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Mofo branco nas plantas: o que é e como identificar

O mofo branco nas plantas ou podridão-de-sclerotinia (Sclerotinia sclerotiorum) é uma doença fúngica agressiva, responsável por grandes perdas em produtividade em culturas como algodão, soja e feijão. Para evitar esses prejuízos, o produtor precisa conhecer as técnicas de manejo e controle corretas desse fungo.22 de julho de 2022

O mofo branco nas plantas é uma das doenças que mais provocam prejuízo na lavoura de grandes culturas, tais como algodão, soja, feijão, girassol, entre outras.

Estima-se que essa doença atinja pelo menos 400 espécies diferentes de plantas. Ou seja, trata-se de uma doença que possui uma ampla gama de hospedeiras, o que dificulta seu controle.

Um dos fatores que contribuem para esse comportamento é que o fungo causador da doença possui alta resistência e desenvolve estruturas que podem permanecer viáveis durante anos.

Além disso, o fungo se dispersa com facilidade, contribuindo para a contaminação de diferentes lavouras.

Após serem contaminadas, as plantas desenvolvem sintomas como hastes e vagens com lesões encharcadas e tecido com coloração parda/marrom.

Caso o produtor não invista nas estratégias corretas de manejo e controle do mofo branco, ele sofrerá grandes prejuízos em função da redução da produtividade e da qualidade dos grãos.

A melhor forma de evitar esses problemas é conhecer as características desse fungo, aprender a identificá-lo e entender quais são as melhores medidas de controle da doença.

Veja abaixo!


Qual é o agente causador do mofo branco?

O mofo branco é causado por um fungo ascomiceto chamado Sclerotinia sclerotiorum, nome científico do agente causador da doença.

Em função desse nome e dos danos causados por esse fungo, essa doença também é conhecida por outros termos, como podridão de esclerotinia, podridão-de-sclerotinia, podridão branca e murcha de esclerotinia.

Esse fungo se manifesta principalmente em regiões com alta umidade, especialmente nos períodos chuvosos e em áreas com constante molhamento foliar.

Além disso, ele se desenvolve bem em locais com temperaturas amenas (entre 10 e 20ºC) e altitudes elevadas.

Por conta dessas características, a doença atinge principalmente as lavouras localizadas nas Regiões Sul e Centro-Oeste do Brasil.

Para entender como ela se dissemina nesses locais, é importante conhecer o ciclo de vida e as estruturas reprodutivas do fungo.


Como ocorre a disseminação do mofo branco nas plantas?

A podridão-de-sclerotinia (Sclerotinia sclerotiorum) pode se disseminar de várias formas. Sementes contaminadas, água, vento, máquinas agrícolas, entre outros meios, são consideradas as principais formas de introdução do patógeno na lavoura.

Porém, é no solo que se encontra o maior perigo. Isso ocorre porque o fungo é capaz de sobreviver no solo na forma de escleródios, que é uma estrutura de resistência. O patógeno pode permanecer nessa forma por até 10 anos e ainda continuar viável.

Entretanto, quando encontra condições ambientais e nutricionais favoráveis, esses escleródios podem germinar, dando início ao ciclo de vida do fungo.


Ciclo de vida da Podridão-de-sclerotinia (Sclerotinia sclerotiorum)

Os escleródios são estruturas pequenas, de formato irregular, coloração escura e aspecto rígido. Essa estrutura de resistência contém substâncias de reserva que permitem sua sobrevivência no solo por longos períodos.

Em condições favoráveis, os escleródios germinam num processo que pode ocorrer de duas formas: germinação miceliogênica ou germinação carpogênica.

A germinação miceliogênica é a mais simples. Nesse caso, o escleródio forma hifas, que são estruturas vegetativas do fungo.

Essas hifas possuem dispersão limitada, são produzidas numa quantidade menor e apresentam baixa variabilidade genética.

Mesmo assim, esse tipo de germinação representa um perigo à lavoura, já que as hifas se desenvolvem em contato com matéria orgânica no solo e depois colonizam a planta hospedeira.

Em compensação, na germinação carpogênica, os escleródios formam apotécios (estrutura reprodutiva com formato de cogumelo) na superfície do solo.

Em seguida, esses apotécios passam a produzir ascósporos, que são esporos infectivos e sexuados, aumentando a variabilidade genética do fungo.

Depois disso, esses esporos são ejetados e dispersados pelo vento. A partir dessa fase, inicia-se o processo de infecção do fungo.


A infecção

Após serem ejetados, os ascósporos precisam chegar até as flores. Como a infecção ocorre via flor, o período crítico de infecção vai das primeiras flores até a ausência de flores na planta.

A penetração ocorre através das pétalas, já que os ascósporos não conseguem penetrar diretamente sobre as folhas. Depois disso, a planta já começa a apresentar os primeiros sintomas da doença.


Os primeiros sintomas

Os sintomas iniciais são caracterizados pelo desenvolvimento de lesões encharcadas, seguido por um crescimento micelial branco. Por isso, o nome de mofo branco.

A partir da infecção inicial, as flores infectadas permitem o crescimento do fungo e a expansão da colonização aos tecidos próximos, principalmente o pedúnculo e a haste principal.

As pétalas infectadas podem cair sobre folhas, contribuindo para novas infecções e para a expansão da doença pela planta.

Como o mofo branco é uma doença monocíclica, ou seja, a evolução depende do inóculo inicial (escleródios) no solo, as plantas doentes não produzem estruturas reprodutivas e não infectam novas plantas.

Nesse caso, a disseminação ocorre apenas pelo contato direto com órgãos infectados.


Evolução dos sintomas

Sob condições favoráveis, principalmente de elevada umidade, a evolução do fungo é rápida, com potente destruição de tecidos.

O patógeno começa a produzir micélios brancos em toda a área infectada. Na haste, a produção de micélios provoca uma obstrução, que impede a passagem de água e nutrientes.

Inicialmente, notam-se sintomas necróticos nas folhas do topo. Posteriormente, tem-se a murcha das plantas e, por fim, a morte da planta.


Produção de estruturas de resistência

Ao final do ciclo da cultura, os tecidos doentes, através do emaranhado de micélio, terão a formação de novos escleródios.

Em seguida, os escleródios podem ser formados tanto externamente, nas hastes ou pecíolos das plantas, quanto internamente, nas hastes ou legumes.

No momento da colheita, os escleródios são espalhados pela área ou acompanham os grãos colhidos, criando sementes contaminadas.

Essas sementes são uma das principais formas de introdução do mofo branco em áreas ainda livres desse patógeno.


Como identificar o mofo branco nas plantas?

O mofo branco pode ser identificado a partir do desenvolvimento dos sintomas de infecção. Como explicamos acima, o primeiro sintoma é o aparecimento de lesões encharcadas de coloração castanho-claras.

Em seguida, ocorre o crescimento micelial branco, de aspecto cotonoso, que se espalha pela planta, incluindo as folhas e qualquer outro tecido que entre em contato com a infecção.

Em pouco tempo, os micélios produzem escleródios, de cor escura, que também podem permanecer presos ao tecido da planta.


Quais são os danos provocados por essa doença?

As plantas contaminadas com mofo branco apresentam vários problemas de desenvolvimento, como necrose e podridão aquosa. Por isso, a doença também é conhecida como podridão-de-esclerotinia.

O fungo também provoca o murchamento das folhas, que ganham um aspecto amarelado. Além disso, o desenvolvimento da planta é prejudicado e a quantidade e qualidade dos grãos é reduzida.

Na prática, os prejuízos provocados pelo desenvolvimento desses sintomas variam de acordo com a cultura.

Por isso, te apresentamos abaixo como esse fungo afeta as culturas mais suscetíveis à infecção por mofo branco.


Soja

O mofo branco é uma das principais doenças que atingem a cultura da soja. Caso a doença não seja controlada, pode reduzir em até 70% a produção do grão.

O período crítico de contágio coincide com a época do florescimento e de formação das vagens, já que o patógeno ataca as estruturas reprodutivas.

O fungo se concentra principalmente nas inflorescências, pecíolos e ramos das plantas. Nas vagens infectadas, o fungo compromete o enchimento dos grãos, que se tornam menores, enrugados e com uma coloração anormal.

Vale lembrar que o risco de contágio da soja é maior em lavouras localizadas em áreas sujeitas a grande precipitação de chuvas e que estejam a partir de 600 metros de altitude em relação ao nível do mar.


Feijão

A podridão-de-esclerotinia apresenta um potencial altamente destrutivo quando contamina a cultura do feijão. Em geral, o patógeno ataca em áreas irrigadas durante o período de outono-inverno, quando as temperaturas estão mais amenas.

Nessa cultura, os sintomas ocorrem em reboleiras, onde os caules apodrecem, provocando o murchamento da planta. O fungo também infecta as flores, folhas, ramos e vagens.

O manejo e o controle desse fungo na cultura do feijão é um desafio. Caso o processo não seja feito corretamente, com a aplicação de produtos e dosagens adequadas, o produtor pode perder até 100% da lavoura.


Algodão

O mofo branco é uma das principais doenças que atingem o algodoeiro no Brasil. Isso ocorre porque as áreas de plantio de algodão estão localizadas em regiões que oferecem condições favoráveis ao desenvolvimento do fungo.

Apesar de preferir ambientes úmidos, o patógeno pode ocorrer em áreas de Cerrado de forma esporádica, principalmente no período de chuva ou em áreas irrigadas.

No algodoeiro, os primeiros sintomas aparecem no pecíolo, haste, folhas e maçãs. No período de floração do algodão, a disseminação do fungo ocorre de forma mais rápida.


Conheça as principais técnicas de controle e manejo

Diante dos prejuízos que essa doença pode causar, você pode estar se perguntando: como tratar o mofo branco nas plantas? É possível eliminar essa doença da lavoura?

A forma mais eficiente para proteger sua lavoura envolve a adoção de várias estratégias e técnicas de controle e manejo.

Conheça cada uma delas a seguir.


Utilize sementes certificadas

As sementes certificadas se diferenciam por conta da sua qualidade, garantindo um bom desenvolvimento das plântulas nas fases iniciais de plantio. Porém, é importante investir em sementes provenientes de empresas confiáveis e com responsabilidade na produção desse tipo de grão.


Invista no tratamento das sementes

O tratamento das sementes também contribui para a proteção da plântula nos estádios iniciais de desenvolvimento.

Isso ocorre porque o produto utilizado impede que os propágulos do fungo consigam se fixar na superfície das sementes.

Para investir nesse processo, o produtor pode optar pelo Tratamento de Sementes Industrial (TSI) ou pela aplicação on farm, ou seja, com produtos específicos para a cultura.


Escolha cultivares eretas

Mesmo que a lavoura esteja localizada numa região de clima mais seco, é possível que a associação entre plantas e irrigação crie um microclima favorável ao desenvolvimento do fungo.

Para evitar esse problema, uma das soluções é cultivar variedades que se desenvolvam de forma mais ereta. Isso permite uma boa aeração, dificultando o estabelecimento do patógeno.


Respeite o espaçamento entre as linhas

Estabelecer um espaçamento maior entre as linhas também contribui para aeração entre as plantas. Isso dificulta a formação do microclima ideal para o desenvolvimento do fungo.


Cuidado com a época do plantio

Como o mofo branco tem preferência por climas mais amenos e com alta umidade, o ideal é evitar o plantio durante o período de chuvas.


Limpe os equipamentos e máquinas agrícolas

Os escleródios do fungo podem ser transportados por equipamentos e máquinas agrícolas que tiveram contato com plantas ou solo contaminados.

Por isso, é importante limpar o maquinário antes de realizar qualquer procedimento na lavoura. Assim, você pode evitar a contaminação da área de plantio.


Faça a rotação de culturas

Em áreas suscetíveis ao ataque do mofo branco, a rotação e/ou sucessão de cultura deve ser feita com plantas que não são hospedeiras desse fungo, como as gramíneas. Assim, você consegue interromper o ciclo de vida do patógeno.


Faça a cobertura do solo com palhada

A palhada atua como uma barreira física que impede a exposição dos escleródios à luz solar. Isso dificulta a formação de apotécios e, por consequência, prejudica o ciclo de vida do fungo.

Porém, é preciso tomar cuidado com a composição da palhada. O ideal é que a palhada seja formada por gramíneas, como as brachiarias, que não são hospedeiras desse patógeno.


Revolva o solo

Revolver o solo antes do plantio ajuda a empurrar os escleródios para camadas mais profundas do terreno. Assim, você impede que essa estrutura de resistência tenha acesso a condições favoráveis ao seu desenvolvimento.


Invista no controle biológico do fungo

O controle biológico ainda é a melhor forma de fazer o controle do mofo branco nas plantas.

Como ainda não existem estratégias de controle genético disponíveis para a eliminação dessa doença, esse método pode ser associado ao uso de fungicidas, que ainda são poucos no mercado.

Para fazer esse tipo de controle, você pode utilizar diversos microorganismos, como as bactérias Bacillus subtilis.


Como as bactérias podem te ajudar no manejo do mofo branco?

Não é qualquer espécie e linhagem de Bacillus subtilis que apresenta controle eficiente sobre mofo-branco e pode ser usada sem riscos.

A linhagem QST 713, por exemplo, encontrada no produto Serenade®, é devidamente produzida e apresenta potencial de controle sobre mofo-branco.

As bactérias B. subtilis linhagem QST 713 apresentam múltiplos mecanismos de ação sobre os fungos.

Um dos principais mecanismos é a produção de compostos com ação letal, como a iturina e a surfactina, os quais atuam preventivamente impedindo a penetração do fungo na planta.

Porém, para que essa estratégia seja eficiente, o produto a base das bactérias B. subtilis deve ser aplicado no período certo.

Pesquisadores que avaliaram a eficiência dessa bactéria no controle de mofo branco nas folhas de soja revelaram que somente a aplicação preventiva, isto é, antes da infecção do fungo, é capaz de proteger a lavoura.

De acordo com o estudo, a ação preventiva, sobre as fases de pré-penetração são mais eficientes comparada a ação curativa, após penetração.


Como aplicar o bactericida na plantação?

Para controle de mofo-branco em culturas como algodão, soja, feijão e girassol, as aplicações devem ser iniciadas o mais cedo possível no ciclo da cultura. Isso pode ser feito via pulverização ou esguicho (drench), de forma a atingir o caule e o solo.

Além disso, é recomendável fazer até 3 aplicações foliares durante a fase vegetativa, do Vn até o estádio R1, para girassol; e do estádio V2 até o estádio R1, para soja e feijão.

É importante lembrar que métodos caseiros de produção “On Farm” de bactérias do gênero Bacillus não têm gerado produtos confiáveis.

Trabalhos divulgados pela Embrapa evidenciam baixa qualidade e elevada taxa de contaminação dos produtos, os quais se mostram inaptos para uso no controle biológico.

Esses trabalhos também indicaram a presença de bactérias que oferecem risco à saúde humana e de animais, o que é altamente indesejável.

Por isso, não se esqueça que a qualidade da produção e do produto final a base de bactérias Bacillus subtilis é fundamental no sucesso dessa estratégia de controle.

Conheça as vantagens do bactericida Serenade®!



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