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Como funcionam as diamidas?

As diamidas são inseticidas com mecanismo de ação diferenciado que têm tido sucesso no manejo de importantes pragas em grandes cultivos.25 de julho de 2022
Diamidas como funcionam os inseticidas


Dos inseticidas que podem ser utilizados dentro de uma estratégia de controle de pragas, as diamidas se destacam por apresentarem um modo de ação diferenciado e relativamente novo.

As diamidas provocam alterações na contração muscular dos insetos, o que provoca problemas como parada alimentar, paralisia e morte.

Dessa forma, esse tipo de inseticida tem sido considerado um recurso eficiente para combater diversas pragas que atingem as principais culturas do país.

No entanto, apesar de sua eficiência, inseticidas à base de diamidas ainda tem um preço elevado em comparação às outras opções disponíveis no mercado.

Diante disso, muitos agricultores se perguntam: será que vale a pena investir nesse inseticida?

Para responder essa pergunta, você precisa conhecer o mecanismo de ação das diamidas, como se diferencia dos outros inseticidas e em quais situações você pode utilizar esse defensivo.


O que são diamidas?

As diamidas possuem ação neuromuscular e são classificados pelo IRAC (Insecticide Resistance Action Committee) como inseticidas do grupo 28.

São classificados dessa forma por causa do seu mecanismo de ação. As diamidas ativam seletivamente os receptores rianodina (RyR) dos insetos, responsáveis pela liberação de cálcio dentro das células.

Como consequência desse excesso de cálcio, ocorre a alteração do funcionamento normal das contrações musculares dos insetos, o que pode levá-los à morte.

Porém, antes de adquirir esse defensivo, é importante lembrar que existem 3 diferentes tipos de inseticidas à base de diamidas.

O primeiro deles é a flubendiamida, que é uma diamida de ácido ftálico desenvolvido pela Bayer em 2007.

No ano seguinte, o inseticida composto por clorantraniliprole, substância à base de diamida antranílica, chegou ao mercado.

Em 2012, a última versão do inseticida, dessa vez à base de ciantraniliprole, que é uma diamida de segunda geração, começou a ser utilizada.

Embora as estruturas químicas dessas substâncias sejam diferentes, todas alteram o funcionamento dos receptores rianodina.

Para ilustrar como esse tipo de defensiva funciona na prática, vamos utilizar como exemplo o inseticida à base de flubendiamida, que é a opção mais utilizada pelos agricultores.


Como atuam as diamidas?

Para entender como a flubendiamida age na célula, primeiro é necessário lembrar como é o funcionamento normal das células.


O inseto antes do contato com o inseticida

Em todos os animais, assim como nos seres humanos, as células são envolvidas por uma espécie de película, chamada de membrana plasmática.

Essa membrana é repleta de canais, chamados de canais de íons, que controlam a entrada e saída de substância, como sódio, cloro e cálcio, das células.

O controle é realizado através das chamadas moléculas neurotransmissoras, como o glutamato, que é o neurotransmissor responsável pela contração muscular nos insetos.

Quando o sistema nervoso do inseto é estimulado, ele libera moléculas de glutamato que ativam os canais de íons na membrana celular.

De forma resumida, isso ativa a entrada de íons de sódio (Na+) na célula, ativando os canais de cálcio na membrana. Como consequência, os íons de cálcio (Ca+) conseguem entrar na célula e ativar os receptores de rianodina (RyR), localizadas dentro do retículo sarcoplasmático.

Nesse momento, ocorre uma reação em cadeia. Quanto mais receptores são ativados, mais íons de cálcio são liberados no meio celular.

Em seguida, esses íons se ligam aos filamentos musculares, provocando sua contração. O processo só acaba quando as proteínas enviam os íons de cálcio para fora da célula.

Mas esse é o processo natural de contração muscular que ocorre no inseto. O que acontece quando as moléculas de diamidas entram no seu corpo? Entenda abaixo!


O que acontece com o inseto após a aplicação do inseticida à base de diamida?

O produto a base de flubendiamida é considerado um inseticida não sistêmico, de contato e ingestão.

Ele é classificado como não sistêmico porque só pode ser absorvido quando aplicado diretamente nos insetos, isto é, não podem ser absorvidos a partir da seiva de plantas atingidas pelo produto.

Além disso, esse defensivo é classificado como um inseticida de contato, porque sua absorção ocorre a partir do contato da substância com o corpo do inseto, e de ingestão, por ser absorvido pelo intestino.

Em função disso, após o produto ser aplicado, ele é absorvido ou ingerido pelo inseto. Dessa forma, as moléculas de flubendiamida se ligam ao conjunto de fibras musculares, ativando o os receptores de rianodina (RyR), que liberam cálcio do retículo sarcoplasmático no citoplasma.

Essa ativação induz a produção excessiva de cálcio, provocando contrações musculares ininterruptas. Em função disso, o inseto rapidamente passa a sofrer com letargia, paralisia, regurgitação e interrupção da alimentação, o que pode levá-lo à morte.

Dessa forma, o produtor consegue manter sua lavoura protegida contra diversas pragas, aumentando sua produção e preservando a qualidade e rentabilidade da safra.


Quais pragas podem ser controladas com diamida?

Os inseticidas à base de flubendiamida são altamente eficazes no controle de insetos mastigadores, especialmente das espécies que pertencem às ordens Lepidoptera, Coleoptera, Diptera e Hemiptera.

Por isso, esse defensivo é utilizado no controle de várias pragas que atacam as lavouras de algodão, soja, milho, tomate, dentre outras culturas. Entre os insetos atingidos por esse produto, podemos citar:

  • Broca-da-cana (Diatraea saccharalis);
  • Lagarta das maçãs (Heliothis virescens);
  • Lagarta-militar (Spodoptera frugiperda);
  • Lagarta-das-folhas (Spodoptera eridania);
  • Lagarta Helicoverpa (Helicoverpa armígera);
  • Lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda)
  • Lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis);
  • Lagarta falsa medideira (Pseudoplusia includens);
  • Broca-pequena-do tomateiro (Neoleucinodes elegantalis).

Apesar de ser utilizado no combate a todas essas pragas, é importante lembrar que o uso da diamida deve fazer parte de uma estratégia de controle de pragas, como um programa de Manejo Integrado de Pragas (MIP).

Essa estratégia deve incluir a utilização de mais métodos de controle, incluindo inseticidas com outros mecanismos de ação.

Assim, é possível evitar o desenvolvimento de pragas resistentes, problema que já foi registrado nas culturas afetadas pela traça das crucíferas (Plutella xylostella).


Como aplicar o inseticida à base de flubendiamida?

A aplicação desse tipo de inseticida varia de acordo com a cultura e do estágio de desenvolvimento das plantas. Além disso, o número de aplicações também varia.

Para eliminar as pragas presentes no milho, soja e algodão, por exemplo, é recomendável, no máximo, 2 aplicações do defensivo por ciclo. Já no tomateiro, o ideal é aplicar a calda, no máximo, 4 vezes durante o ciclo.

Com relação ao preparo e à aplicação correta desse inseticida, é fundamental seguir as instruções da bula do produto, consultar um engenheiro agrônomo e seguir as orientações sobre equipamentos de segurança.

Vale lembrar que, no Brasil, o inseticida à base de flubendiamida recebe o nome comercial de Belt®, produto fabricado e comercializado pela Bayer.

Ficou interessado nesse defensivo? Saiba mais sobre o inseticida Belt®!



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