Broca-da-cana: entenda os riscos que essa praga oferece aos canaviais e alguns cuidados com o manejo.
O texto discute sobre os riscos que a broca-da-cana oferece aos canaviais e alguns cuidados com o manejo.22 de julho de 2022Devido aos danos causados na cana-de-açúcar, essa praga possui elevada relevância e exige atenção ao manejo.
A broca-da-cana (Diatraea saccharalis) é uma praga de ampla ocorrência no Brasil podendo ser encontrada atacando cana-de-açúcar e milho. Porém, a sua incidência e danos são maiores nos canaviais. Tanto a produtividade quanto a qualidade de colmos para a indústria são afetados pela praga.
Conhecendo o ciclo da broca
Sintomas
A broca-da-cana causa maiores danos à planta quando está no estágio larval. As larvas, depois de eclodidas e após a primeira ecdise, passam a perfurar os colmos e iniciam a abertura de galerias através da sua alimentação.
Os primeiros sintomas do ataque podem ocorrer precocemente, no terceiro mês após o plantio ou da rebrota da cana-soca, durante a formação dos internódios. Um sintoma bastante típico para identificação é o secamento de folhas apicais em crescimento, isso porque as larvas causam a morte dos pontos de crescimento (gemas apicais). A morte de gemas apicais paralisa o crescimento das plantas, podendo induzir enraizamento aéreo.
Quais são os danos para a planta?
O maior dano causado pela broca-da-cana é no interior do colmo. As larvas ao se alimentarem formam galerias que prejudicam o desenvolvimento da planta. Quando as galerias são no sentido longitudinal, ou seja, no mesmo sentido de crescimento do colmo, os principais danos são à redução do peso e da qualidade dos colmos, implicando na redução do teor de açúcar. Quando as galerias são transversais ou circulares ao colmo, podem ainda favorecer para a quebra dos colmos, o que interfere significativamente na produção.
Danos indiretos podem ocorrer através da entrada de fungos oportunistas pelos furos abertos nos colmos. Infecções por Fusarium spp. são bastante comuns, caracterizado pela coloração avermelhada na região de ataque e também chamado de podridão vermelha. Outras espécies como Colleototrichum graminearum também podem ocorrer. O ataque desses fungos podem induzir o processo de inversão da sacarose, o que reduz o teor de açúcar e consequentemente à qualidade dos colmos para a indústria.
Condições favoráveis
A ocorrência da broca-da-cana é favorecida por altas temperaturas (calor) e grande quantidade de chuva. Mesmo presente em todas as regiões produtoras do Brasil, à região Centro-Sul tem sido a mais afetada. O clima favorável nessa região pode ser um dos fatores responsáveis pelos ataques mais expressivos. Nessa região, a broca pode ocorrer durante o ano todo, porém, os maiores níveis populacionais têm sido identificados na primavera e no verão.
Estratégias de manejo
O monitoramento é à base para um correto manejo. As estratégias de manejo a serem adotadas, tanto os biológicos quanto os químicos, serão altamente dependentes do monitoramento, que deve ser iniciado a partir do segundo mês de desenvolvimento da cana após o plantio ou após o corte da cana.
Uma das principais estratégias de manejo da broca é o uso de agentes biológicos de controle. Parasitas da espécie Cotesia flavipes tem sido eficientemente utilizados para combater a broca na fase larval. Já o parasita Trichogramma galloi tem sido eficientemente utilizado para o controle na fase de ovo. Tais estratégias têm possibilitado um controle efetivo da broca através da criação e liberação em massa desses parasitoides nos canaviais no momento correto.
O controle químico com o uso de inseticidas também tem sido uma estratégia viável. No entanto, o momento de aplicação dos inseticidas deve atingir lagartas neonatas, recém eclodidas, antes de perfurarem os colmos. Após as larvas entrarem para os colmos a efetividade dos inseticidas cai acentuadamente. A escolha de inseticidas seletivos aos agentes de controle biológico, permitem a otimização do manejo com a proliferação dos mesmos de forma natural no canavial.
Nova tecnologia
A biotecnologia poderá contribuir com novas ferramentas de manejo para essa praga. As proteínas do tipo Cry extraídas de Bacillus thuringiensis (Bt) são efetivas contra a broca-da-cana e podem contribuir para um melhor controle da praga. O desenvolvimento de cultivares transgênicas resistentes a essa praga poderão em um futuro próximo, similar ao que já utilizado em milho, soja e algodão, auxiliar no manejo e reduzir os danos causados, otimizando o processo industrial.
O mais recente lançamento da Bayer para o combate a broca-da-cana é o Belt, inseticida com longo residual de controle e menor custo por dia de controle.