O que é preciso saber sobre a cigarrinha do milho
De acordo com a EMBRAPA, o complexo de enfezamento, que é transmitido pela cigarrinha do milho, pode comprometer até 70% da produtividade da lavoura.15 de janeiro de 2024 /// 14 minutos de leituraA cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis) é um inseto minúsculo, que tem chamado a atenção dos agricultores de todo o Brasil nos últimos anos. A praga se destaca das demais por ser o principal vetor das doenças do complexo de enfezamento e raiado fino, os quais impactam drasticamente o rendimento das plantas de milho.
Além de transmitir as doenças, a cigarrinha do milho é um inseto difícil de manejar, tanto por conta de seu tamanho, quanto pela sua capacidade de voar ao primeiro sinal de movimentos bruscos na lavoura.
Para ajudar agricultores e técnicos a evitar perdas por enfezamento na cultura do milho, preparamos este artigo, onde apresentamos o que é preciso saber sobre a cigarrinha do milho:
- Caraterísticas do inseto
- Características do complexo de enfezamento e raiado fino
- Dicas de manejo do inseto
- Quais produtos Bayer podem ser utilizados no manejo do inseto
Conheça a cigarrinha do milho
De acordo com artigo da revista Plantio Direto, publicado por especialistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), a cigarrinha-do-milho é um inseto sugador da ordem Hemiptera e família Cicadellidae.
As principais características físicas da cigarrinha do milho, são:
- Tamanho: 3 a 5 mm de comprimento
- Cor: varia entre verde, amarelo, marrom, e “cor palha”
- Corpo: asas transparentes, forma alongada e espeça, quatro fileiras de espinhos nas pernas posteriores, e duas manchas circulares negras, que podem ser vistas na parte dorsal da cabeça, entre os olhos
A praga se desloca lateralmente sempre que percebe alguma perturbação, e pode ser encontrada com mais frequência no cartucho das plantas de milho.
Para se reproduzir, as ninfas fazem a postura dos ovos próximos a nervura central das folhas da planta de milho. Ainda segundo a revista Plantio Direto, cada fêmea pode ovipositar cerca de 400 a 600 ovos.
O ciclo de vida da cigarrinha, do ovo ao adulto, varia de 15 a 27 dias, de acordo com a temperatura e a umidade do ambiente. Em temperatura de 26ºC, por exemplo, a praga pode viver por cerca de 70 dias na lavoura. De modo geral, quando a praga encontra condições ideais para se desenvolver, ela é capaz de produzir até 6 gerações durante uma única safra.
O milho é a única planta hospedeira para a cigarrinha do milho no Brasil. É nesta cultura que a praga encontra abrigo, alimento e ambiente adequado para se reproduzir. Apesar disso, quando não há milho no campo durante a entressafra, o inseto pode se abrigar em culturas como capim colonião, aveia, trigo, triticale, sorgo, braquiárias e cana-de-açúcar.
Para se alimentar das plantas de milho, a cigarrinha injeta seu estilete e suga a seiva. O impacto físico da picada do inseto é imperceptível, no entanto, é neste momento que ocorrem as transmissões de vírus e bactérias, que podem causar as doenças do complexo de enfezamento e o raiado fino.
É importante lembrar que a cigarrinha do milho não nasce infectada por estes agentes patógenos. Na verdade, o processo acontece dessa forma:
- A cigarrinha pica uma planta já contaminada com alguma das doenças para se alimentar, e se contamina com bactérias ou vírus, ou ambos.
- Na sequência, quando a cigarrinha se alimenta de outra planta de milho, transmite as doenças a partir de seu estilete bucal contaminado.
Os vírus e bactérias que cigarrinha do milho transmite para as plantas, são:
- Bactéria spiroplasma Spiroplasma kunkelli, que causa o enfezamento pálido
- Bactéria fitoplasma Maize bushy stunt phytoplasma, que causa o enfezamento vermelho
- Vírus Maize rayado fino vírus, que causa o raiado fino
Segundo os especialistas da Embrapa, após adquirir os patógenos em plantas doentes, a cigarrinha-do-milho precisa de três a quatro semanas para ser capaz de transmitir os patógenos para as plantas. Depois desse período, o inseto pode se manter em condições de transmitir os vírus e bactérias por até quatro semanas.
Conheça o complexo de enfezamento e o raiado fino
De acordo com a Embrapa, o complexo de enfezamento, que integra as doenças enfezamento pálido e vermelho, e o raiado fino, podem afetar até 70% da produtividade de uma lavoura de milho. Este alto poder de dano é atribuído ao impacto que estas doenças causam na estrutura foliar das plantas, e na forma como afetam o desenvolvimento das espigas.
Ainda segundo a Embrapa, esses patógenos se alojam e colonizam os vasos condutores do milho, e provocam desequilíbrios fisiológicos, hormonais e bioquímicos nas plantas, que dão origem a diversos sintomas.
Os sintomas do enfezamento pálido e vermelho são:
- Manchas cloróticas nas folhas, que começam nas folhas mais velhas e, com o avanço da infecção, passam a ocorrer nas folhas mais novas
- No enfezamento vermelho, as manchas nas folhas são vermelhas, enquanto as manchas do enfezamento pálido são amareladas
- Multiespigamento, sintoma em que as plantas produzem mais de uma espiga no mesmo entrenó
- Má formação de espigas, que geram grãos frouxos e xoxos, ou seja, espigas improdutivas
Além disso, dependendo do nível de infecção das plantas afetadas, os sintomas do complexo de enfezamento podem ser mais agressivos, causando:
- Morte prematura das plantas
- Tombamento das plantas após o florescimento
- Encurtamento de entrenós
- Perfilhamento
Por outro lado, os sintomas do raiado fino são:
- Pontos cloróticos ou linhas-curtas na parte superior das folhas novas no início da infecção
- Formação de riscas com mais de 10 cm de comprimento nas mesmas folhas de acordo com o avanço da infecção
- Plantas com crescimento reduzido
- Aborto de gemas florais
- Produção de espigas e grãos menores
Intensidade dos danos causados pelos enfezamentos e raiado fino
A intensidade dos sintomas do complexo de enfezamento e raiado fino nas plantas pode variar de acordo com o estágio de desenvolvimento da cultura, e com a duração da sucção da seiva pelo inseto.
Segundo publicação da Embrapa na revista Plantio Direto, a duração da sucção do inseto é proporcional a intensidade da infecção na planta. Sendo assim, quanto mais tempo o inseto suga a seiva da planta, maior é o prejuízo causado ao milho.
Quando a planta de milho é picada e infectada ainda nos estágios iniciais, a infecção tende a ser mais agressiva, com potencial para interromper seu desenvolvimento. Por outro lado, quando a planta se encontra em estágios avançados, os danos geralmente são menores, e a produção de grãos não é comprometida.
Em ambos os casos, depois de infectada, não há tecnologia capaz de recuperar as condições químicas, fisiológicas e hormonais da planta.
Prejuízos causados pelo complexo de enfezamento
Levantamentos da Consultoria Agronômica Agricultura Inteligente, apontam que as perdas causadas pelo enfezamento nas lavouras de milho podem estar associadas a redução de produtividade, e ao custo do manejo do inseto.
Para identificar o impacto em produtividade que pode ser causado pelo enfezamento, a consultoria se baseou no estudo de Nelson Sidnei Massola Junior, realizado na Escola Superior de Agricultura Luiza de Queiroz (ESALQ).
O estudo de Massola considera que a cada 1% de incidência de plantas contaminadas em lavouras de híbridos suscetíveis ao enfezamento, ocorre a perda de 0,8% de perdas em produtividade.
A partir deste dado, foi concluído que, uma lavoura que produz até 180 sacos de milho por hectare, pode perder até 144 sacos em caso de 100% de plantas contaminadas. Com o preço atual da saca de milho a R$ 68,21, esta perda corresponde a quase R$ 2.500,00 por hectare.
Manejo da cigarrinha do milho
O manejo integrado de pragas (MIP) é a melhor estratégia para manejar a cigarrinha do milho e evitar perdas por enfezamentos e raiado fino.
É importante que o manejo da cigarrinha do milho seja realizado desde o plantio, até o estágio V8. Em VE, devemos controlar os primeiros adultos, em V4 continuamos o manejo para controlar a pressão do inseto, e em V8, o manejo é voltado para o controle das ninfas, com o objetivo de evitar a reprodução e proliferação da cigarrinha de milho.
De acordo com o “Guia de boas práticas para o manejo dos enfezamentos e da cigarrinha-do-milho”, publicado pela CropLife em parceria com a Embrapa, as principais ações envolvidas no manejo integrado da cigarrinha do milho, são:
- Rotacionar culturas, evitando plantio sucessivo do milho.
- Realizar colheita eficiente, evitando perdas de grãos no transporte.
- Eliminar milho tiguera ou voluntário.
- Rotacionar inseticidas com diferentes modos de ação.
- Evitar plantar milho ao lado de lavouras de milho em estágios avançados, e com plantas afetadas pelo enfezamento.
- Sincronizar o plantio com as demais operações de semeadura na região.
- Adotar híbridos de milho com maior tolerância aos enfezamentos.
- Utilizar sementes certificadas e tratadas com inseticidas registrados.
- Monitorar a presença da cigarrinha entre as fases VE-V8, e aplicar inseticidas registados para reduzir a população.
Além destas boas práticas, é fundamental realizar o manejo nutricional da lavoura com base em análise de solo. O objetivo é fornecer os nutrientes necessários para que a planta suporte ou tolere os sintomas do complexo de enfezamento sem perder sua capacidade produtiva.
Produtos Bayer para o manejo da cigarrinha do milho
A Bayer oferece um leque de soluções para minimizar os impactos causados pela cigarrinha do milho.
Entre as principais ferramentas Bayer de manejo que podem ajudar o agricultor a manejar a cigarrinha do milho, e evitar perdas que podem ser causadas pelo complexo de enfezamento e raiado fino, estão:
- CROPSTAR®
O tratamento de sementes CROPSTAR® integra um inseticida sistêmico do grupo químico dos neonicotinoides (Imidacloprido), associado ao Tiodicarbe, do grupo químico Metil-carbamato, que apresenta amplo espectro de controle e proteção inicial para as lavouras.
- CURBIX®
Inseticida de contato do grupo químico do fenilpirazol (Etiprole), CURBIX® pode ser utilizado após a emergência do milho, com o objetivo de controlar as primeiras cigarrinhas adultas.
- CONNECT®
Quando a planta alcança o estágio V4, o manejo deve ser voltado para as ninfas da cigarrinha do milho, com o objetivo de evitar a postura de ovos e novas gerações do inseto. Esse manejo pode ser realizado com CONNECT® inseticida sistêmico do grupo químico dos neonicotinóides e piretróides.
Para saber mais sobre a cigarrinha do milho, e inclusive ver imagens em boa resolução que mostram as características físicas do inseto, assista ao Impulso Negócios EP.02: