Manejo de pragas na entressafra

O Manejo Integrado de Pragas (MIP) é fundamental para a sustentabilidade de qualquer lavoura. De acordo com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), o MIP é a junção de todas as principais táticas de controle com o objetivo de reduzir a população de insetos prejudiciais na lavoura e mantê-la abaixo do nível de dano econômico.

O MIP deve ser realizado durante a safra e, inclusive, na Entressafra. Quando há Culturas De Cobertura instaladas na lavoura, esse trabalho é ainda mais importante.

Não realizar um bom controle de pragas na cultura de cobertura acaba reduzindo o benefício das plantas de cobertura e pode impactar negativamente os estágios iniciais da cultura subsequente.

Para evitar alta pressão de pragas após o plantio de culturas como soja, milho, e algodão, saiba quais são as pragas que devem ser monitoradas e manejadas durante a entressafra.

Pragas para monitorar em culturas de cobertura

Entre as pragas que devem ser monitoradas durante a entressafra em culturas de cobertura estão as lagartas do complexo de Spodoptera e helicoverpa e os insetos sugadores, como percevejos, tripes e a cigarrinha-do-milho.

Todos estes insetos são capazes de sobreviver na entressafra utilizando a cultura de cobertura como ponte verde. Além disso, são pragas que podem dispersar facilmente entre lavouras de plantio escalonado, dificultando ainda mais o manejo quando se encontram em populações elevadas.

Complexo de Spodoptera

O Complexo De Spodoptera integra as lagartas Spodoptera frugiperda, conhecida como lagarta-do-cartucho, Spodoptera cosmioides e Spodoptera eridania. Ambas as lagartas podem se alimentar de plantas de milho, soja ou algodão.

Ao menos na cultura do milho e da soja, seus impactos são nocivos desde a germinação até estágios avançados da lavoura. Após a emergência das plântulas, elas podem cortar o caule da planta atacada, o que reduz irreversivelmente o estande de plantas da cultura.

Além disso, em estágios avançados, essas lagartas se alimentam da área foliar das plantas. Na soja, os ataques podem migrar para vagens e flores.

Especificamente na cultura do milho, os danos podem partir das folhas para a espiga e favorecer a entrada de doenças que afetam a granação do milho. A lagarta-do-cartucho é considerada uma das principais pragas do milho por conta de seu potencial de prejuízo econômico, que, segundo a Agro-Precision, Costuma Ser De 22%, Mas Pode Chegar A 60%.

Helicoverpa armigera

A lagarta Helicoverpa armigera é uma preocupação recorrente em cultivos de soja e algodão por conta de seu enorme potencial de dano. A praga se alimenta de partes vegetativas e reprodutivas das culturas, o que inviabiliza o desenvolvimento e, consequentemente, reduz a produtividade da lavoura.

A Helicoverpa também chama a atenção por possuir um ciclo curto – de aproximadamente 30 dias, o que contribui para a ocorrência de infestação da praga. Além disso, a lagarta consegue dispersar por grandes distâncias à procura de alimento.

Mas o que justifica ainda mais a importância do seu manejo em culturas de cobertura é sua capacidade elevada de adaptação às condições adversas, como excesso de calor, frio ou seca. A lagarta também pode utilizar culturas de cobertura como hospedeiras.

Segundo a Embrapa, estima-se que a perda mundial causada por lagartas de H. armigera nas diferentes culturas em que ataca, chega anualmente a 5 bilhões de dólares.

Percevejos

Os Percevejos Mais Importantes Para As Culturas Do Milho e da Soja são o percevejo-marrom (Euschistus heros), percevejo barriga-verde (Dichelops melacanthus), percevejo castanho (Scaptocoris castanea), percevejo gaúcho (Leptoglossus zonatus), percevejo verde (Nezara viridula) e percevejo verde-pequeno (Piezodorus guildinii).

Estas pragas podem atacar ambas as culturas durante a fase inicial e ao longo da safra. Os principais danos causados são a Redução De Estande Inicial, quando se alimentam das plantas logo após a emergência, e redução de produtividade.

No milho, os percevejos podem causar a murcha das folhas, o secamento da planta e má formação de grãos, além da morte da planta. Na soja, os danos de percevejo podem resultar no abortamento de vagens e grãos, vagens falhadas, e grãos chochos, com perdas de peso e qualidade.

Cigarrinha-do-milho

A Cigarrinha Do Milho (Dalbulus maidis) é a praga do momento quando o assunto é manejo integrado de pragas no milho. O inseto é vetor do Complexo de Enfezamento, doença que pode causar até 70% De Perdas De Produtividade Na Cultura.

O maior desafio no manejo desta praga é justamente evitar que ela tenha onde se alimentar e se reproduzir entre uma safra e outra. Neste contexto, monitorar a cultura de cobertura e realizar o manejo assim que a praga for identificada é extremamente importante para evitar prejuízos locais e regionais.

Tripes

A Tripes (Thysanoptera) é um inseto minúsculo, que mede de 1 a 3mm, e que possui aparelho bucal sugador formado por três estiletes. Esta praga se alimenta de diferentes culturas, como alface, algodão, berinjela, cacau, jiló, manga, melancia, pimenta, quiabo, seriguela, soja, tomate e uva.

O ataque das tripes nos frutos pode impedir o seu desenvolvimento. A picada do inseto pode facilitar a entrada de agentes patogênicos nas plantas. Exemplos de impactos causados por este inseto são as viroses vira-cabeça do tomateiro e queima-do-broto da soja, que são transmitidas por tripes.

Quando não é manejada adequadamente durante a entressafra, a tripes se aloja na palhada e lá se mantém até o plantio da cultura subsequente. Especialmente em anos de estresse hídrico, essa praga pode reduzir o estande inicial do algodão e da soja e tem potencial para afetar o crescimento das plantas após a germinação.

O MIP em culturas de cobertura

O conceito de MIP em culturas de cobertura é o mesmo aplicado em qualquer outra cultura de interesse comercial. O foco é se antecipar em relação aos desafios de manejo com práticas e estratégias inteligentes.

Tratando especificamente da cultura de cobertura, a atenção deve se voltar para as fases vegetativas, reprodutivas e pós-colheita.

Durante o desenvolvimento das plantas, o monitoramento deve considerar o Nível de Dano Econômico (NDE) e o Nível de Controle (NC) a partir da amostragem de pragas. Ao identificar os insetos, o manejo deve ser realizado com inseticidas químicos ou biológicos registrados para a cultura em questão.

Após a colheita - em caso de produção para comercialização -, ou após a dessecação para produção de massa verde para o plantio direto, o monitoramento deve continuar. Se necessário, a cultura de cobertura deve ser dessecada utilizando herbicidas em mistura com inseticidas.

O objetivo é reduzir ao máximo a pressão de pragas para a cultura subsequente, evitando plantas vivas para alimentar pragas, e multiplicação dos insetos na palhada.

Para saber mais sobre manejo de pragas em culturas de cobertura, entre em contato com um representante Bayer em sua região ou procure um engenheiro agrônomo de confiança.

Fonte: Ag.In.