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A importância do controle de mosca branca no feijão

A praga é capaz de causar danos tão significativos no feijão que pode inviabilizar o cultivo em algumas áreas devido à alta infestação. Saiba como fazer o controle da mosca branca e proteger a sua lavoura!15 de julho de 2022

A mosca branca (Bemisia tabaci biótipo B) é uma das principais pragas que atacam a cultura do feijão. Além dessa cultura, a praga ainda pode atacar e danificar outras 750 espécies, tais como a soja, o algodão e o tomate.

O problema é que o controle da mosca branca é um desafio, que já começa a partir de sua identificação. Afinal, várias espécies são popularmente conhecidas como mosca branca.

Desse grupo, a espécie mais importante e dispersa no mundo é a Bemisia tabaci. Ao todo, já foram identificadas mais de 40 variedades dessa mesma espécie, sendo que, no Brasil, a Bemisia tabaci biótipo B (Bemisia argentifolii Bellows & Perring) possui maior incidência em território nacional.

Além de já ter sido identificado em várias partes do país, esse inseto pode se dispersar facilmente em função do seu ciclo de vida e capacidade de reprodução.

Outro problema relacionado a essa praga é o seu hábito alimentar. Apesar de ser conhecido como uma mosca, na verdade esse inseto é um sugador de seiva. Por isso, ele ataca a parte vegetativa das plantas.

Seus danos podem chegar a 100% de perda de produtividade na lavoura.

Diversas características a tornam uma praga muito agressiva, como a capacidade de sobrevivência devido ao grande número de hospedeiros e a adaptação às condições adversas do clima.

Em função disso, a praga possui elevado potencial reprodutivo e ainda tem a capacidade de transmitir viroses e a dificuldade de controle.

Para te ajudar a evitar esses problemas, neste artigo você vai conhecer as características desse inseto, entender como identificá-lo e aprender como fazer o controle da mosca branca.

Confira abaixo!

Como identificar a mosca branca?

Geralmente o inseto é identificado na sua fase adulta, quando possui cerca de 1 a 2 mm de comprimento e coloração amarelo-pálido. Ou seja, essa praga pode ser difícil de ser identificada.

Por isso, muita gente utiliza o termo “mosca branca” para se referir a soluções ou profissionais difíceis de serem encontrados.

Porém, embora seja desafiador, o ideal é reconhecer a presença da praga na lavoura ainda nas primeiras fases de desenvolvimento do inseto. Para isso, você precisa conhecer o ciclo de vida do Bemisia tabaci biótipo B.

O ciclo se inicia quando a fêmea deposita seus ovos na face inferior das folhas da planta. Durante sua vida, ela é capaz de fazer a postura de 100 a 300 ovos, número que varia dependendo das condições ambientais.

Cada ovo possui cerca de 0,2 mm de comprimento e coloração amarelada. Essa fase dura cerca de 5 a 7 dias, quando os ovos eclodem gerando a ninfa de 1º ínstar, que é a primeira fase de desenvolvimento.

Quando se torna ninfa, o inseto já consegue se locomover até encontrar uma folha para se fixar e começar a sugar a seiva. Depois disso, a ninfa passa por mais 3 estágios de desenvolvimento, se torna pulpa e, por fim, atinge a idade adulta.

Na fase adulta, esse inseto apresenta seu comportamento mais ativo e ágil, voando rapidamente quando são perturbados. Isso é possível graças as suas asas membranosas e recobertas por uma substância pulverulenta.

Vale lembrar que desde a fase ninfa esse inseto já é capaz de transmitir doenças e liberar toxinas que prejudicam o desenvolvimento da planta.

Essa transmissão ocorre durante a alimentação, quando o inseto introduz o aparelho bucal sugador na folha.

Para entender melhor como ocorre esse processo de evolução, assista abaixo o vídeo com o ciclo de vida animado da mosca branca.



Onde a mosca branca ataca?

Essa praga já foi identificada em várias partes do país, especialmente em locais de clima quente e seco. Isso ocorre porque a temperatura elevada acelera o ciclo de vida do inseto.

Dessa forma, é possível identificar a ocorrência de até 15 gerações diferentes dessa praga durante apenas um ano.

Em compensação, o clima chuvoso prejudica seu desenvolvimento. Por isso, nesse período, a praga tende a aparecer numa quantidade menor e até mesmo a desaparecer.

Além do clima, o cultivo sucessivo de plantas hospedeiras na área de plantio também pode favorecer o estabelecimento desse inseto.

Outro fator que facilita a dispersão dessa praga é a presença de plantas daninhas, como a joá-bravo (Solanum viarum), corda-de-viola (Ipomoea acuminata), leiteiro (Euphorbia heterophylla), entre outras.

Por conta dessas preferências, a Região Centro Oeste do país registra os maiores índices de infestação por essa praga, já que oferece as condições ambientais favoráveis ao seu desenvolvimento.

Quais são os danos causados?

Como a mosca branca possui um aparelho bucal do tipo sugador, os danos provocados por esse inseto ocorrem durante sua alimentação.

Caso a infestação desta praga não seja controlada da forma correta, o produtor pode sofrer grandes prejuízos, podendo até mesmo perder toda a produção.

Esse prejuízo ocorre em função dos danos diretos e indiretos provocados por esse inseto.

Os danos diretos ocorrem em detrimento da alimentação de ninfas e adultos que sugam a seiva e injetam toxinas na planta. Os tecidos foliares inicialmente apresentam pontuações amareladas, podendo evoluir para lesões e secamento total das folhas.

Já os danos indiretos são provocados principalmente pela transmissão de viroses, sendo a principal do vírus do mosaico dourado do feijoeiro (Bean golden mosaic virus - BGMV).

Outros vírus como o Cowpea mild mottle virus (CpMMV) podem ser transmitidos, podendo ocorrer tanto em cultivares convencionais, quanto em cultivares resistentes ao vírus do mosaico dourado.

Plantas viróticas apresentam menor desenvolvimento, porte reduzido (anãs), folhas retorcidas e encarquilhadas e com clorose internerval (mosaico). Em função de alterações morfológicas e fisiológicas, essas plantas tornam-se menos produtivas que as sadias.

Além das viroses, um outro dano indireto importante é o favorecimento para ocorrência de fumagina na planta.

Durante sua alimentação, o inseto libera uma solução açucarada, chamada de "honeydew", que é altamente favorável ao crescimento de fungos do gênero Capnodium sp.

Como fazer o manejo da mosca branca?

Diante do potencial de dano elevado e dificuldades de controle da mosca branca, é importante considerar medidas de manejo integrado de pragas (MIP). Abaixo, estão listadas práticas recomendadas a serem integradas dentro de um programa de manejo:

Monitoramento da praga

Fazer o monitoramento das lavouras é o primeiro passo para conseguir controlar qualquer praga. Afinal, essa ação permite que o inseto seja identificado nas primeiras fases de desenvolvimento.

No caso da mosca branca, o ideal é que o monitoramento seja feito ao longo de todo ciclo da cultura, já que ela pode atacar a lavoura desde a fase de emergência das plantas.

Esse processo deve ser realizado por meio de inspeções constantes e através do uso de armadilhas. Para fazer a amostragem, o ideal é que as plantas sejam avaliadas no terço superior, a partir da seleção da 3ª ou 4ª folha de cima para baixo.

Controle cultural

Esse tipo de controle se refere às medidas de manejo realizadas para criar um ambiente menos favorável ao desenvolvimento da praga. Dentre as medidas que podem empregadas com essa finalidade, destacamos:

  • Eliminação de restos culturais;
  • Rotação de culturas com espécies que não são hospedeiras do inseto;
  • Utilização de barreiras vivas com espécies como milho e sorgo forrageiro para impedir a disseminação do inseto pelo vento;
  • Controle de plantas daninhas hospedeiras da praga;
  • Reduzir a população da praga ainda no cultivo anterior, e evitar a manutenção de plantas tigueras na área;
  • Adequar épocas de semeadura para coincidir com menor pressão da praga no campo;
  • Utilizar cultivares adaptadas à região e que sejam resistentes à mosca branca e aos vírus que ela transmite, como o mosaico dourado e algum grau de antibiose e antixenose (não-preferência) a B. tabaci;
  • Utilizar armadilhas para reduzir a população de insetos adultos.

Controle biológico

Esse controle é feito através da introdução de inimigos naturais da praga na lavoura. Dentre esses inimigos, uma grande variedade é de predadores, como espécies das ordens Hemiptera, Neuroptera, Coleoptera e Diptera.

Os ácaros da família Phytoseiidae, especialmente o Ambliseius tamatavensis, também podem ser utilizados para combater a praga.

Além disso, é possível utilizar parasitóides para o controle biológico desse inseto, sendo os mais comuns os gêneros Encarsia, Eretmocerus e Amitus.

Você também pode utilizar fungos entomopatogênicos, como espécies do gênero Lecanicillium, Verticillium lecanii, Aschersonia aleyrodis, Paecilomyces fumosoroseus e Beauveria bassiana, no combate às moscas.

Vale lembrar que, isoladamente, esses inimigos naturais não conseguem controlar a infestação de moscas. Porém, o uso desses agentes biológicos pode integrar a sua estratégia de controle de praga.

Controle químico

Esse é o método de controle da mosca branca mais utilizado pelos agricultores. De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), mais de 70 produtos registrados podem ser utilizados para o controle químico da mosca branca no feijão.

Desse grupo, um dos inseticidas mais eficientes para o combate da mosca branca na cultura do feijão é o Sivanto Prime 200 SL, composto por Flupyradifurone e que também pode ser utilizado em outras culturas.

Porém, a escolha do inseticida depende da fase em que se encontra o inseto, já que alguns são mais eficientes somente quando aplicados na fase adulta da mosca, enquanto outros também podem ser aplicados nas fases de ovo e ninfas.

As doses e as aplicações de inseticidas devem ser feitas de acordo com as instruções da embalagem. Vale lembrar que não é recomendável aplicar inseticidas de forma preventiva, já que essa medida não é eficiente.

Além disso, o ideal é que o agricultor faça a rotação de inseticidas com diferentes mecanismos de ação para evitar o desenvolvimento de gerações de insetos resistentes.

Cuidados com a semeadura ajudam a controlar a praga

Pelo fato da mosca branca ser transmissora de viroses, não há um nível de controle estabelecido para essa praga.

Por isso, a melhor forma de lidar com o problema é fazer o planejamento adequado do plantio, levando em consideração a época de semeadura e o nível de infestação.

Confira nossas recomendações.

Semeadura de segunda safra ou “plantio da seca”

Esse plantio é realizado de janeiro a abril e coincide com um período de alta pressão da praga no campo. Muitas vezes, esse cultivo sucede a cultura da soja, que também é hospedeira da mosca branca e pode favorecer os altos níveis populacionais.

Nesse cenário, considerando áreas com histórico de alta incidência do mosaico dourado, o controle deve ser intensificado.

Deve ser feito um bom tratamento de sementes, complementado com aplicações de inseticidas em parte aérea, iniciadas de maneira preventiva, 7 a 10 dias após a emergência da cultura, ou logo após o aparecimento da praga. Reaplicar com intervalos de 5 a 7 dias.

Semeadura de primeira safra ou “plantio das águas” e semeadura de terceira safra ou “plantio de inverno”

A primeira safra é plantada de setembro a novembro e a terceira safra de abril a junho. Nesses cenários, é comum que o cultivo anterior seja uma cultura de cobertura, ou milho, que podem desfavorecer a praga.

Assim, os estágios críticos da cultura, que se dão da emergência até a floração, coincidem com um período de menor pressão da praga no campo, o que reduz o risco e favorece o controle.

Nesse caso, deve-se utilizar um tratamento de sementes e realizar o monitoramento das áreas, de maneira frequente e criteriosa, após a emergência.

As aplicações devem iniciar no início da infestação, quando for constatada a presença de adultos, ovos, as primeiras “ninfas” ou formas jovens, intercalando as aplicações com produtos de diferentes mecanismos de ação.

Planejamento estratégico é fundamental para eliminar a mosca branca

Em resumo, é importante haver um planejamento estratégico para a cultura do feijão, considerando cenários de alto risco, nos quais a mosca branca é favorecida, e cenários de médio risco.

Deve-se levar em conta o cultivo anterior, os cultivos adjacentes, época de semeadura (verão ou inverno), cultivo irrigado ou de sequeiro, variedades utilizadas e condições climáticas.

Em qualquer um dos cenários, o monitoramento deve ser sempre mantido. A amostragem será a base para a tomada de decisão e adoção de medidas de controle, incluindo a escolha do inseticida.

Para realizar o manejo correto da mosca branca em sua lavoura de feijão, saiba mais sobre o Sivanto Prime 200 SL .

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