Dados estão ajudando cotonicultores a plantar no momento ideal
A Agricultura 4.0 está transformando drasticamente o agronegócio brasileiro. Com as inúmeras possibilidades apresentadas pelas ferramentas digitais, produtores estão obtendo maior produtividade com mais segurança. Um bom exemplo desta quebra de paradigmas é o trabalho da J&H Sementes, que está coletando dados de seus clientes e retornando para o campo recomendações específicas para o plantio do algodão em cada propriedade.17 de julho de 2022A Agricultura 4.0 está transformando drasticamente o agronegócio brasileiro. Com as inúmeras possibilidades apresentadas pelas ferramentas digitais, produtores estão obtendo maior produtividade com mais segurança. Um bom exemplo desta quebra de paradigmas é o trabalho da J&H Sementes, que está coletando dados de seus clientes e retornando ao campo recomendações específicas para o plantio do algodão em cada propriedade.
A J&H Sementes é multiplicadora exclusiva Deltapine – marca de sementes de algodão Bayer – e atende cotonicultores das principais regiões produtoras no país. “Além de multiplicar e levar sementes de qualidade para o produtor, nós continuamos desenvolvendo as variedades já avançadas com nível de recomendação macro e trabalhamos internamente, para posicionar em nível micro”, explica Rinaldo Grassi Pirozzi, Gerente Técnico da J&H Sementes.
Posicionamento micro de cultivares de algodão
O posicionamento micro das cultivares é realizado há anos pela empresa, mas, nas últimas três safras, o processo ganhou mais robustez a partir da coleta de dados em uma ferramenta digital exclusiva da multiplicadora. “Ao cruzar dados sobre clima, cultivar e safras passadas do cotonicultor, estamos gerando previsões. Levamos ao produtor a recomendação da melhor janela de plantio para determinada cultivar e uma projeção do quanto ele poderá produzir com a semente escolhida por ele”, explica Pirozzi.
O engenheiro-agrônomo ressalta que não se trata de uma previsão do futuro da safra como um todo, e sim de uma construção de cenários. “O produtor tem uma cultivar e várias opções de janela, por exemplo. Em cada uma delas, ele terá ônus e bônus diferentes, sabendo de antemão quais ajustes terá que fazer no plantio e no manejo durante a safra, para obter resultado, correndo menor risco”, esclarece.
Foco nos números
De acordo com Pirozzi, o objetivo da ferramenta é evitar que o produtor use apenas a memória ou a intuição. O engenheiro-agrônomo explica que muitas vezes o cotonicultor repete a mesma estratégia de safras anteriores, tomando como base algum benefício observado no fim da safra, mas nem sempre essa escolha é a mais assertiva.
“Ele diz que esse ano foi bom, mesmo plantando em menor população. No ano seguinte, ele é inclinado a plantar com menos população novamente. Mas será que isso é real? É todo ano desse jeito? Nossa ferramenta consegue estabelecer um cenário mais próximo da realidade, para facilitar essa tomada de decisão”.
- Rinaldo Pirozzi (J&H Sementes)
“Para romper este ciclo de incertezas, começamos a posicionar cultivares na lavoura do cotonicultor com base em dados. Queremos sair da emoção e focar nos números”, esclarece o especialista.
A ferramenta da J&H Sementes
Para entender como funciona a recomendação da J&H Sementes e quais dados a empresa utiliza para compor suas recomendações, é necessário compreender o fluxo operacional da ferramenta, desde a coleta de dados até o momento do planejamento de plantio.
A coleta de dados
A ferramenta precisa coletar dados do histórico de safra do produtor e dados do clima, para gerar as projeções de melhor janela de plantio.
A cada safra, clientes J&H Sementes compartilham dados sobre o perfil da fazenda e dos talhões onde foi plantado algodão, registrando a performance da variedade usada e o manejo da lavoura, do plantio à colheita.
O histórico climático da safra avaliada, que é cruzado com os dados do produtor, é obtido por meio do NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration) e da NASA (National Aeronautics and Space Administration), ambas instituições dos Estados Unidos.
O retorno para o cotonicultor
É no planejamento do plantio que a ferramenta da J&H Sementes entre em cena, retornando informações para o cotonicultor. “Neste momento, o produtor já fez a aquisição de suas sementes, então este é um fator em que nós não interferimos. Nosso papel é ajudá-lo a identificar as melhores opções de janela, com base nas cultivares selecionadas por ele”, explica Pirozzi.
“Na hora da decisão do plantio, mesmo contando com atrasos ou com barreiras operacionais, nossa ferramenta leva uma recomendação com a qual o produtor pode ajustar a janela de plantio específica para sua cultivar. Além disso, indicamos alternativas de população de plantas, para corrigir alguma perda decorrente da janela selecionada”.
- Rinaldo Pirozzi (J&H Sementes)
Para facilitar o entendimento, vamos imaginar que o cotonicultor adquiriu a cultivar DP1746B2RF da Deltapine, multiplicada pela J&H Sementes, e além desta, precisa plantar mais quatro diferentes cultivares em um período de 15 dias.
“Com os dados passados pelo produtor, podemos identificar, dentro deste período de 15 dias, quais serão as melhores janelas de plantio para a cultivar DP1746B2RF”, pontua.
Sendo assim, as informações que o produtor vai receber sobre a cultivar DP1746B2RF são:
• Recomendação de melhor janela.
• Recomendação de população de plantas.
• Produtividade esperada para a cultivar DP1746B2RF.
• Probabilidade do percentual da qualidade de fibra produzida pela cultivar DP1746B2RF dentro do padrão “tipo exportação”.
Todas essas informações são projetadas em dois cenários diferentes: estabilidade e risco e prêmio.
Estabilidade versus Risco e Prêmio
A primeira coisa que precisa ser compreendida sobre os conceitos de “estabilidade” e “risco e prêmio” é que uma mesma cultivar pode transitar entre esses dois modelos de projeção. O diferencial entre ambos, como explica o gerente, está nas condições climáticas, no ambiente produtivo e no manejo que o produtor deverá realizar do plantio à colheita.
Quando a ferramenta segue para o detalhe de ajuste de população e outras recomendações específicas para o talhão do cotonicultor, a projeção passa a apresentar com mais clareza o que seriam os dois cenários citados acima.
De acordo com Pirozzi, os dois conceitos se resumem tecnicamente da seguinte forma:
• Risco e prêmio
Nas janelas indicadas para este cenário, as chances de produzir muito é grande, mas o produtor pode perder se o clima se alterar ou se cometer algum erro operacional. Nesta projeção, a produção da lavoura pode variar, por exemplo, de 80 a 160 arrobas de pluma por hectare.
• Estabilidade
Neste tipo de cenário, a produção nas janelas indicadas varia menos, porém o valor segue dentro do que é considerado estável na cotonicultura. Nesta modalidade, a janela de plantio não trará surpresas, mas o produtor já sabe que não terá como explorar mais o potencial da cultivar, que lhe renderá, por exemplo, de 100 a 140 arrobas por hectare.
Como a ferramenta ajuda o cotonicultor
“Uma safra é como um jogo de futebol. A diferença crucial é que, durante o jogo, você pode trocar a escalação de acordo com sua necessidade, enquanto na safra não tem jeito de mudar muita coisa. Mas a J&H Sementes ajuda você a escolher a melhor escalação possível, apontando como cuidar melhor dos seus jogadores”, ilustra Pirozzi.
Além disso, por se tratar de uma recomendação que chega para o produtor bem próximo à data de plantio, a assertividade da ferramenta é muito maior. “Atuando nesta etapa, a previsão de cenários estará mais atualizada do que se o objetivo fosse mapear uma agenda distante”, reforça.
Para o gerente técnico, outro detalhe que torna a informação gerada pela metodologia da J&H Sementes importante é o custo para se produzir algodão. “Como sabemos, o algodão é uma cultura de alto risco. Com ou sem recomendação, quando acertamos já ganhamos muito, e quando erramos perdemos bastante. Com a ferramenta, os produtores passam a mitigar essas perdas”, lembra o engenheiro-agrônomo.
“Com o investimento de um hectare de algodão, é possível plantar quatro hectares de soja.”
- Rinaldo Pirozzi (J&H Sementes)
Através dos dados, a ferramenta pode antecipar todo um aprendizado que o produtor provavelmente demoraria cerca de três safras para absorver. “Já contamos com dados de 550 mil hectares acumulados a cada safra, desde 2015. Com essa iniciativa, podemos acelerar a evolução e os ganhos em todos os aspectos da produção da fibra”, explica.
Neste sentido, levar oportunidades para que o produtor possa adotar estratégias de estabilidade ou risco e prêmio é promover a sustentabilidade do negócio do cotonicultor. “Com esse tipo de análise que estamos oferecendo, o produtor tem uma base concreta para distribuir melhor seus investimentos nos diferentes talhões da lavoura. Contamos com o agricultor para estar do nosso lado nesse trabalho de longo prazo. Nós também plantamos, temos o DNA do agricultor e sabemos da dor que o produtor sofre na ponta”, conclui Rinaldo Grassi Pirozzi.