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As melhores estratégias para controlar a podridão das vagens

Entenda o que causa essa doença, os prejuízos que ela provoca no campo e as estratégias de manejo mais eficientes para combatê-la26 de maio de 2023 /// 7 minutos de leitura

Anomalia das vagens e podridão das vagens são os termos usados para um problema que tem causado prejuízos de até 40% em algumas lavouras de soja brasileiras nas últimas safras.  

Essa doença surgiu no país há cerca de quatro anos e ainda é um assunto que costuma confundir os agricultores, seja por conta da identificação ou por causa dos fatores que contribuem para sua ocorrência, entre outros aspectos.  

Além disso, a soja é uma cultura muito importante para o agronegócio brasileiro que, neste ano, deve colher mais de 150 milhões de toneladas do grão. "Eu costumo dizer que a agricultura tem diversos desafios que tiram a renda do produtor: taxas de juros, arrendamento da terra, erros administrativos de gestão da lavoura e, neste caso, estamos falando de pragas e doenças que precisam ser combatidas, ainda mais em uma situação de margens mais apertadas", destaca o professor e especialista em agronegócio Marcos Fava Neves.   

O que é a podridão de grãos ou anomalia das vagens?

Segundo Lucas Cardoso Santos, gerente de marketing de fungicidas na Bayer, o termo anomalia foi um nome genérico dado à doença quando ela surgiu no Brasil, pois não se sabia exatamente do que se tratava. "As pesquisas avançaram e encontramos algumas similaridades em outros países, por isso, passamos a chamar de podridão de grãos ou podridão das vagens. Podemos dizer que anomalia é o apelido e podridão é o nome da doença", explica o profissional.   

Essas pesquisas têm relevado que, na maioria das amostras de soja afetadas pela doença, e que foram analisadas até o momento, há a presença de pelo menos três gêneros de fungo: Colletotrichum, Fusarium e Diaporthe.  "Contudo, vale ressaltar que esses fungos estão presentes na maioria das regiões produtoras de soja no Brasil, independentemente da presença de anomalia. Então, esses resultados não são ainda suficientes para provar cientificamente que esses fungos, ou um deles, está causando o problema", reforça Miller Lehner, Doutor em genética e melhoramento e melhorista de soja na Bayer.  

Contudo, segundo ele, nos Estados Unidos existe uma doença chamada seed decay causada por espécies de fungos do gênero Diaporthe, que provocam sintomas idênticos aos da podridão dos grãos. "Ainda é necessário provar cientificamente se esses três gêneros de fungo ou um deles está causando o problema, mas existem fortes evidências de que a doença pode estar associada ao Diaporthe", complementa Miller.   

Possíveis causas para a doença

De acordo com Ximena Vilela, gerente executiva de desenvolvimento de mercado de fungicidas na Bayer, esses três patógenos são observados há bastante tempo na mesma região onde, atualmente, a podridão das vagens tem provocado prejuízos ao produtor, especificamente no médio-norte do Mato Grosso, que apresenta das condições climáticas favoráveis para o desenvolvimento desses fungos.   

"Há várias citações da seed decay relacionada ao Diaporthena literatura americana, mas aqui está relacionado a esses três fungos. O que a gente imagina, mas ainda não foi comprovado, é que a causa é o Diaporthe e os outros dois (Fusarium e Colletotrichum) entram como oportunistas, são consequências do primeiro", comenta a gerente da Bayer.   

Miller explica também que, nos Estados Unidos, apesar da doença relacionada ao Diaporthe apresentar os mesmos sintomas, ela começa a se manifestar mais perto da maturidade fisiológica da soja. No Brasil, a manifestação ocorre mais cedo, durante o período de enchimento de grãos e, às vezes, desde o início do enchimento, o que pode estar associado às diferenças de ambiente.  

Principais sintomas da podridão de grãos

O principal sintoma da podridão das vagens é o surgimento de manchas de coloração castanha-amarelada nos grãos. Já os sinais externos, muitas vezes, são sutis, por isso, essas manchas são mais difíceis de serem observadas do lado de fora da vagem. "Outro sintoma muito importante dessa doença é o que o produtor chama de 'desmame', quando há um desprendimento da semente de soja do tegumento da vagem. Isso acontece precocemente porque o fluxo de água e compostos fotoassimilados acaba e interrompe o enchimento do grão. O efeito disso será um menor peso de grão, menor produtividade e rentabilidade para o produtor", afirma Miller.   

Lucas destaca também que é importante diferenciar os sintomas da podridão de outras doenças comuns na região, como a antracnose. Segundo ele, há confusão porque são problemas que afetam a vagem da soja. "Inicialmente, conseguimos enxergar bastante diferença, mas quando esse sintoma está muito evoluído, aí já se misturam." Uma das diferenças entre essas doenças, como explica Ximena, é que a antracnose ataca a soja de fora para dentro, enquanto a podridão ataca de dentro para fora.   

Soluções para controle da doença

Pesquisas da fundação MT apontam que a utilização de fungicidas no manejo podem reduzir a incidência da podridão das vagens de 24% para até 4%.  

"Ao contrário das tantas dúvidas que havia na safra passada a respeito de como os fungicidas poderiam contribuir para a redução da podridão das vagens, nesta temporada temos informação suficiente para dizer que esses produtos reduzem, sim, a porcentagem de podridão nas áreas afetadas", afirma Ximena.   

Mas apesar dessa doença estar nos tópicos mais comentados na agricultura, os especialistas reforçam que o produtor não pode perder de vista o complexo de doenças da soja para a escolha de fungicidas com amplo espectro de ação. Nesse sentido, Fox® Xpro e Fox® Supra são soluções da Bayer indicadas para auxiliar o produtor no combate aos problemas que atingem a cultura.   

Para Miller, é consenso entre as empresas privadas e públicas que pesquisam a doença que o manejo com fungicidas tem efeito benéfico no controle, diminuindo a intensidade da podridão das vagens. Outro ponto é o efeito das variedades de soja, já que algumas apresentam mais resistência à doença. Portanto, além do manejo com fungicidas, a escolha das cultivares é outro fator importante para ajudar no controle da doença.   

Melhoramento genético para proteção de cultivos

Atualmente, a Bayer conta com uma estação de pesquisa localizada em Sorriso, MT, onde uma equipe trabalha para o desenvolvimento de estratégias no curto e longo prazo para controle da doença.   

Segundo Miller, a estratégia imediata é implementar ensaios para identificar as cultivares já existentes com melhor performance contra a podridão. "No longo prazo, o plano é selecionar genitores, ou seja, as cultivares que dão início ao programa de melhoramento, que associam alto teto produtivo, mas também uma boa performance contra podridão das vagens", completa.   

Portanto, o uso de sementes certificadas, com qualidade fitossanitária, também são primordiais nesse pacote de soluções para combater a podridão das vagens, além das cultivares de soja, como já foi citado, com destaque para as variedades do portfólio Monsoy.   

"A Monsoy tem oferecido no mercado variedades de soja com baixa proporção de grãos avariados pela anomalia, com destaque para a Monsoy 8220 i2X. Trata-se de uma variedade de ciclo médio, RM 8,2, com 108 a 110 dias de ciclo no Mato Grosso e que tem apresentado excelente qualidade de grãos, baixa proporção de grãos avariados e estabilidade produtiva", frisa Miller.      

Estratégias associadas são essenciais para minimizar riscos

Para Lucas, os produtores devem associar todas essas as estratégias para minimizar os riscos porque não existe uma solução única para essa doença. "Esse problema é novo, assusta, mas já temos dados suficientes para o agricultor poder tomar as melhores decisões. É preciso considerar uma parte da área com cultivares que têm se destacado nesse tema, mas só isso não resolve. É necessário fazer um manejo robusto com fungicidas."  

Ximena cita, ainda, o tratamento de sementes como mais uma ferramenta para reduzir os riscos e reforça a importância do manejo com fungicidas: "Ainda existe um paradigma para o agricultor sobre o que é um investimento ou um gasto. A semente, a tecnologia embarcada e o fertilizante são considerados investimentos, enquanto o fungicida e herbicida são considerados gastos, mas esses produtos vão auxiliar na manutenção do teto produtivo. Quando você coloca ferramentas que não entregam todo o potencial de controle, boa parte do investimento é jogado fora. Por isso, gostaria de deixar essa reflexão de que a manutenção da produtividade também é um investimento", conclui. 

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