A demanda de água da cultura do algodão

A falta de água pode reduzir o desenvolvimento das plantas e a produtividade da lavoura de algodão. Quando a restrição hídrica ocorre na fase reprodutiva, a qualidade das fibras produzidas é afetada. Por esse motivo, devemos garantir a disponibilidade de água suficiente em todas as fases da cultura, para alcançarmos produtividade e fibras de qualidade.

Leia este artigo de Bollgard e conheça a importância da água para o algodoeiro durante cada período da safra.

A planta de algodão necessita de 650 a 700 mm de água bem distribuídos durante o seu ciclo de desenvolvimento. A água é importante do início ao fim da cultura do algodão:

• No início do desenvolvimento da lavoura, a água é necessária para a germinação, a emergência das plantas e o crescimento das raízes. Esses parâmetros irão influenciar no estande final e no vigor da lavoura.

• Na fase vegetativa, a água é importante para o crescimento das plantas.

• Na fase reprodutiva, a água é importante para o pegamento das flores e maçãs, e também para a formação das fibras.

O consumo de água na lavoura de algodão depende do cultivar utilizado, do ciclo, da época de plantio, das práticas culturais adotadas, da disponibilidade de água no solo, do clima e da região.

Em quais fases do algodoeiro a água é importante?

A necessidade hídrica das plantas deve ser atendida do plantio à colheita. No entanto, em cada etapa, a demanda por água é diferente.

Para se ter uma ideia, de acordo com o gráfico abaixo, apenas a fase de floração e formação de capulhos consome de 50 a 60% de toda a água demandada pela cultura durante a safra.

Fase de formação e enchimento de capulhos: atenção especial à disponibilidade de água no solo.

Cavitação é o nome dado ao estrangulamento do pecíolo das flores quando elas passam da coloração branca para a vermelha. Este fenômeno ocorre devido ao aumento na demanda de água nesta fase, após a planta passar por um período sem água no solo. A cavitação causa mais abortamentos de flores do que o esperado, além da redução da produção da lavoura.

Fase III – de 81 a 130 dias após a emergência

A planta demanda maior quantidade de água do cutout até o primeiro capulho – de 4 a 8 mm por dia.

Durante o enchimento de maçãs, o estresse hídrico provoca menor desenvolvimento das sementes, que irá reduzir o rendimento de pluma. A falta de água nesta fase também provoca menor crescimento dos frutos, além de ocasionar a produção de fibras menores e com menor micronaire.

Fase IV – de 131 a 180 dias após a emergência

A demanda hídrica da planta é reduzida de 6 a 8mm para 6 a 2 mm por dia, após os 120 dias da emergência, mas ainda assim é necessária muita atenção com a água.

Intervalos maiores sem chuvas são desejáveis, enquanto dias seguidos com chuvas em grande volume podem ser prejudiciais. Entenda:

• Estresse hídrico
Muitos dias sob estresse hídrico farão com que a planta desenvolva fibras com menor espessura (micronaire) e resistência.

• Excesso de chuvas
Estruturas reprodutivas do baixeiro que estão iniciando abertura tendem a apodrecer por conta da alta umidade e incidência de doenças.

Neste contexto, o ideal é que as chuvas sejam bem distribuídas, para que seja possível produzir fibras de qualidade, com características positivas de maturidade, micronaire, resistência, reflectância e grau de amarelecimento.

Tempo mais firme no fim do ciclo propicia a formação de fibras brilhantes, bem floculadas e com maior grau de brancura – características desejadas pelo mercado.

Para poder oferecer água para as plantas de algodão mesmo em condições de estresse hídrico, devemos nos ater aos seguintes detalhes:

• Solos compactos, ácidos e que possuem concentração elevada de alumínio no subsolo.
Proporcionam menor aprofundamento do sistema radicular e maior possibilidade de estresse hídrico nas plantas, devido ao baixo volume de solo explorado pelas raízes.

• Condicionamento do solo
Para que o algodoeiro se desenvolva melhor, devemos possibilitar maior crescimento das raízes, que ajudam a planta absorver mais água do solo. Isso é possível por meio do condicionamento do solo.

• Plantio direto
Além de diminuir a oscilação da temperatura do solo, a presença de cobertura do solo no sistema de plantio direto evita a perda excessiva de água do solo.

• Época de plantio errada
Plantios tardios podem predispor as plantas à falta de água na fase reprodutiva, comprometendo a produção e qualidade final das fibras. Por isso, é essencial verificar a melhor época de plantio da variedade para a região.

• Controle de pragas do solo
O controle de pragas do solo é fundamental para que as plantas apresentem maior volume de raízes e atravessem períodos de estresse hídrico em melhores condições. Entre as pragas que destroem as raízes das plantas de algodão, estão o percevejo-castanho (Scaptocoris castanea e Atarsocoris brachiariae), e os nematoides nematoide-das-galhas (Meloidogyne incognita), nematoide-das-lesões-radiculares (Pratylenchus brachyurus) e nematoide reniforme (Rotylenchulus reniformis).

Importância da água para o algodoeiro

Na fase II do algodoeiro, a demanda hídrica das plantas é de 2 a 4 mm por dia, enquanto as fibras crescem cerca de 1 mm por dia. A falta de água diminui o comprimento das fibras e das plantas, que geram menor número de nós.

Longos períodos de chuva e tempo encoberto nesta fase ocasionam abortamento de flores. Por outro lado, períodos maiores de seca e dias quentes perto do pico de florescimento provocam cavitação na planta.

Importância da água para o algodoeiro

Demanda hídrica do algodoeiro

Confira o resumo da demanda hídrica do algodoeiro na tabela da Empresa Brasileira de pesquisa Agropecuária (Embrapa):

Como sempre ter água disponível para o algodoeiro?

Manejo de nematoides para facilitar o acesso à água

Quando a lavoura de algodão está em pleno desenvolvimento, o monitoramento e o manejo de pragas são atividades de rotina. No entanto, ao menos quando o objetivo é realizar um bom manejo de nematoides que reduzem o desenvolvimento radicular da planta de algodão, o trabalho deve começar antes mesmo do plantio, com a prática de rotação de culturas. Acesse o nosso artigo sobre rotação de culturas para manejo de nematoides no algodoeiro e conheça as culturas de cobertura que mais auxiliam no manejo dessas pragas. Conte com essas informações para construir uma estratégia de manejo de longo prazo, de modo que a produção da sua fibra de algodão seja mais rentável e sustentável.