Blog do Agro

3 fatores que podem impactar os mercados agrícolas em 2023

Alexandre Mendonça de Barros analisa os efeitos da macroeconomia global no agronegócio e os pontos que merecem atenção no próximo ano14 de janeiro de 2023 /// 9 minutos de leitura

O analista de mercado Alexandre Mendonça de Barros destaca três fatores da macroeconomia internacional que podem influenciar os mercados agrícolas em 2023.

1. Desaceleração da economia global

Mendonça de Barros destaca que a alta na inflação e a desaceleração da economia global terão efeitos sobre os mercados agrícolas.

Segundo ele, analistas de grandes centros internacionais de inteligência agrícola demonstram preocupação com o tamanho dessa desaceleração e o impacto sobre as demandas, principalmente no setor de carnes. "Se a demanda de carne diminui, por decorrência, a demanda de grãos tende a sofrer as consequências. Recentemente, também vimos o índice de preços de alimentos da FAO mostrar uma acomodação. Quando os preços dos alimentos caem, o dos insumos agrícolas caem junto. Já estamos vendo uma queda muito relevante nos preços dos fertilizantes, principalmente no Brasil."

Com isso, ele constata que haverá certa desaceleração dos preços agrícolas para 2023/24.

2. Paralisações na China

Outro ponto central na análise global são as paralisações na China, em decorrência de novos casos da Covid-19. "Esse assunto é importante porque nos países nos quais a vacinação permitiu que as pessoas voltassem a circular, houve uma resposta econômica muito forte. Portanto, se a China mudar a estratégia para conter a Covid, indo na mesma direção do que foi feito no Ocidente, vejo uma possibilidade de sermos surpreendidos por um movimento de mais compra de alimentos", comenta Mendonça de Barros.

Segundo o especialista, a adoção dessa estratégia contribuiria para o aumento da demanda de produtos brasileiros como carne bovina, soja emilho.

3. Conflito entre Rússia e Ucrânia

A continuidade da guerra entre Rússia e Ucrânia também pode gerar impactos nos mercados agrícolas no próximo ano.

Os ucranianos conseguiram concluir a safra em 2022, mas com uma produção que registrou queda de cerca de 12 milhões de toneladas de milho e 10 milhões a menos de toneladas de trigo.

Para 2023, de acordo com Mendonça de Barros, a dificuldade para o plantio deve continuar caso a guerra se estenda, o que significa uma quantidade menor de grãos exportados.

"É importante ressaltar mais um ponto: calcula-se que os gastos com os esforços de guerra chegam a quase 30% de toda a arrecadação do governo da Rússia. Isso, somado à desaceleração da economia, torna mais difícil o financiamento dessas despesas. Por isso, o governo russo anunciou um aumento na tributação sobre insumos, principalmente fertilizantes."

Na opinião de Mendonça de Barros, esse fator não deve ter grandes efeitos sobre a oferta russa. No entanto, se a tributação escalar, é possível que desestimule a produção de alguns insumos, o que impactaria a oferta e demanda desses produtos nos mercados agrícolas.


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