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Principais pontos para acompanhar na próxima safra

Alexandre Mendonça de Barros fala sobre os impactos do cenário nacional e internacional na safra 2024/25
28 de junho de 2024 /// 10 minutos de leitura
O câmbio é um dos pontos que os produtores devem observar para a tomada de decisão na safra 24/25.

Principais pontos para acompanhar na próxima safra

Alexandre Mendonça de Barros fala sobre os impactos do cenário nacional e internacional na safra 2024/25

Os preparativos para a safra 2024/25 já começaram e os produtores devem ficar atentos aos fatores internos e externos para as tomadas de decisão.
O primeiro ponto para acompanhar, de acordo com o analista de mercado Alexandre Mendonça de Barros, é o câmbio. Para ele, os produtores devem aproveitar esse momento em que o real está mais enfraquecido em relação ao dólar.

Essa desvalorização é explicada pela manutenção de alta na taxa de juros americana, devido aos níveis de emprego que continuam bastante aquecidos nos Estados Unidos.

Outro fator que está influenciando o câmbio é o cenário das contas públicas brasileiras, com a possibilidade de não cumprimento da meta fiscal e aumento da dívida, a despeito do alto saldo comercial do país.

"Por isso, no nosso entendimento, temos que aproveitar esse momento para fazer uma precificação futura e pensar na relação de troca com os insumos", acrescenta o especialista.

Estimativas para a safra da América do Sul

Após as intempéries climáticas no Rio Grande do Sul, é esperada uma redução no volume de safra do Brasil, pois ainda há soja e milho para serem colhidos no estado gaúcho.

De acordo com Mendonça de Barros, as projeções indicam redução de produtividade na safra de soja brasileira, no milho e no arroz.

Já a Argentina, que esperava colher 54 milhões de toneladas de soja, deve fechar a safra com cerca de 50 milhões de toneladas. Uma redução ainda maior é estimada para o milho, que das 55 milhões de toneladas previstas, deve ficar em 46 milhões. "Esse número é importante porque a Argentina é a terceira maior exportadora do mundo, junto com a Ucrânia, que passa por um cenário desafiador."

Ainda olhando para o milho e para a safrinha brasileira, as projeções do analista de mercado são de que o volume produzido deve cair em relação ao ano passado, em pelo menos 12 milhões de toneladas. "Se somarmos o aumento do consumo de milho brasileiro para a indústria de etanol, para o setor de carnes e leite, o Brasil deverá ter um déficit de 18 milhões de toneladas para ofertar ao mercado internacional. Não é à toa que os preço do milho começou a subir nos mercados futuros", observa.

Andamento da safra americana

O analista de mercado também destaca a evolução do plantio nos Estados Unidos. É preciso acompanhar o desenvolvimento da safra americana, que até o momento não apresenta intercorrências.

"Por enquanto não há nenhum fator que desabone a safra dos Estados Unidos. Na minha opinião, a visão negativa de preços da soja e do milho no mercado internacional se esvaiu. Não parece que haverá grandes reposições de estoque no mundo, mas não há grande potencial de alta nesse momento."

Mercado de trigo

De acordo com Mendonça de Barros, as notícias da safra russa de trigo, atualmente o maior exportador do cereal, não são positivas. Há expectativas de perdas de 10% na produção. Esse fator se soma ao momento desafiador e incerto que os produtores gaúchos estão enfrentando com o plantio da safra de trigo. Ainda não se sabe se eles irão recuar na intenção de plantio, dado que perderam um período importante da semeadura. "Não se sabe qual será o desfecho, mas parece que o trigo subiu um degrau no mercado internacional. Como temos que importar trigo para fechar o balanço do mercado interno, isso ajuda a puxar os preços no Brasil."

É o momento de comprar defensivos?

Para o analista, a relação de troca no mercado de insumos está favorável para os produtores. Ele acredita que haverá uma corrida por defensivos agrícolas, conforme o calendário de plantio se aproximar.

"Todos estão esperando o preço dos defensivos caírem mais para efetivar as negociações, mas minha impressão é que não vai cair, pelo contrário, existe o risco de uma corrida por insumos. Portanto, é o momento de aproveitar essa oportunidade", conclui o analista de mercado.



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