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Atualizações da safra de cana no Brasil

Acompanhe os principais indicadores do mercado sucroalcooleiro e os impactos dos incêndios na produção de cana na região Centro-Sul04 de outubro de 2024 /// 8 minutos de leitura

O último acompanhamento da safra de cana-de-açúcar na região Centro-Sul estimou o processamento acumulado da temporada atual em 466,3 milhões de toneladas. Os dados divulgados pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA) consideram o período de abril até o dia 16 de setembro. Esse resultado representa um crescimento de quase 3,9% em relação ao mesmo período da safra anterior.

No entanto, na primeira quinzena de setembro, a moagem de cana foi de 42,9 milhões de toneladas, uma queda de 2,5% comparado ao ciclo 2023/2024.

A qualidade da matéria-prima, medida pelo ATR (Açúcares Totais Recuperáveis), foi de 159,5 quilos por tonelada na primeira metade de setembro, um aumento anual de 4%. No acumulado da safra, o ATR foi de 139,3 quilos por tonelada, apenas 0,4% acima do ciclo passado.

Já o mix de produção acumulado até meados de setembro foi de 48,96% para o açúcar e de 51,04% para o etanol. O mix para o adoçante vem apresentando queda, enquanto a destinação para o biocombustível aumenta, o que pode ser explicado pelos problemas de qualidade da cana e impacto das recentes queimadas.


Mercado da cana e impacto das queimadas

Cerca de 414 mil hectares de áreas de cana-de-açúcar e rebrota de cana foram atingidas pelos incêndios ocorridos nos últimos meses, nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

O prejuízo provocado pelas queimadas foi estimado em de R$ 2,7 bilhões, de acordo com dados da Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana). Contudo, esses valores devem ser constantemente reavaliados, uma vez que os focos de incêndio continuam e a seca tende a se estender.

O professor Marcos Fava Neves destaca o cenário para o mercado de cana-de-açúcar no Brasil: "Os principais direcionadores de mercado da cana são favoráveis para o aumento de preços. Estamos exportando bastante açúcar, temos o impacto do clima e das queimadas sobre a safra, além de uma produção menor do que o esperado. O consumo do etanol também está forte, portanto, acredito que teremos uma subida no valor do ATR nessa parte final do ano. Mas é um ano complexo para a cana e, talvez, um dos piores em termos de clima."


Giro de notícias do agro

O ritmo da colheita está mais acelerado nos Estados Unidos nesta temporada. Até o dia 29 de setembro, 21% da área ocupada pelo milho e 26% das lavouras de soja já haviam sido colhidas.

O avanço da colheita de trigo tem pressionado para baixo os preços do cereal. Os moinhos reduziram a moagem por causa dos estoques elevados e baixa liquidez no mercado de farinhas. Em setembro, o preço médio no Paraná foi de R$ 1.482 a tonelada, uma retração de 3,6% em relação a agosto.

Já a soja acumulou alta em setembro. A saca no Paraná subiu 3%, para mais de R$ 139 reais. A valorização é reflexo do aumento da demanda em indústrias esmagadoras e resistência dos produtores em vender o restante da safra anterior ou comprometer a nova safra, que enfrenta incertezas climáticas.

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