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Importância do controle de percevejos na transição soja-milho

Entenda como a alta pressão de percevejos aliado ao manejo inadequado na transição soja-milho pode prejudicar a lavoura17 de julho de 2022

O percevejo é considerado umas das principais pragas do milho e da soja. Como esse inseto pode migrar de lavouras de soja para as lavouras de milho, ou presentes na mesma área de cultivo, é na transição soja-milho que acontecem mais danos.

Os percevejos são pragas que merecem destaque quando o assunto é a plantação de grãos como milho, soja e feijão. Isso se deve a capacidade dele de atacar esses alimentos em todas as fases. Além disso, os danos diretos e indiretos variam e, às vezes, são vistos só na fase final.

Por esses motivos, deve haver um direcionamento quanto ao manejo na fase de transição soja-milho para que ambas as plantações não sejam afetadas.

Quais os percevejos que atacam a soja e o milho?

O percevejo-barriga-verde (Dichelops melacanthus e Dichelops furcatus) já é considerado uma das principais pragas de milho em algumas regiões do Brasil. A população dessa praga cresce na fase final do desenvolvimento da cultura da soja (R7 ou R8), logo antes da transição soja-milho.

Por isso, não causa grandes problemas na soja, o que faz com que o controle nesse momento seja negligenciado frequentemente. Entretanto, o ideal é que esse percevejo seja monitorado durante todo o período reprodutivo da soja. Assim, os dados gerados juntamente com as informações sobre a presença de outros percevejos sugadores será a base para a tomada de decisão de controle do produtor.

Já o percevejo-marrom é visto como a praga-chave da soja. Ele ataca as vagens ainda em desenvolvimento, sugando-as principalmente na fase de “canivetinho” (R3) até o final do enchimento de grãos (R6).

Porém, o grande número de populações que ocorrem no final do verão acabam atacando a cultura do milho durante o início do desenvolvimento devido à transição soja-milho. Mesmo assim, o maior risco de danos é no milho semeado antes desse momento, por volta de fevereiro. Isso porque é nesse período que o percevejo-marrom ainda está muito ativo.

No milho, o percevejo-marrom costuma ser menos prejudicial quando comparado ao percevejo barriga-verde. Apesar de ficarem nas folhas dessa planta, não causam danos à vegetação.

Além dessa presença dos percevejos no milho, é importante monitorar o comportamento desses insetos. Essa atenção se deve ao fato de que, em alguns casos, o percevejo-marrom pode atacar o colmo do milho, seguindo o hábito do percevejo barriga-verde. Dessa forma, os danos causados tornam-se parecidos. A planta pode até morrer ou reduzir ao estande inicial.

Danos causados pelos percevejos na soja e no milho

Os danos no milho podem variar de leves a severos. Danos leves envolvem perfurações simétricas no limbo foliar, que possibilitam o impacto , posteriormente, na quebra de folhas. Da mesma forma, a redução de área foliar, menor crescimento de plantas e redução de produtividade completam a lista.

Já os danos severos podem causar murchamento das folhas centrais, conhecido como “coração morto”, o qual pode levar à morte de plantas ainda jovens. As toxinas injetadas na planta em sua fase inicial de crescimento poderão implicar em plantas subdesenvolvidas. Também causam perfilhamento, plantas sem espigas, problemas na polinização e consequente baixa produtividade, resultando em grandes perdas para o agricultor.

De maneira idêntica, os danos na soja remetem muito à parte de semeadura. Entre os danos diretos, estão desde a inviabilização total da semente até a redução do potencial germinativo dela. Já os indiretos podem ser a transmissão de doenças por fungos e a indução de um distúrbio fisiológico que afeta a maturação normal das plantas. Em ambos os casos, o resultado é prejuízo.

Assim, na transição soja-milho, os percevejos causam dano tanto nos grãos de soja na safra de verão quanto nos de milho na safrinha. Essa praga suga as plântulas recém-emergidas, tornando-se o principal problema nessas culturas. Dessa forma, monitorar e controlar esses insetos é primordial para garantir a produtividade da lavoura.

Monitoramento na transição soja-milho

O monitoramento de percevejos na transição soja-milho é a chave para o sucesso do controle. Esse processo deve ser minucioso e sistemático para evitar erros. Isso porque, diferentemente dos danos causados por lagartas, os danos de percevejos só são identificados no milho dias após o início do seu ataque.

O monitoramento precisa iniciar ainda na cultura da soja. Isso porque o final desse ciclo exige atenção para identificar a necessidade de intervir o quanto antes, evitando uma grande infestação.

Outra recomendação é permanecer com o monitoramento no intervalo entre a colheita da soja e a emergência do milho. Nesse ínterim, os percevejos podem ficar escondidos na palhada, abrigados em plantas daninhas. Dessa forma, mesmo depois da emergência do milho, podem ficar protegidos junto ao colmo desse grão .

A população de percevejos têm chegado cada vez mais cedo nas lavouras de soja e milho. Assim, o monitoramento e a captação de dados é essencial para que o produtor tome as decisões corretas.

Um exemplo de atitude tomada sem análise prévia da praga e sem seguir as recomendações técnicas é o uso excessivo de inseticidas. Muitas vezes, não há resultados satisfatórios, ao contrário, o problema se agrava e os gastos do produtor aumentam.

Controle na transição soja-milho

Alguns hábitos da praga são desafios para o controle, como o fato de se esconderem na palhada. Há uma grande dificuldade das gotas de pulverização atingirem o alvo, principalmente na utilização de produtos de contato. O monitoramento na palhada e de ovos nas folhas também é importante para a tomada de decisão e para controlar os percevejos que atacam o milho.

Devido aos elevados danos e as dificuldades de controle do percevejo-barriga-verde, é recomendável que o milho seja implantado na menor infestação possível da praga no campo. Assim, sendo detectada a presença dessa praga na área, o manejo deve iniciar ainda na soja. Dessa forma, há a redução da população.

Posteriormente, o manejo deve ser feito nos estágios iniciais do milho. A eliminação de plantas daninhas hospedeiras que servem de abrigo é fundamental nesse processo de controle, como a trapoeraba, capim carrapicho e o capim amargoso.

Do mesmo modo, deve-se usar inseticidas em tratamento de sementes no milho . A presença de neonicotinoides nesse procedimento é importante devido a eficiente ação sobre os percevejos e ao efeito residual, que protegem a planta por mais tempo.

No entanto, em regiões de alta pressão, o tratamento de sementes deve ser complementado com pulverização foliar. O monitoramento deverá ser constante e, detectada a presença da praga, deverão ser utilizadas aplicações de inseticidas em parte aérea do milho.

O nível de controle estabelecido para o milho é de um percevejo a cada 10 plantas amostradas na linha e em sequência, revolvendo a palhada os através dos sintomas nas plantas.

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Fonte
Soja de verão: alerta de cuidado à pressão de percevejos - AgroLink
Controle de percevejos em soja e milho - Revista Cultivar
Percevejos em soja - Revista Cultivar
Percevejos e o sistema de produção soja-milho - Embrapa

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