Refúgio agrícola: o que é e como fazer? Descubra agora!

O refúgio é uma prática que ajuda a evitar que insetos se tornem resistentes às biotecnologias. Saiba mais agora mesmo.

O refúgio agrícola é uma estratégia de manejo da lavoura que ajuda a evitar que insetos se tornem resistentes às biotecnologias de proteção contra pragas de milho, soja, algodão e cana-de-açúcar. Acima de tudo, o refúgio é uma boa prática agronômica que tem como objetivo tornar a produção agrícola mais sustentável e rentável.

As áreas de refúgio são necessárias porque o uso excessivo de inseticidas não seletivos e a ampla adoção de culturas geneticamente modificadas com biotecnologia de proteção contra pragas aumentam o desenvolvimento de populações de insetos resistentes. Como resultado deste processo, as biotecnologias perdem sua eficácia.

O que é resistência de insetos?

O desenvolvimento de resistência de insetos a moléculas ou proteínas acontece naturalmente no ambiente. Este fenômeno pode ocorrer com fungos, que se tornam resistentes a fungicidas, plantas daninhas que se tornam resistentes a herbicidase com insetos, que se tornam resistentes a produtos inseticidas.

Uma espécie de inseto se torna resistentes a inseticidas quando recebe, por um longo período, altas doses de uma mesma molécula ou proteína. Esta repetição de um único produto se torna fator de seleção, que elimina da natureza indivíduos naturalmente tolerantes e deixa viver apenas os insetos naturalmente resistentes.

Quando os insetos resistentes passam a cruzar apenas entre si, dão origem a grandes populações de insetos resistentes ao inseticida que atuou como fator de seleção.

Neste contexto, a finalidade do refúgio agrícola é evitar que os insetos se tornem resistentes à proteína Bt (Bacillus thuringiensis), presente em todas as biotecnologias de proteção contra pragas.

Na prática, o que é o refúgio?

Na prática, o refúgio agrícola é o plantio de áreas com plantas que não apresentam a proteína Bt, próximas de áreas com plantas que carregam a proteína Bt.

O objetivo do refúgio é favorecer o desenvolvimento de insetos naturalmente suscetíveis.

A longo prazo, com o refúgio, os insetos naturalmente tolerantes continuam cruzando com insetos naturalmente suscetíveis, dando origem a populações de insetos que podem ser controlados pela proteína Bt, presente nas plantas com biotecnologia de proteção contra pragas.

Esta estratégia aumenta a longevidade das principais biotecnologias fornecidas para os agricultores, promovendo a produção sustentável e rentável a partir da redução do uso de inseticidas.

Práticas do manejo de resistência de insetos

O manejo de resistência de insetos, também reconhecido pela sigla MRI, engloba ações que ajudam a evitar que um produto inseticida se torne fator de seleção na lavoura.

O plantio de áreas de refúgio agrícola é a principal ação do MRI. No entanto, as demais ações do MRI são conhecidas práticas agronômicas, que também são benéficas para a produção em diversos aspectos. A dessecação antecipada, a adoção de tratamento de sementes, a rotação de princípios ativos inseticidas, a rotação de culturas e o monitoramento de pragas fazem parte desse manejo.

Como montar uma área de refúgio?

O processo de planejamento e execução de área de refúgio agrícola para culturas de milho, soja, algodão e cana-de-açúcar é muito semelhante. Veja no passo a passo como montar uma área de refúgio:

Escolha do talhão
Existem diferentes composições de áreas refúgio agrícola, mas o mais importante é considerar o tamanho total da área da lavoura como referência para delimitar o talhão onde serão cultivadas as plantas que não apresentam a proteína Bt.

O tamanho da área que deve ser destinada ao plantio de refúgio varia de acordo com a cultura.

O tamanho da área de refúgio de milho deve corresponder a 10 % da área total da lavoura. Para implantar o refúgio de soja, algodão e cana-de-açúcar, é preciso destinar 20 % do total da área para o cultivo de plantas não Bt.

É importante que a área de refúgio seja instalada a 800 m de distância da área com plantas que carregam a proteína Bt. Essa distância é fundamental para o cruzamento dos insetos susceptíveis com os não susceptíveis.

Escolha da cultivar
A cultivar destinada para a área de refúgio agrícola não pode expressar o Bt – que confere proteção contra pragas. É necessário escolher variedades convencionais ou Roundup Ready (RR).

É possível cultivar plantas RR no refúgio porque, mesmo sendo geneticamente modificadas, expressam apenas a proteção contra herbicidas à base de glifosato.

Manejo específico para o refúgio
Para que o refúgio seja eficaz, é necessário evitar o uso de inseticidas que apresentem a proteína Bt na área com plantas não Bt. A adoção de produtos seletivos pode ser interessante por permitir o trabalho de agentes biológicos presentes na lavoura. 

O monitoramento da incidência de pragas ou de danos nas plantas também deve acontecer na área de refúgio agrícola para a tomada de decisão sobre o uso de inseticidas.

É importante lembrar que, embora se trate de um cultivo sem biotecnologia, é possível e necessário que a lavoura de refúgio se desenvolva de forma produtiva e gere renda ao agricultor.

Outro ponto relevante sobre a produção em áreas de refúgio é que hoje em dia é possível escolher cultivares que não expressam a tecnologia Bt, mas que apresentam potencial produtivo igual e até superior às plantas com biotecnologia.  

Para saber um pouco mais sobre o refúgio agrícola, assista ao Impulso Minuto no canal do YouTube da Bayer.