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O manejo do pulgão-do-algodoeiro

Conheça o comportamento do pulgão-do-algodoeiro e saiba como manejar este inseto de forma eficaz.21 de julho de 2022

Além de sugar a seiva das plantas, o pulgão-do-algodoeiro transmite doenças e pode reduzir a qualidade das fibras produzidas. Nesse contexto, a praga tem grande relevância na cotonicultura, o que torna seu manejo muito importante para produtores que buscam alta produtividade.

O período crítico de controle desta praga se inicia a partir da emergência das plantas de algodão e segue até a fase reprodutiva.

Bollgard II RRFLEX® acredita que a performance do algodoeiro depende, entre outras coisas, de um bom manejo de pragas. Para auxiliar você na tarefa de reduzir danos causados por pulgão (Aphis gossypii) em sua lavoura, preparamos este artigo.

Conheça o inseto, para realizar seu manejo!

Identificação do pulgão no algodoeiro

Os pulgões possuem cerca de 1,3 mm de comprimento e apresentam coloração que varia do amarelo claro nas fases jovens, ao verde escuro predominante na fase adulta, além de insetos alados com coloração quase preta.

Esta praga se abriga na face de baixo das folhas do ponteiro, no baixeiro — quando a planta está mais velha —, e no pecíolo e entre as brácteas das maçãs, onde se alimentam da seiva da planta.

Danos do pulgão no algodoeiro

Ao se alimentar das plantas de algodão, o pulgão-do-algodoeiro causa o encarquilhamento e enrugamento das folhas jovens, e a deformação dos brotos, além de transmitir viroses e favorecer a ocorrência de fungos. Veja!

Fumagina

Nas folhas do baixeiro, os danos são diferentes. Por conta do exsudado açucarado que é eliminado pelo pulgão durante a alimentação, ocorre a mela da folha e da pluma. Esta substância açucarada favorece o desenvolvimento de fungos que deixam as folhas com um aspecto escuro, denominado fumagina.

A fumagina diminui a taxa fotossintética e a respiração das plantas, reduzindo a produtividade da lavoura.

Em altas infestações de pulgão, pode ocorrer a paralisação temporária do crescimento das plantas.

Vermelhão-do-algodoeiro e doença azul

Entre as viroses transmitidas pelo pulgão, se destacam o vermelhão-do-algodoeiro (Cotton Anthocyanosis Virus – CAV) e o exsudado mosaico-das-nervuras ou doença azul (Cotton leafroll dwarf virus).

As plantas infestadas com o vermelhão-do-algodoeiro apresentam folhas com áreas avermelhadas entre as nervuras verdes. Estes sintomas são mais observados nas folhas do terço inferior das plantas.

“O ataque de pulgões pode reduzir a produção em até 40%, sem considerar as perdas devido às viroses.”
(Passos, S.M.G. 1997. Algodão. Campinhas:Instituto Campineiro de Ensino Agrícola, 424 p.)

Quando infestadas com a doença azul, as nervuras da planta apresentam coloração amarelada e as folhas ficam mais escuras, com tom azulado. Se observadas contra a luz, é possível identificar aspectos de mosaico nessas folhas.

Folhas com rugosidades e bordos foliares curvados também são sinais de presença de doença azul. Quando ocorre na forma mais agressiva, denominada "Ribeirão Bonito", a virose causa paralisação no crescimento das plantas e encurtamento dos entrenós.

Condições favoráveis para a ocorrência do pulgão-do-algodoeiro

De acordo com o livro “Entomologia Agrícola”, de Gallo et al. (2002), o ciclo de vida desta praga dura cerca de 10 dias, da fase jovem até adulto. Este período pode variar de acordo com a temperatura.

A temperatura ideal para o desenvolvimento do pulgão-do-algodoeiro é de 25 a 30oC, sendo 27oC a temperatura ótima.

Sob condições favoráveis, uma única fêmea pode gerar mais de 120 novos pulgões, ao passo que durante uma mesma safra podem correr até 15 gerações do inseto.

Dias quentes, nublados e úmidos favorecem o desenvolvimento do pulgão-do-algodoeiro.

A presença de plantas daninhas na entressafra também favorece a ocorrência do inseto. Um bom exemplo de plantas que devem ser evitadas são a trapoeraba (Commelina spp.) e o caruru (Amaranthus sp.), que servem de abrigo e alimento aos pulgões.

Época de ocorrência do pulgão-do-algodoeiro

A presença do pulgão na lavoura ocorre logo após a emergência das plantas. Geralmente este inseto é um dos primeiros a colonizar o algodoeiro.

O período crítico de ataque dos pulgões vai dos 30 aos 100 dias após a emergência das plantas.

O controle desta praga deve ser realizado principalmente até a abertura total de todos os capulhos.

O crescimento populacional da praga também é correlacionado com as adubações em cobertura, em especial a adubação nitrogenada. O nitrogênio faz com que as folhas sejam mais fáceis de cortar, deixando a lavoura mais atrativa para o pulgão. Sendo assim, o monitoramento deste inseto deve ser intensificado após as adubações de cobertura.

Monitoramento do pulgão-do-algodoeiro

A amostragem de pulgões deve ser realizada na primeira folha totalmente expandida a partir do ápice da planta.

A amostragem é realizada semanalmente, da emergência até o florescimento da cultura. Após esta fase, o monitoramento deve ser realizado a cada 3 ou 4 dias até a abertura do último capulho.

De acordo com o Caderno de Campo de algodão: identificação e controle de pragas, da Fundação Solidaridad Latinoamericana, a amostragem deve vistoriar, no mínimo, 20 plantas por hectare.

Nível de controle do pulgão-do-algodoeiro

José Ednilson Miranda, pesquisador da Embrapa afirma que o controle de pulgões deve ser realizado de acordo com a susceptibilidade das cultivares às viroses transmitidas pela praga. Entenda:

  • Cultivares resistentes à doença
    Manejo começa após a identificação de 25 a 30% de plantas com a presença de colônias.
  • Cultivares susceptíveis à doença
    Manejo se inicia quando for identificado de 2 a 5% de plantas com a presença de colônias de pulgões.

É considerada uma colônia de pulgão uma amostra com mais de 12 pulgões em uma mesma folha.

Manejo do pulgão nas lavouras de algodão

O manejo do pulgão-do-algodoeiro, assim como de toda praga, deve ser sempre realizado de acordo com o Manejo Integrado de Pragas (MIP).

A primeira ação que devemos considerar para manejar o pulgão-do-algodoeiro é a redução da presença do inseto na entressafra. Esta tarefa pode ser realizada com cultivo de culturas de cobertura não hospedeiras, e por meio do controle de plantas daninhas que servem de abrigo ao pulgão.

A destruição da soqueira de algodão após a colheita também é importante. Além de reduzir a infestação de bicudo na safra seguinte, contribui para a diminuição da incidência de pulgões e viroses no próximo ciclo.

Outra estratégia de controle é a escolha da cultivar. Para o plantio em lavouras que apresentam histórico de presença de pulgões, devemos optar por cultivares que sejam mais tolerantes às viroses transmitidas pelo pulgão.

Com o melhoramento de plantas já temos uma grande variedade de cultivares resistentes no mercado que facilitam o manejo do pulgão.

Controle químico do pulgão no algodoeiro

O controle químico tomando como base o monitoramento é fundamental para o manejo eficiente do pulgão.

Nesse contexto, são recomendados:

Como a reprodução dos pulgões ocorre sem a reprodução sexuada, as ninfas são clones das mães. Portanto, a rotação de ingredientes ativos deve ser respeitada para evitar a seleção de insetos resistentes e preservar a eficiência dos produtos utilizados à campo.

Sabemos que quem planta algodão Bollgard® busca produzir mais e melhor, com sustentabilidade. Por esse motivo, recomendamos que, ao encontrar pulgão-do-algodoeiro em sua lavoura, entre em contato com um engenheiro-agrônomo parceiro e estabeleça os melhores métodos de manejo com foco na redução de danos causados pelo inseto.

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