Perdas na colheita da soja: como identificar e evitar prejuízos
As perdas na colheita da soja podem ser evitadas com o monitoramento da queda dos grãos e a adoção de estratégias para tornar a operação mais eficiente.19 de novembro de 2024A colheita é uma das etapas mais importantes do processo de produção de soja. Isso se deve a vários fatores, principalmente pelos riscos associados a essa operação. Caso não seja conduzida corretamente, ela pode gerar prejuízos significativos à rentabilidade da safra.
Para os padrões internacionais, as perdas na colheita da soja devem ser de até uma saca (60kg) por hectare. Porém, no Brasil, elas são estimadas entre duas ou mais sacas por hectare.
Para evitar esses prejuízos, você precisa monitorar e calcular essas perdas e adotar estratégias eficazes para garantir uma operação mais eficiente. Neste artigo, explicaremos como medir esse prejuízo e o que fazer para otimizar a colheita.
Como identificar perdas na colheita da soja?
Elas podem ser identificadas com diferentes metodologias, como avaliação visual, contagem e pesagem. Atualmente, as mais utilizadas são o cálculo e o copo de medidor volumétrico, desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Entenda abaixo como esses métodos funcionam e aprenda a estimar de maneira prática.
Como calcular perdas na colheita da soja?
O cálculo é bem simples. O primeiro passo é escolher uma área da lavoura de 1 a 2 m² e passar a colhedora sobre essa área demarcada. Depois disso, todos os grãos que ficaram sobre o solo ou ainda presos às plantas devem ser coletados e pesados.
O próximo passo é aplicar os dados coletados na seguinte fórmula para estimar as perdas em kg por hectare:
Perdas (kg/ha) = [Peso dos grãos coletados em (kg) × 10.000 m² (1 ha)] / tamanho da área de coleta em m2
Por exemplo, se forem coletados 20 g de grãos (que corresponde a 0,020 kg) em uma área de 2 m², o cálculo seria feito assim:
Perdas (kg/ha) = (0,020 kg × 10.000 m2) / 2 m2 = 100 kg/ha
Nesse exemplo, a perda estimada é de 100 kg por hectare, correspondendo a mais de uma saca por hectare. Essa taxa de perda pode ser considerada alta, especialmente em áreas de menor produtividade.
Como usar o copo medidor volumétrico?
O teste do copo medidor volumétrico é a metodologia mais utilizada para identificar perdas durante a colheita. Segundo a Embrapa, ele possui 94% de precisão e é menos suscetível a erros humanos. Por isso, ele é muito usado em campo.
Para fazer esse teste, você precisa usar um copo medidor específico, um recipiente cilíndrico e transparente com uma régua volumétrica impressa em sua superfície.
Essa régua permite medir o volume dos grãos coletados em uma área específica, relacionando-o diretamente com o peso estimado, expresso em sacos de 60 kg por hectare.
Para usar esse copo, você também precisa delimitar uma área de coleta de 2 m² e passar uma colhedora nesse perímetro. Em seguida, deve recolher todos os grãos perdidos nessa área, incluindo os encontrados sobre o solo e aqueles que não foram completamente debulhados.
Após a coleta, eles devem ser colocados no copo medidor. A régua graduada do copo indica diretamente o número de sacos perdidos por hectare.
Como evitar perdas na colheita da soja?
Para evitar perdas na colheita da soja, é importante adotar algumas estratégias antes, durante e depois da operação. Confira quais são essas práticas a seguir:
Antes da operação
Antes de iniciar a operação, você precisa fazer a limpeza do maquinário. Essa prática evita a disseminação de sementes de plantas daninhas e prevenir a contaminação dos grãos com doenças e matéria orgânica indesejada.
A outra estratégia importante é fazer a dessecação pré-colheita, que consiste na aplicação de herbicidas de contato quando a soja atinge o ponto de maturação fisiológica (estágios R7 e R8).
Ela uniformiza a maturação das plantas, facilita a operação e reduz perdas em condições climáticas adversas, como altas temperaturas e chuvas intensas.
No dia da operação
No dia da colheita, você deve se concentrar no ajuste e regulagem do maquinário. Outra medida importante é ajustar a velocidade da colhedora e escolher o dia com cuidado. A operação não deve ser realizada em dias chuvosos ou em áreas que ainda têm muitas plantas daninhas.
Além disso, é importante evitar períodos em que as plantas ainda apresentam muitas vagens verdes, já que isso pode causar a quebra e a coleta de grãos que ainda não estão maduros.
Depois da operação
Um bom manejo pós-colheita da oleaginosa também é importante para reduzir perdas quantitativas e qualitativas da safra.
Para isso, você deve adotar medidas que assegurem um armazenamento de grãos eficiente, como controle de temperatura, limpeza de silos, monitoramento de pragas e aplicação de defensivos.
Quais são as possíveis perdas na pré-colheita?
As perdas que ocorrem antes do início da operação podem ser causadas por diversos fatores. Um deles é a debulha natural, fenômeno que ocorre em algumas cultivares de soja mais suscetíveis à abertura das vagens (deiscência).
Ele causa a queda dos grãos das vagens antes do início na operação e tende a se agravar à medida que a colheita atrasa. Outro problema é o acamamento das plantas, fenômeno que ocorre quando as elas se curvam ou tombam, dificultando o trabalho das colhedoras.
A ocorrência de condições climáticas específicas, como chuvas ou orvalho combinados com altas temperaturas, também afeta diretamente a qualidade e a quantidade. Isso porque ela pode induzir à debulha natural e aumentar o risco de doenças da soja.
Quais são as possíveis perdas durante a colheita?
Os prejuízos relacionados a essa operação são causados principalmente durante o uso da colhedora. Cerca de 80% a 85% das perdas estão concentradas na plataforma de corte, especialmente nos mecanismos de corte e alimentação.
Elas ocorrem principalmente devido à má regulagem da máquina, que nem sempre está ajustada corretamente para o espaçamento e número de linhas da lavoura.
A velocidade de deslocamento durante a operação também pode causar problemas. Velocidades mais altas, por exemplo, aumentam a quantidade de grãos não trilhados, gerando um desperdício de até 15% da lavoura.
Outros fatores que causam prejuízos durante incluem a rotação e posição incorretas do molinete, e problemas na abertura entre o cilindro e o côncavo.
Além disso, o mau funcionamento no sistema de transporte e falhas nos mecanismos de separação e limpeza, como saca-palhas e peneiras, também prejudicam a operação.
A falta de manutenção regular dessas máquinas também pode agravar a situação, já que colhedoras mal-conservadas tendem a operar com eficiência reduzida.
3 formas de reduzir as perdas na colheita de soja
Problemas durante a operação são comuns, mas com as estratégias certas, você pode minimizar prejuízos e aumentar a rentabilidade. Confira abaixo 3 estratégias práticas:
1. Ajuste a velocidade durante a operação
Mantenha a velocidade de deslocamento da colhedora entre 4 e 6,5 km/h. Essa faixa garante que a máquina opere de forma eficiente, evitando que grãos sejam perdidos devido a um corte inadequado ou à falta de trilhagem.
2. Faça a colheita no momento certo
O momento ideal é quando os grãos atingem uma umidade entre 13% e 15%. Colher os grãos com umidade superior a isso pode prejudicar o desempenho da colhedora, causando entupimentos e danificando os grãos.
Além disso, condições climáticas adversas, como chuvas e ventos fortes, podem derrubar os grãos antes da coleta, prejudicando a produtividade.
3. Faça a regulagem do maquinário
O maquinário desregulado pode resultar em uma perda de, em média, 3 sacas por dia! Para evitar esses prejuízos, é importante garantir que a colhedora esteja bem ajustada. Para isso, você deve ficar atento aos seguintes pontos durante a manutenção dessa máquina:
Barra de corte: verifique se as navalhas estão em boas condições e se não há dedos danificados;
Rotação e altura do molinete: se forem muito altas podem resultar na quebra dos ponteiros, fazendo com que vagens e grãos sejam arremessados. O ideal é que a rotação esteja entre 15% e 20% da velocidade da colhedora;
Folgas no sistema de trilhas: garanta que todos os componentes estejam bem ajustados;
Manutenção geral: faça a limpeza do maquinário, ajustes na tensão das correias, lubrificação nas partes móveis e substituição de peças gastas ou danificadas no sistema de armazenamento e descarga.
Coloque essas dicas em prática para reduzir as perdas e aumentar a rentabilidade da sua lavoura!
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