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Bicho-mineiro do café: compreenda seus efeitos na agricultura e na economia

O bicho-mineiro do café pode causar perdas de até 87% da produção, afetando diretamente a qualidade dos grãos e o valor de venda da safra
11 de dezembro de 2024 /// 7 minutos de leitura

A cadeia produtiva do café é uma das mais rentáveis e complexas do mundo. Ela envolve desde o cultivo e o beneficiamento dos grãos até a criação de blends sofisticados e a comercialização da bebida ao consumidor final.

Existem vários desafios que precisam ser superados para a manutenção eficiente dessa cadeia. Entre eles, um dos mais importantes é o manejo de pragas que ameaçam a cultura, como o bicho-mineiro do café (BMC).

Segundo um estudo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), as perdas de produtividade causadas por essa praga podem chegar a 87%. Já a desfolha, que compromete a safra subsequente, pode atingir até 75%. Em casos severos, as lavouras podem levar até dois anos para se recuperar plenamente.

Para evitar essas perdas e garantir a sustentabilidade do cafezal, é importante entender como fazer a identificação precoce e o manejo adequado desse inseto. Vamos explicar como identificar o BMC e quais são as melhores estratégias de prevenção e controle do bicho-mineiro do café.

O que é o bicho-mineiro do café?

O bicho-mineiro do café (Leucoptera coffeella) é uma praga que ataca os cafeeiros em diversas regiões produtoras do mundo, especialmente na América do Sul e Central. Ele é classificado como um inseto monófago, ou seja, ataca exclusivamente a cultura do café.

Na fase adulta, o BMC se apresenta como uma pequena mariposa, mas é durante sua fase larval que ele provoca os maiores danos.

O inseto encontra condições ideais para seu desenvolvimento em regiões quentes e secas. Lavouras novas, com maior espaçamento entre as plantas, também são mais vulneráveis a essa praga.

Além disso, práticas como o uso excessivo de inseticidas cúpricos e adubações exageradas com nitrogênio podem favorecer o surgimento de infestações.

Qual o ciclo de vida do bicho-mineiro do café?

O ciclo de vida do bicho-mineiro do café é dividido em quatro estágios principais: ovo, larva, pupa (ou crisálida) e adulto. Esse ciclo completo dura em média 22 dias, mas pode variar dependendo da temperatura, sendo mais curta em climas quentes.

Tudo começa quando as fêmeas adultas depositam seus ovos na parte superior das folhas. Esses ovos são ovalados, de cor esbranquiçada e translúcida, podendo adquirir um tom amarelo-esverdeado próximo da eclosão. A fase de ovo dura cerca de cinco dias.

Após esse período, os ovos eclodem, dando origem às larvas. Essas lagartas apresentam uma coloração esbranquiçada e passam cerca de 12 dias se alimentando do tecido foliar. Isso forma as chamadas “minas” entre as camadas da folha, ou seja, trilhas internas que destroem os tecidos foliares.

Depois disso, as larvas entram na fase de pupa (ou crisálida). Neste estágio, elas se transformam em um casulo, onde passam por mudanças que a levarão à fase adulta. Essa etapa dura aproximadamente cinco dias e termina com o surgimento do inseto adulto.

Os adultos são pequenas mariposas de coloração branco-prateada, com manchas circulares, olhos escuros, antenas longas, pernas com cerdas e asas enrugadas.

As fêmeas podem depositar até 50 ovos por ciclo, permitindo a ocorrência de até 12 gerações em uma única safra, caso a praga não seja controlada.

Quais são os danos causados pelo bicho-mineiro do café?

Os danos causados por essa praga são percebidos somente após a eclosão dos ovos e o surgimento das larvas. A partir desse estágio, é possível observar a formação das minas nas folhas do cafeeiro. Com o avanço da infestação, as minas causam necrose, criando manchas marrons mais evidentes.

Isso pode causar a queda prematura dessas folhas, especialmente nas partes superiores da planta. Em casos graves, o problema pode afetar toda a planta.

Esse processo de desfolha reduz a área foliar disponível para a fotossíntese, comprometendo a saúde geral e sua capacidade de produzir grãos.

As plantas de café atacadas produzem grãos pequenos, chochos e com alteração de sabor, comprometendo a qualidade da bebida — e isso pode impactar a aceitação do produto no mercado.

Por conta desses dados, a presença dessa praga nas lavouras prejudica a reputação do café, reduzindo sua demanda e o valor de venda. A qualidade comprometida também pode afastar consumidores e limitar a competitividade da safra no mercado.

Como identificar o bicho-mineiro em plantações de café?

A identificação do bicho-mineiro do café pode ser feita por meio da observação de sinais característicos do ataque dessa praga. Confira abaixo algumas dicas práticas para reconhecer a presença desse:

Analise as folhas superiores do cafeeiro

Comece observando as folhas mais altas, locais onde as fêmeas do BMC geralmente depositam seus ovos.

Embora sejam difíceis de visualizar a olho nu, você pode usar uma lupa de mão para procurar por pontos esbranquiçados ou amarelados, sinais que podem indicar a presença dos ovos.

Procure por minas nas folhas

Outra forma de identificar é observar se há “minas” nas superfícies das folhas. Elas podem ser identificadas em áreas secas e marrons. Ao tocar ou apertar, essas regiões se dilaceram. Isso é um indicativo importante de infestação ativa.

Observe a ocorrência de queda de folhas

A queda prematura das folhas é um dos principais sinais de infestação de BMC. Isso ocorre porque as larvas causam necroses, reduzindo a capacidade de fotossíntese e enfraquecendo o cafeeiro.

Por isso, se você notar queda de folhas, especialmente na parte superior, investigue a possível presença dessa praga.

Faça o monitoramento regular

O monitoramento de pragas deve ser feito regularmente, com inspeções periódicas ao cafezal. Ele deve ser intensificado durante os períodos críticos de infestação, que ocorrem entre maio e setembro, época que coincide com períodos de estiagem.

Como prevenir e controlar o bicho-mineiro do café?

O manejo do BMC exige a combinação de diferentes estratégias preventivas e de controle com defensivos. Em outras palavras, você precisa adotar a abordagem do Manejo Integrado de Pragas (MIP) para proteger o cafezal dos danos causados por esse inseto.

De acordo com os princípios do MIP, as medidas preventivas criam um ambiente menos favorável ao desenvolvimento da praga e aumentam a resistência do cafeeiro. Essas ações incluem:

  • Adequação do espaçamento: o plantio deve ser feito com linhas mais fechadas, reduzindo a circulação;

  • Poda e limpeza do cafeeiro: mantenha o cafezal limpo, fazendo podas regulares para remover folhas e ramos doentes, diminuindo os locais de abrigo para os insetos;

  • Manejo do solo: adote boas práticas de manejo do solo, garantindo que ele esteja bem adubado e com umidade adequada. Afinal, plantas saudáveis são menos suscetíveis a ataques;

  • Cultivo de variedades resistentes: cultivares como Siriema AS1 e Siriema VC4 apresentam maior resistência ao BMC;

  • Monitoramento da lavoura: inspecione regularmente as folhas e os frutos para detectar a presença. Além de buscar larvas e sinais de infestação, você pode instalar armadilhas delta com feromônios sexuais do BMC a cada 4 hectares para capturar os insetos adultos e monitorar infestações.

Quais são as melhores práticas de manejo para lidar com o bicho-mineiro do café?

Investir em medidas preventivas é importante para garantir o sucesso do controle do bicho-mineiro no café. Isso porque o uso de defensivos tende a aumentar quando não há prevenção, aumentando os custos de produção.

No entanto, mesmo investindo em ações preventivas, as infestações na lavoura podem ocorrer. Caso isso aconteça, você precisa investir no controle químico desse inseto. A aplicação de inseticidas é a solução mais eficaz para controlar infestações ativas.

Para garantir resultados, você deve utilizar apenas produtos registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) seguindo as recomendações de dosagem e aplicação.

Além disso, é importante fazer a rotação de princípios ativos e modos de ação dos inseticidas para reduzir a pressão de seleção de insetos resistentes ou tolerantes aos inseticidas. Isso ajuda a manter a eficácia dos tratamentos ao longo do tempo.

Conheça o Sivanto Prime: o melhor aliado no manejo do bicho-mineiro

O Sivanto Prime é um inseticida sistêmico de contato e de ingestão com ingrediente ativo a Flupyradifurone. O produto foi desenvolvido pela Bayer para manejar insetos em diversas culturas.

No cafeeiro, ele pode ser utilizado para controlar o bicho-mineiro, cochonilha-da-raiz e cochonilha-da-roseta. O produto pode ser aplicado via gotejamento e pulverização foliar. Ele deve ser usado quando o monitoramento identificar 3% de folhas atacadas com larvas vivas do BMC.

Combinando o uso desse inseticida com outras práticas de manejo, você garante um cafezal mais saudável e uma colheita mais produtiva. Aprenda mais sobre o manejo de pragas do café com a Agro Bayer!

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