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Rentabilidade protegida: como mitigar riscos na agricultura?

Entenda quais são as ferramentas disponíveis no mercado e como o agricultor pode se proteger contra perdas e controlar os riscos na gestão da produção. 29 de setembro de 2023 /// 11 minutos de leitura

A atividade agrícola é um mar de riscos. São inúmeras as variáveis que podem impactar o negócio do produtor rural e muitas delas são incontroláveis, como um evento climático adverso, os preços internacionais das commodities, entre outros fatores comuns a uma atividade realizada a céu aberto.

No entanto, existem riscos que podem ser mitigados e, nesse sentido, aprimorar a gestão do negócio é fundamental em um momento em que a produção de grãos cresce significativamente no Brasil. Entre a safra 2018/19 e a atual, 2022/23, por exemplo, a produção saltou de 247 para mais de 320 milhões de toneladas, um avanço de 30%.

De acordo com o professor Marcos Fava Neves, nos últimos quatro anos, o Brasil aumentou a área de grãos em mais de 15 milhões de novos hectares e a produção passou de 70 milhões de toneladas em relação ao mesmo período.
"O investimento feito pelo produtor brasileiro, estimulado por preços internacionais interessantes, além da situação de crise e adversidades climáticas que atingiram a Argentina e os Estados Unidos, resultou em um momento único da agricultura brasileira. Mas esse crescimento não veio sem riscos porque muitos produtores tiveram o custo de produção elevado, não venderam antecipadamente e os preços das commodities caíram", comenta o especialista em agronegócio, reforçando que esses riscos poderiam ter sido minimizados com uma adequada gestão financeira.

Samuel Brito, trader de originação de grãos e oleaginosas na Louis Dreyfus, explica que, tal qual os ciclos econômicos, há fases de alta e baixa nos mercados agrícolas. Por isso, o produtor deve olhar sua margem histórica relacionada aos custos de insumos versus a produção. "Por momentos, podemos ver a demanda crescendo com sinais vindo de economias globais e maior disponibilidade de produto, mas também podemos ver a demanda migrando para outros produtos a despeito do preço, então, quebras de safra não significam necessariamente preços melhores para o produtor."

Na opinião de Samuel, o produtor deve estar sempre de olho nas oportunidades para mitigar os riscos, travando parte dos custos. Para isso, existem ferramentas que permitem trabalhar componentes importantes para a precificação de grãos: logística, bolsa de Chicago e os prêmios no Brasil, que é o valor que o importador quer pagar pela soja no Porto de Santos.

De acordo com o trader, empresas confiáveis oferecem a opção para o produtor travar os componentes em aberto, ou seja, ele trava parte do que é necessário, tomando a decisão em momentos distintos. "Neste ano, vimos um grande problema de logística no escoamento da safra no Brasil. A produção enorme fez com que os portos operassem nas capacidades máximas, com filas de navios e de produtos no interior. Quem não se preparou e não amarrou contratos com componentes de logística para garantir uma tranquilidade de escoamento da produção, acabou sentindo no bolso", afirma.

Para Pollyana Moraes, trading desk manager na Bayer, a plantação é uma poupança a céu aberto porque o produtor coloca todo seu investimento ali esperando um retorno que pode não ser garantido. "Por isso mesmo, ele deveria utilizar todas as ferramentas que estão à disposição para se proteger, para evitar que o que ele vai produzir seja menor do que o investimento feito", diz.
Uma dessas ferramentas é o Barter, que consiste na troca dos grãos por insumos, permitindo fixar os custos através das perspectivas de mercado para os preços das safras.


Quando e como usar o Barter?

O Barter pode ser utilizado de diversas maneiras, mas, em síntese, representa quantas sacas de milho, soja, sorgo ou outros grãos, serão trocadas por insumos para plantar e tocar a produção.

"O produtor deve olhar para o negócio dele buscando longevidade e essa é uma ferramenta excelente, que tem boa aderência e é cíclica. Nossa última safra mostrou que é importante compartilhar o custo travado, o agricultor não pode ficar completamente exposto", afirma Samuel.

A ferramenta, portanto, traz diversas garantias e benefícios, permitindo que o produtor use a indústria a seu favor para obter melhores preços, como instrumento de hedge.

Carlos Branduliz, líder de commodities e finanças aos clientes na Bayer, destaca que, além disso, a operação tem se tornado cada vez mais simples e fácil de ser realizada. "Era uma operação conhecida como burocrática, mas não é mais. Ela está cada vez mais digital e acho que esse é outro benefício porque traz o produtor para essa realidade digital."

O Barter está disponível para todos os agricultores, que conseguem ter acesso à ferramenta através de tradings, da própria indústria e de bancos.

A Bayer também oferece a ferramenta Barter Plus, conectada à plataforma Climate FieldView™ e que permite utilizar dados do agricultor, com o consentimento dele, para individualizar a operação, de forma personalizada e individualizada. "Dessa forma, consideramos o planejamento financeiro, o histórico de produtividade e a realidade de cada produtor para propor a melhor solução", destaca Pollyana.

Dentro das modalidades da ferramenta, a especialista da Bayer explica ainda que existe o Barter físico, que estabelece o preço da commodity para o agricultor. Mas quando o produtor não quer negociar o físico naquele momento, a Bayer oferece a possibilidade de acoplar um seguro de preço na negociação para proteger o agricultor. "É uma estrutura que dá liberdade para o produtor negociar o físico no melhor momento, quando ele achar mais oportuno, mas fazer isso de forma segura", reforça a trading.


Soluções personalizadas para os agricultores

Na análise do professor Marcos Fava Neves, as próximas décadas são promissoras para a agricultura brasileira, especialmente para o mercado de grãos, com altas perspectivas de crescimento na produção e na demanda para abastecer o mercado de carnes, de bioenergia, entre outros setores. Apesar disso, o preço não está garantido, daí a importância de ferramentas que ajudam a mitigar riscos para garantir margem e um custo de produção menor, mesmo quando o preço da commodity recua.

"O produtor tem um pacote tecnológico à disposição atualmente, que permite a aplicação adequada de defensivos, o uso otimizado de fertilizantes, a gestão por metro quadrado e não mais por hectare, além das tecnologias de drones, imagem e inteligência artificial. Eu costumo dizer que temos que privilegiar os investimentos que nos tornam melhores antes de ficarmos maiores."

Para contribuir com a gestão de riscos, e unindo soluções à tecnologia digital, a Bayer está prestes a lançar o Barter View, que poderá ser utilizado para soja, milho, café e algodão. O objetivo é tornar a ferramenta acessível e democrática, com uma visão de ponta a ponta do processo, de acordo com Carlos.

"O Barter View é uma plataforma que vai manter o pioneirismo que a Bayer tem na modalidade de Barter e vai colocar o produtor nesse mar digital. Além disso, temos o processo de CPR Digital (Cédula de Produto Rural) em andamento. Os CPRs levavam vários meses para serem registrados e agora conseguiremos finalizar um processo em até 15 dias, o que vai trazer ainda mais agilidade para operação" conta Pollyana.

Os produtores ainda poderão resgatar pontos da plataforma Orbia via Impulso Bayer, conectando todas as alternativas de negócios com as ferramentas disponibilizadas pela empresa.

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