Principais pragas da cana-de-açúcar
De acordo com a Embrapa, as pragas comprometem cerca de 20% da produção de cana-de-açúcar todos os anos.25 de agosto de 2023 /// 15 minutos de leituraTendo em vista a importância comercial do açúcar, etanol e bioenergia produzidos a partir da cana-de-açúcar, é fundamental conhecer as principais pragas que atacam a cultura. De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), mais de 80 espécies de pragas atacam o canavial, causando redução de até 20% na produção sucroenergética ao redor do planeta todos os anos.
Para minimizar perdas e manter a lucratividade e sustentabilidade do negócio canavieiro, é importante compreender os impactos das principais pragas da cana-de-açúcar, e as estratégias de manejo integrado de pragas mais eficientes.
Pragas da cana-de-açúcar
Entre as várias pragas que atacam a cultura da cana-de-açúcar estão insetos que se alimentam do colmo, da raiz e das folhas das plantas.
Os danos causados por alguns destes insetos podem ser observados imediatamente após o ataque às plantas. No entanto, pragas de solo, como por exemplo besouros e cupins, causam danos que são percebidos apenas após certo tempo, o que dificulta o monitoramento e controle destas espécies.
Conheça agora as principais pragas da cana-de-açúcar:
Broca-da-cana-de-açúcar (Diatraea saccharalis)
Trata-se de uma espécie de lepidóptero, ou seja, uma mariposa, cujas larvas causam danos significativos aos colmos da cana.
As larvas da broca-da-cana-de-açúcar penetram nos colmos da cana, perfurando e se alimentando do tecido interno, onde ocorre o transporte de nutrientes. Essa alimentação compromete a estrutura do colmo e interrompe o fluxo de nutrientes.
Os principais impactos da broca-da-cana-de-açúcar incluem redução da produção de açúcar, quebras de colmo e tombamento de plantas e morte prematura das plantas. Além disso, os ataques da broca podem abrir portas para a entrada de fungos e bactérias, que podem colonizar o canavial com doenças.
Formiga saúva-parda (Atta capiguara)
O principal dano causado pelas formigas cortadeiras saúva-parda é a desfolha das plantas de cana, o que gera uma série de déficits no canavial. Por exemplo, com o ataque massivo às folhas, a planta perde sua capacidade fotossintética, o que reduz bastante a produtividade do canavial.
Outro dando direto causado pela desfolha das plantas de cana é o estresse hídrico. Com menos folhas para realizar a transpiração, a planta pode enfrentar dificuldades para regular a temperatura e conservar água, o que pode causar a murcha ou perda de perfilhos.
Além disso, com a ocorrência de formigas cortadeiras, o canavial produz menos colmos, o que reduz a quantidade de açúcar ou etanol obtidos a partir da cultura.
Cigarrinha-das-raízes (Mahanarva fimbriolata)
Os danos causados pela cigarrinha-das-raízes na cana-de-açúcar acontecem quando o inseto está na fase ninfa, e fase adulta.
Enquanto ninfa, ela perfura e se alimenta das raízes da planta de cana. Neste mesmo ato, o inseto libera toxinas que necrosam tecidos radiculares, dificultando o fluxo de água e nutrientes para a parte aérea das plantas.
Com o dano nas raízes, as plantas têm dificuldade para crescer, produzir, e resistir a estresse hídrico ou doenças.
Na fase adulta, a cigarrinha desenvolve um aparelho bucal do tipo picador-sugador. Com este recurso, seu hábito alimentar muda, e a praga passa a sugar os colmos e a seiva das folhas da cana.
Durante a sucção da seiva pelo colmo, a cigarrinha-das-raízes adulta também contamina a planta com toxinas. Como consequência, ocorre o amarelecimento e murchamento das folhas da cana, sintoma conhecido como “queima da cana-de-açúcar”, que é observado especialmente nas folhas mais novas da planta.
De modo geral, além de tornar as plantas afetadas mais vulneráveis a adversidades no canavial, o ataque da cigarrinha-das-raízes reduz a capacidade fotossintética das plantas, causando redução de produtividade.
Broca-Gigante (Telchin licus)
A "broca-gigante" tem esse nome devido ao seu tamanho relativamente grande em comparação com outras pragas da cana-de-açúcar. Seus ataques reduzem a produtividade do canavial, e podem afetar o processo de colheita.
As fêmeas adultas depositam seus ovos nas regiões das folhas, colmos ou rizomas da cana-de-açúcar. Depois de eclodir, as larvas penetram no interior dos colmos, onde se alimentam do tecido vegetal. Neste processo, fazem galerias internas, causando danos ao colmo.
O hábito alimentar da broca-gigante enfraquece a estrutura do colmo e prejudica a circulação de nutrientes e água, resultando em uma redução da produtividade da cultura. Além disso, o ataque da praga causa quebra e tombamento de colmos, e facilita a entrada de fungos e bactérias que também afetam a cultura.
Broca dos rizomas (Migdolus fryanus)
A broca dos rizomas também conhecida como "Broca-da-cana" ou "Broca-do-rizoma". O inseto se alimenta dos rizomas da cana-de-açúcar. Os rizomas são as partes subterrâneas da planta, onde as fêmeas adultas da praga fazem perfurações e depositam seus ovos dentro das galerias criadas.
Na sequência, as larvas eclodem e se alimentam dos tecidos internos dos rizomas, causando danos como a destruição dos rizomas, tombamento das plantas, e abertura para entrada de patógenos que também afetam o desenvolvimento do canavial.
Os ataques da broca dos rizomas enfraquecem as plantas, que perdem a capacidade de acessar nutriente e água. Como resultado, o canavial perde bastante em produtividade.
Bicudo da cana-de-açúcar (Sphenophorus levis)
Trata-se de uma praga da cultura da cana-de-açúcar que é especialmente prevalente em regiões tropicais e subtropicais.
As fêmeas adultas de bicudo da cana-de-açúcar depositam seus ovos nos entrenós das plantas. Depois de eclodirem, as larvas passam a se alimentar do tecido do interior dos colmos da planta.
Os danos causados pelo bicudo da cana-de-açúcar são a destruição dos colmos, e o enfraquecimento das plantas, que sofrem prejuízo no fluxo de nutrientes e água.
Como consequência dos ataques do bicudo da cana-de-açúcar, ocorre a morte de perfilhos, abertura para a entrada de patógenos, e redução de produtividade das plantas afetadas.
Os prejuízos causados por pragas no canavial podem variar, de acordo com a espécie, e intensidade dos danos.
Ainda segundo a Embrapa, a cada 1% de perdas causadas pela broca-da-cana-de-açúcar em um canavial com produtividade estimada em 80 toneladas por hectare, são perdidos aproximadamente 616 kg de cana, 28 kg de açúcar e 16 litros de álcool. A cigarrinha-da-raíz chega a causar perdas de 11% na produtividade agrícola e 1,5% na produção de açúcar.
Manejo das pragas da cana-de-açúcar
Embora tenhamos apresentado apenas algumas das principais pragas da cana-de-açúcar neste artigo, é necessário reforçar que, para o bom controle de todas elas, a recomendação é o monitoramento constante das lavouras, e a adoção de medidas de controle adequadas.
Com foco na sustentabilidade, rentabilidade e assertividade, é cada vez mais comum a integração de inseticidas químicos e biológicos para a redução de danos causados por insetos na produção de cana-de-açúcar.
Além disso, as boas práticas agrícolas também são fundamentais no manejo de pragas da cana-de-açúcar. Entre as principais ações, estão:
- Rotação de culturas.
- Aração do solo.
- Destruição de restos de cultura.
- Adubação eficiente.
- Adoção do plantio direto e outros sistemas de cultivo.
Quer saber ainda mais sobre manejo de pragas da cana-de-açúcar? Confira o Impulso Negócios E.P 58 do no canal do YouTube Agro Bayer Brasil, e conheça melhor a broca-da-cana-de-açúcar: