Comercialização da sua safra : por que planejar?
Saiba quais são as recomendações de especialistas para comercializar a safra no momento certo e alcançar melhor rentabilidade no campoAs variações de preços das commodities e do dólar, a alta dos insumos agrícolas e a instabilidade econômica provocam muitas incertezas no momento de planejar os custos e comercializar a safra.
Neste último ciclo ainda tivemos um agravante: o clima. Os períodos de seca, a ocorrência de geadas e a mudança no regime de chuvas afetaram diversas culturas, reduzindo o rendimento e a produtividade.
Além de observar os fatores climáticos, os produtores rurais precisam prestar atenção nos aspectos econômicos, oscilações da bolsa de valores e fatores ambientais nos principais países produtores, como conta a especialista em gestão de risco, Roberta Paffaro.
Ainda segundo ela, os pilares da comercialização são a formação de preços; as ferramentas de seguros; o prêmio, ou seja, o preço da cultura na região em que você atua; e o lucro.
Para se proteger de futuras quedas e conseguir aproveitar a valorização dos preços de venda ou compra de matéria-prima com menor custo, também é fundamental entender a movimentação e o desenvolvimento dos diferentes tipos de mercados. Veja quais são eles:
Mercado físico
Mercado físico é a comercialização de um produto físico por dinheiro, sendo a negociação imediata a sua principal característica.
Mercado a termo
No mercado a termo, as negociações sobre o produto são feitas entre vendedor e comprador, com datas futuras de aquisição pré-estabelecidas e preços pré-determinados.
Mercado de Futuros
O mercado de futuros é um compromisso entre as partes para fazer ou receber a entrega de certa quantidade do grão em data determinada no futuro. Nessa modalidade, o preço é traçado pela oferta e demanda, e se baseia no conceito da obrigação, seja do comprador a pagar ou do produtor a vender. Não há a necessidade de entrega efetiva da produção.
Mercado de opções
Por fim, há o mercado de opções onde são negociados direitos de compra e venda com preços e prazos pré-estabelecidos, sem a obrigação de efetuar a operação. Essa alternativa tem alto grau de flexibilidade para a gestão de risco porque o produtor se protege contra cotações desfavoráveis, mas ao mesmo tempo pode aproveitar as perspectivas de alta nos preços para o retorno de seu investimento.
"Utilizem o mercado a favor de vocês, existem várias possibilidades, uma delas é acessando a bolsa. Você pode utilizar contratos futuros e contratos de opções negociados em bolsas de commodities, pode fazer um hedge cambial de grãos e, no caso de insumos agrícolas, gostaria de chamar a atenção para que observem a cotação do dólar. Quando o real valorizar, compre esse insumo para a próxima safra. Olhe um pouco mais adiante e aproveite essas janelas de oportunidades", recomenda Paffaro.
Quem não aproveita essas oportunidades pode pagar um preço alto, como aconteceu com Daniel Sartor, sócio-proprietário da fazenda São Domingos, em Chupinguaia, RO. Ele conta que já teve perda de rentabilidade por não saber operar ou por não ter informações confiáveis e, ainda, por não se preocupar com a agricultura fora da porteira. "Isso é muito importante hoje em dia. Acredito que buscar um profissional faz a gente errar menos. Tivemos exemplo no ano passado, a volatilidade do dólar que veio com a pandemia pegou muitos produtores de surpresa, inclusive eu", relembra.
Isso motivou Sartor a buscar o serviço de consultoria em comercialização de grãos da Agrinvest, oferecido pelo programa Impulso Bayer . "Foi uma grata surpresa achar uma empresa que fala de fertilizantes, dólar, macroeconomia e fornece uma informação sadia e praticamente diária. No momento em que acontece, a gente recebe os alertas, com as notícias já filtradas, que ajudam na tomada de decisão", acrescenta o produtor.
Derivativos agrícolas
Os derivativos agrícolas são instrumentos financeiros utilizados para proteger os preços que podem sofrer grandes oscilações, como comenta o Marcos Araújo, Sócio-Diretor da Agrinvest. Numa atividade agropecuária, são quatro tipos de risco:
- Climático
- Operacional
- Crédito
- Preço
"Nós utilizamos o mercado de derivativos agrícolas para que o produtor garanta a renda, transfira o risco de preço para o mercado, fazendo a gestão da sua atividade", diz Araújo.
Existem diversas operações para comercialização da safra que podem ser benéficas para o produtor se realizadas de forma correta. São elas:
- Barter - consiste na troca dos grãos por insumos. Permite fixar os custos com insumos através das perspectivas de mercado para o preço das safras. "Se você não tiver crédito naquele momento, utilize o barter. Pode ser uma ferramenta extremamente eficaz nesse tipo de negociação para diminuir os custos de produção ou, então, tê-los sob controle para ter uma rentabilidade maior", pontua a especialista em gestão de risco.
- Hedge - ferramenta de proteção do valor dos grãos contra a instabilidade do mercado. "O produtor que vai na bolsa e faz o hedge tem uma atividade do gerenciamento do risco de preço. Quando um produtor rural, por exemplo, vende soja com contrato futuro em bolsa, está transferindo para o mercado o risco de baixa da commodity“, explica o sócio-diretor da Agrinvest.
- Plataformas digitais - nessa modalidade, a comercialização é feita via sites e plataformas de marketplaces.
Como vimos, existem muitas possibilidades para fazer o planejamento de comercialização da safra. Pode ser muito importante também ter uma consultoria de confiança que ofereça uma análise completa do cenário atual, com indicadores que impactam o mundo do agro como clima, câmbio, bolsas nacionais e internacionais, além da oferta e demanda de commodities e cotações.
Ter uma boa gestão dos recursos financeiros é outro ponto essencial para sua rentabilidade e para se proteger ou aproveitar as oscilações do mercado. A dica final do Impulsos Negócios é para que você, produtor rural, busque vender a safra com lucro e obter longevidade na operação.