cigarrinha, o vazio sanitário e a rotação de cultura podem são aliados no manejo dessa praga.

No entanto, é indicada a utilização de estratégias de manejo integradas. Realizar o tratamento de sementes para proteção inicial da cultura é uma prática fundamental, assim como o tratamento químico na parte aérea do milho.

Veja dicas completas para controlar a cigarrinha do milho na lavoura

Pulgão-do-milho (Rhopalosiphum maidis)

Facilmente reconhecidos pelo grande número de insetos verde-azulados ou pretos em colônias nos pendões, nas folhas, nas espigas ou no interior do cartucho, os pulgões aparecem em culturas com baixa umidade, ventos de baixa velocidade e temperaturas amenas.

Eles alimentam-se da seiva das plantas, o que causa prejuízos para as reservas hídricas e nutricionais, impactando na aparência foliar, que fica com deformações.

Os pulgões também transmitem vírus, como o mosaico, e facilitam a formação da fumagina na plantação.

O manejo se dá com uso de métodos culturais. Evitar o escalonamento de plantio e eliminar plantas hospedeiras, como poáceas, podem se aliar ao manejo natural com a introdução de inimigos naturais, como joaninhas, crisopídeos e vespinhas.

O controle químico geralmente não é necessário, mas, em condições de alta infestação,é recomendado selecionar os pesticidas com auxílio de um especialista para evitar fitotoxidez e falhas de polinização.

Proteção de cultivos

O portfólio da Bayer conta com soluções completas para o manejar corretamente as pragas iniciais do milho.

O destaque é para o tratamento de sementes com o CropStar, que potencializa o controle de pragas, como as larvas, lagartas e cigarrinha-do-milho, proporcionando melhor performance inicial e proteção do potencial produtivo da safra.

exclusivo para usuários logadosArtigos com seus temas de interesseRealize seu login para escolher os temas de seu maior interesse. Você poderá acessá-los a qualquer momento, sem perder de vista nenhum conteúdo de relevância pra você.