Safra recorde à vista: estimativas para a produção de grãos
Confira os principais números projetados para a próxima safra de soja, milho e algodão no Brasil, entre outras notícias do setor20 de setembro de 2024 /// 8 minutos de leituraA produção de grãos no Brasil deve atingir um novo recorde histórico em 2024/2025, chegando a 326,9 milhões de toneladas. O resultado é de 8,2% acima da temporada anterior, como apontam as primeiras perspectivas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Para a soja, o cenário é otimista: embora os preços no mercado interno estejam sob pressão e certos desafios dificultem a rentabilidade, a oleaginosa continua sendo uma cultura lucrativa e com alta liquidez.
O aumento da demanda global, impulsionado pelo crescimento da produção de biocombustíveis e pelo maior volume de esmagamento, tanto no Brasil como em outros países, fortalece as perspectivas de crescimento nas exportações de soja e no processamento interno.
Esse contexto também favorece a expansão da área cultivada, que pode alcançar 47,4 milhões de hectares. Além disso, após adversidades climáticas que afetaram os principais estados produtores de soja, espera-se uma recuperação da produtividade, resultando em uma produção total de 166,3 milhões de toneladas, 12,8% superior à safra anterior.
Projeções para o milho e algodão
Em relação ao milho, a área plantada deve permanecer praticamente estável, mas a produtividade tende a melhorar, o que deve elevar a produção para 119,8 milhões de toneladas, 3,6% acima do ciclo passado.
Apesar do aumento na safra, as exportações de milho estão estimadas em 34 milhões de toneladas para o ciclo 2024/2025, uma queda de 5,6% em comparação ao ano anterior. Isso deve acontecer porque, no mercado doméstico, a demanda por milho tende a se manter forte, impulsionada pelo bom desempenho das exportações de proteína animal, que utilizam o grão na alimentação. Além disso, a produção de etanol a partir do milho deve crescer 17,3%, o que ajuda a aumentar a demanda interna do cereal.
Para o algodão, a Conab projeta um novo crescimento de área, que pode chegar a 2 milhões de hectares, um aumento de 3,2% em relação à 2023/2024. Os produtores têm apostado na fibra devido à sua alta rentabilidade em comparação a outros grãos, à facilidade de comercialização antecipada e à competitividade de preço e qualidade da pluma brasileira no mercado internacional. Esses fatores sustentam as expectativas para a produção de algodão na safra 2024/2025, com uma colheita estimada em 3,7 milhões de toneladas.
"Fiquei positivamente surpreendido com essa estimativa para a safra 24/25. Destaco a expectativa de crescimento para a área de soja, com 1,4 milhão de hectares e 20 milhões de toneladas a mais. O milho deve permanecer com a mesma área, mas gerando 4 milhões de toneladas a mais, o que é bom para as indústrias de etanol de milho e para o setor de rações. No algodão também devemos ter uma safra robusta, com quase 3,7 milhões de toneladas de pluma. Agora é torcer para essa primeira estimativa se confirmar porque isso é importante para a economia do Brasil", comenta o professor Marcos Fava Neves sobre as estimativas para a próxima safra.
Giro de notícias
A seca está afetando a logística nos portos do Arco Norte. O baixo nível dos rios dificulta a navegação, o que deve desviar as rotas e aumentar os custos, além de atrasar as entregas e encarecer os fertilizantes.
O período de seca e calor deve se prolongar até meados de outubro, devido ao atraso das chuvas que eram esperadas para o início da primavera. Esse cenário pode atrasar o início do plantio das culturas de verão, como já vem ocorrendo em algumas lavouras de soja e feijão.