Blog do Agro

Panorama da safra de milho

Confira as perspectivas para o mercado e o cenário da produção no Brasil, segundo análise de Alexandre Mendonça de Barros
15 de janeiro de 2025 /// 6 minutos de leitura

O analista de agronegócio Alexandre Mendonça de Barros, da consultoria MB Agro, afirma que espera um cenário positivo para a produção de milho no Brasil neste ano.

De acordo com ele, a recente valorização do milho, especialmente no Brasil, foi impulsionada por uma reversão na posição dos fundos de investimento. "Os balanços mundiais de milho estão equilibrados, com a produção dos Estados Unidos alcançando a segunda melhor safra de sua história e a China obtendo sua melhor produção. Além disso, Brasil e Argentina também tiveram desempenhos razoáveis.”

Com a estimativa de boas safras nos próximos anos e a relação estoque-uso mundial de milho se mantendo estável, o especialista acredita que o mercado estará mais apertado.

Ele também ressalta o aumento da demanda interna, com o crescimento da produção

de etanol de milho e a expansão da indústria de aves e suínos no Brasil. "Foram 18 milhões de toneladas de milho consumidas para a produção de etanol de milho no ano passado, o que reflete a força do mercado interno.”

Adicionalmente, o Brasil se consolidou como o maior exportador mundial de milho, com a exportação de 55 milhões de toneladas na última safra. No entanto, a projeção para 2025 é de 37 milhões de toneladas, considerando que a produção será 12 milhões de toneladas inferior à do ciclo passado, enquanto o consumo interno, especialmente no etanol, aumentou.


Investimento em tecnologia

O especialista em agronegócio também abordou as dificuldades enfrentadas pelos produtores em relação ao financiamento para investimentos em tecnologia, especialmente após eventos climáticos adversos, como a enchente no Rio Grande do Sul. "As perdas podem exigir mais capital para reconstruir as lavouras, e em um cenário como este, pode ser difícil para os produtores obter o investimento necessário", afirmou.

Apesar disso, ele acredita que a utilização da tecnologia deverá se manter nos patamares dos anos anteriores. "O Brasil é um país muito grande, com diferentes realidades de produção, mas não acredito que a safra será comprometida, pois os números macroeconômicos indicam que teremos uma safra com investimento em tecnologia similar à do ano passado", explica.

Sobre a situação do mercado de fertilizantes, Mendonça de Barros afirma que a venda de adubos deverá ficar em torno de 46 milhões de toneladas, número similar à safra anterior.


Preço dos Insumos: expectativas e riscos

Quanto aos preços dos insumos, o analista de mercado ressalta que, embora as margens estejam apertadas, os custos de produção estão de acordo com a realidade do mercado internacional. No entanto, Mendonça de Barros alerta para fatores externos que podem impactar os preços. "A China reduziu a exportação de fertilizantes fosfatados para priorizar a produção de baterias, o que pode elevar o preço do fósforo. Além disso, questões geopolíticas podem afetar o fornecimento de insumos como potássio, exportado por Israel, e nitrogênio, exportado pelo Oriente Médio.”

Diante desse cenário, ele recomenda cautela aos analistas do agronegócio. "É essencial estar atento a essas dinâmicas, pois qualquer mudança no cenário internacional pode impactar o setor", conclui.

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