Percevejos da soja: saiba quais são as causas e como acabar com essa praga

Conhecida como 'ouro verde', a soja no Brasil está sob a ameaça dos percevejos, pragas silenciosas que ameaçam a produtividade e a rentabilidade dos agricultores.

Esses pequenos insetos sugadores, muitas vezes negligenciados, podem causar grandes estragos na lavoura, resultando em perdas significativas na colheita.

Explore estratégias eficazes para identificar, monitorar e erradicar percevejos da soja, transformando esses desafios em oportunidades para, significativamente, aumentar a produtividade e a rentabilidade de sua lavoura.

Como identificar os percevejos da soja?

Para proteger sua lavoura, é fundamental conhecer as principais espécies de insetos que podem atacá-la. Cada uma possui características distintas, facilitando sua identificação e o controle adequado.

Percevejo marrom (Euschistus heros)

• Tamanho: adulto mede cerca de 1,5 cm de comprimento.

• Cor: marrom, com manchas claras no dorso e uma faixa amarelada na parte posterior.

• Características: possui um formato ovalado e antenas longas (característica comum as demais espécies, exceto o barriga-verde). É a espécie mais comum e prejudicial para a soja.

Percevejo verde (Nezara viridula)

• Tamanho: um adulto tem aproximadamente 1,5 cm de comprimento.

• Cor: verde brilhante, com pequenas manchas brancas no dorso.

• Características: é uma espécie polífaga, ou seja, se alimenta de diversas plantas, incluindo a soja.

Percevejo verde-pequeno (Piezodorus guildinii)

• Tamanho: adulto mede por volta de 1 cm de comprimento.

• Cor: verde-claro, com uma listra branca no meio do dorso.

• Características: é uma espécie que causa danos semelhantes ao percevejo verde, porém com maior intensidade.

Percevejo barriga-verde (Dichelops melacanthus)

• Tamanho: adulto mede em torno de 1 cm de comprimento.

• Cor: marrom escuro, com o abdômen verde.

• Características: possui antenas curtas (diferente dos demais) e abdômen verde. É uma espécie que se alimenta principalmente das folhas da soja, causando prejuízos no desenvolvimento da planta.

Por que os percevejos atacam a soja?

Entenda os principais motivos para essas pragas atacarem a safra de soja.

Condições climáticas e alimentares favoráveis

Temperaturas elevadas, umidade relativa do ar alta e a disponibilidade de alimento abundante (ou em plantas hospedeiras alternativas, como a braquiária e o milho) são fatores cruciais para a proliferação dessa praga.

Em períodos de seca, a combinação de temperaturas elevadas, alta umidade e abundância de alimento favorece não apenas a reprodução e o aumento populacional dos insetos, mas também sua migração, intensificando assim a infestação.

Manejo inadequado da cultura

Práticas de manejo inadequadas, como a falta de rotação de culturas e a ausência de monitoramento, podem favorecer o desenvolvimento de resistência deles aos produtos químicos e aumentar a pressão da praga na lavoura. O plantio de cultivares suscetíveis e a semeadura em épocas inadequadas também contribuem para o aumento de sua população.

Ausência de inimigos naturais

A redução da população de inimigos naturais, como vespas parasitoides e outros insetos predadores, devido ao uso indiscriminado de inseticidas e à destruição de habitats naturais, pode levar ao desequilíbrio ecológico e favorecer a proliferação dessas pragas na soja.

Quais os prejuízos causados pelos percevejos na soja?

• Grãos atacados perdem qualidade, com menor teor de óleo e proteína, além de ficarem manchados e depreciados.

• Plantas danificadas amadurecem de forma irregular, dificultando a colheita.

• Atuando como vetores, eles transmitem patógenos causadores de doenças devastadoras como a podridão da haste e a mancha foliar, comprometendo drasticamente tanto a saúde da planta quanto a viabilidade econômica da lavoura.

• O manejo eficaz requer investimentos em estratégias de controle integrado, elevando assim os custos de produção.

Como controlar os percevejos da soja?

Existem formas de controlar os percevejos e proteger sua lavoura. Veja como fazer isso!

Métodos químicos

Inseticidas são importantes no controle de altas infestações, mas utilize produtos registrados e siga as recomendações do fabricante. A rotação de ingredientes ativos e o uso de misturas previnem a resistência.

Controle biológico

O controle biológico, através do emprego de vespas parasitoides e predadores, se mostra uma estratégia sustentável contra as espécies que ameaçam a soja.

Esta ação minimiza o impacto ambiental, sendo reforçada pela preservação de áreas de refúgio e pela liberação intencional de agentes biológicos, melhorando a eficácia do controle.

Práticas culturais

As práticas culturais são medidas preventivas fundamentais que não só reduzem a população desses insetos, mas também desencorajam seu desenvolvimento ao tornar a lavoura menos hospitaleira.

• Destruição de restos culturais: eliminar as plantas voluntárias e os restos de cultura da soja após a colheita reduz a disponibilidade de alimento e abrigo para os insetos.

• Plantio de cultivares resistentes: optar por cultivares com maior tolerância a eles pode ajudar a minimizar os danos causados.

• Monitoramento constante: realizar o monitoramento regular para identificar a presença dessas pragas e adotar medidas de controle antes que a infestação se torne severa.

Princípios do MIP aplicados aos percevejos da soja

O Manejo Integrado de Pragas (MIP) controla de forma eficiente e sustentável, reduzindo impactos adversos ao meio ambiente e à saúde humana. O MIP combina diferentes métodos de controle, buscando o equilíbrio entre a proteção da lavoura e a preservação do ecossistema.

Nível de Dano Econômico (NDE)

O NDE é um conceito fundamental no MIP. Ele representa o ponto onde a população de percevejos atinge um nível que justifica a intervenção com medidas de controle.

Em outras palavras, é o momento em que o custo se torna menor do que o prejuízo econômico causado pela praga. O NDE varia conforme a fase de desenvolvimento da soja, a espécie de percevejo e o preço da soja no mercado.

Controle químico

É fundamental utilizar produtos registrados, seguir as recomendações do fabricante e respeitar o período de carência para evitar a contaminação dos grãos. A rotação de ingredientes ativos e o uso de misturas de produtos podem ajudar a prevenir o desenvolvimento de resistência dos insetos aos inseticidas.

Esse tipo de infestação é um desafio para os produtores, mas com conhecimento e as estratégias certas, é possível proteger sua lavoura e garantir uma colheita abundante.

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