Conheça as plantas daninhas que ameaçam sua lavoura de soja
As plantas daninhas da soja podem comprometer até 90% da produtividade da safra, problema que pode ser evitado se o produtor investir em técnicas de manejo integrado.17 de setembro de 2024 /// 6 minutos de leituraControlar as plantas daninhas da soja é fundamental para garantir o desenvolvimento saudável da lavoura e uma safra rentável. Caso contrário, o sojicultor pode registrar uma perda significativa na produção de grãos.
A melhor forma de evitar esse tipo de prejuízo é entender como as plantas invasoras impactam na produção de soja e quais as espécies mais agressivas para o cultivo dessa oleaginosa.
Neste artigo, explicaremos quais são essas plantas daninhas, como controlá-las e o que fazer para proteger a lavoura de infestações. Confira!
O que são plantas daninhas?
As plantas daninhas, também conhecidas como ervas daninhas ou plantas invasoras, são espécies vegetais que crescem em áreas onde não são desejadas. Nesses locais, elas competem por nutrientes, água e luz solar com as plantas cultivadas, prejudicando seu desenvolvimento saudável.
Lavouras de soja infestadas por essas plantas podem apresentar redução da qualidade e quantidade dos grãos, bem como maturação desuniforme, entre outros problemas.
Para se ter uma ideia do impacto dessas plantas na lavoura, estima-se que elas podem levar a redução de até 90% da produção de soja. Esse número reforça a importância de adotar métodos eficientes de manejo e controle de plantas daninhas para proteger a lavoura da oleaginosa.
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Quais são as principais plantas daninhas da soja?
Segundo o Manual de identificação de plantas invasoras na soja, desenvolvido pela Embrapa, já foram catalogadas mais de 50 espécies de plantas daninhas que prejudicam a produtividade da soja.
Desse grupo, pelo menos 5 se destacam pela frequência que aparecem nas lavouras e pelos prejuízos causados às plantações.
Confira abaixo quais as características dessas espécies e por que elas ameaçam a rentabilidade da soja.
1. Buva (Conyza spp.)
A Buva é uma das principais plantas daninhas da soja. Trata-se de uma espécie anual, que pode atingir até 1,5 m de altura e que se desenvolve principalmente durante a primavera e o verão.
Isso porque sua germinação é favorecida pelo solo úmido e pela temperatura entre 20 e 25 °C, mesma faixa de temperatura ideal para a germinação da soja.
No entanto, a buva se destaca mesmo por outras características. Uma delas é a sua grande capacidade de dispersão. Cada planta é capaz de produzir até 200 mil sementes ao longo da vida.
Essas sementes são extremamente leves, se dispersam pelo vento e ainda permanecem viáveis no solo por um bom tempo. Por conta dessas características, as diferentes variedades da planta são consideradas espécies altamente agressivas.
Uma vez disseminada da plantação, a buva interfere diretamente na nutrição da soja. Por isso, sua presença na lavoura, pode reduzir o desenvolvimento da soja e a qualidade dos grãos. Caso não seja controlada, ela pode causar a redução de até 80% da produção da soja.
2. Picão-preto (Bidens spp.)
O Picão-preto é uma das plantas daninhas com as maiores densidades populacionais no Brasil. Essa espécie já foi identificada em várias regiões produtoras e diferentes culturas agrícolas, incluindo a soja.
Um dos fatores que explicam o sucesso da sua disseminação é a sua produção de sementes. Essa planta de ciclo anual produz cerca de 3 mil a 6 mil sementes por exemplar, capazes de se grudarem na pelagem de animais, nas roupas e na pele dos seres humanos ou até mesmo nos maquinários agrícolas.
Suas sementes também possuem um mecanismo de dormência, permitindo que elas permaneçam viáveis no solo por mais de 5 anos. Elas germinam apenas quando encontram condições favoráveis.
Essas condições incluem a disponibilidade de recursos e temperaturas amenas, em torno de 15°C. Ao contrário das demais, elas não precisam de luz solar para germinar, embora isso favoreça seu desenvolvimento.
Caso não seja controlada, a população de picão-preto consome grande parte dos nutrientes aplicados na lavoura. Como resultado, a plantação de soja pode apresentar sintomas de desnutrição, queda da qualidade de grãos e até morte de plantas jovens.
Isso pode levar a diminuição de até 60% da produção de soja. Vale lembrar que essa erva daninha também pode atuar como hospedeira de doenças e pragas, como os nematoides do gênero Meloidogyne.
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3. Capim-amargoso (Digitaria insularis)
O capim-amargoso é outra planta daninha capaz de causar prejuízos significativos à lavoura de soja. Sua presença na plantação pode reduzir em até 40% a produção da oleaginosa. Um dos motivos que explicam esse impacto é o potencial competitivo do capim-amargoso.
A planta apresenta uma estrutura rizomatosa, ou seja, caules subterrâneos que aumentam sua capacidade de absorver recursos e garantir uma boa nutrição.
Por isso, ela apresenta um comportamento agressivo na competição com a soja, que não consegue obter todos os nutrientes necessários para o seu desenvolvimento.
Além dessa característica, o capim-amargoso é uma planta de fácil disseminação, já que cada exemplar pode produzir entre 100.000 e 1.000.000 de sementes.
Essas sementes são dispersadas pelo vento e podem germinar o ano todo, gerando uma planta com folhas alongadas, arquitetura foliar eficaz e rápido desenvolvimento, capaz de alcançar 1,5 m de altura. Tudo isso facilita a disseminação da planta e a infestação da lavoura.
4. Trapoeraba (Commelina spp.)
A trapoeraba é outra planta daninha que causa prejuízos à lavoura por conta do seu potencial competitivo. Ou seja, ela compete com a soja por luz, água, nutrientes e espaço, reduzindo os recursos necessários para o desenvolvimento saudável da oleaginosa.
Além dessa habilidade competitiva, a trapoeraba se destaca pela sua disseminação. Cada exemplar pode produzir até 1600 sementes na parte aérea e subterrânea da planta.
As sementes produzidas na parte aérea são dispersas para novas áreas, facilitando o contágio de novas áreas de cultivo. Já as sementes produzidas nos rizomas na planta auxiliam na permanência da planta na área infestada.
Todas as sementes produzidas ainda possuem um mecanismo de dormência, permanecendo viáveis até encontrarem condições favoráveis ao seu desenvolvimento. Essas condições incluem disponibilidade de recursos e temperatura entre 18 °C e 36 °C.
Normalmente, a trapoeraba se desenvolve no fim do ciclo de cultura da soja, prejudicando o desenvolvimento dos grãos. Além disso, a planta também pode ser hospedeira do percevejo-marrom e nematoide das galhas, que fazem parte do grupo de principais pragas da soja.
5. Amendoim-Bravo (Euphorbia heterophylla)
O amendoim-bravo é uma planta daninha com ciclo de vida anual e uma elevada capacidade de reprodução. Ele libera uma substância leitosa, responsável por proteger a erva de injúrias e ataques externos. Por conta disso, ela também é conhecida como leiteiro.
Além dessa secreção, o amendoim-bravo chama atenção pelo seu processo de disseminação. Cada planta é capaz de produzir até 490 sementes, que são lançadas no ambiente após a explosão do fruto.
Essa explosão ocorre quando o fruto atinge o grau de maturação e se rompe, lançando sementes para várias direções, o que favorece sua disseminação.
Essas sementes permanecem viáveis até encontrarem condições favoráveis ao seu desenvolvimento, como recursos e temperaturas entre 25 °C e 35 °C.
Por ter leiteiro tem um crescimento inicial mais rápido do que a soja, o leiteiro cria um sombreamento que interfere negativamente no desenvolvimento da oleaginosa.
Além disso, a infestação do amendoim-bravo eleva o teor de umidade dos grãos, prejudicando a colheita e o beneficiamento da soja. Essa erva daninha ainda pode ser hospedeira do percevejo-marrom e da mosca branca, pragas que também atacam a lavoura da oleaginosa.
Como fazer o manejo de plantas daninhas na soja?
A melhor forma de proteger a lavoura e evitar os prejuízos mencionados anteriormente é investir no Manejo Integrado de Plantas Daninhas (MIPD), uma abordagem que combina diferentes métodos de controle de plantas invasoras.
Essas medidas incluem rotação de culturas, plantio direto, limpeza de máquinas e equipamentos agrícolas, uso de sementes tratadas e certificadas, cultivo de cultura de cobertura, entre outras práticas.
Além dessas medidas, é fundamental que o produtor invista na rotação e diversificação dos herbicidas aplicados na lavoura. Essa estratégia é necessária para evitar o surgimento de populações de plantas invasoras resistentes e tolerantes aos princípios ativos desses produtos.
Como fazer o controle de plantas invasoras com herbicidas?
Conforme explicado, o agricultor deve investir na aplicação alternada de herbicidas com diferentes mecanismos de ação.
O tratamento com herbicidas residuais, também conhecidos como herbicidas pré-emergentes, é fundamental para garantir a base do manejo químico de plantas invasoras.
Se necessário, esse tratamento pode ser complementado pela aplicação de herbicidas pós-emergentes, prática que favorece a prevenção de infestações de ervas daninhas.
A escolha dos herbicidas utilizados da lavoura depende da identificação correta da planta daninha encontrada na lavoura. Por isso, o sucesso do manejo químico exige o monitoramento constante da plantação.
Esse monitoramento deve ser feito com o apoio de inspeções in loco e com o auxílio de tecnologias, como softwares agrícolas capazes de integrar os dados da lavoura e auxiliar no rastreio de anormalidades na plantação.
Seguindo essas dicas de manejo, controlar e proteger a lavoura de infestações de plantas daninhas fica mais fácil.
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