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Colheita do café: métodos e processamento dos grãos

Conheça os cuidados pré e pós-colheita do café que garantem maior qualidade da safra e aumentam a competitividade da produção no mercado
06 de julho de 2022 /// 3 minutos de leitura

A colheita do café é uma das etapas mais importantes para o sucesso cafeeiro. Afinal, a qualidade da produção é diretamente influenciada pela fase de maturação em que o café é colhido.

Outros fatores também afetam a qualidade do café e podem ser manejados após a implantação da lavoura. Dentre eles, podemos destacar a nutrição das plantas, o manejo fitossanitário, o modo como o processo de colheita é realizado e a secagem dos grãos.

Otimizando esses fatores, o cafeicultor não só melhora a qualidade dos grãos, mas também aumenta a produtividade da cultura do café.

Pensando nisso, neste artigo explicaremos quais cuidados o produtor deve ter durante as fases pré e pós-colheita de café para obter sacas de qualidade.

Boa leitura!

Pré-colheita do café: o que você precisa saber?

Assim como ocorre em outras culturas, os cuidados para obter bons resultados na lavoura começam muito antes do início da colheita.

Para isso, é fundamental que o produtor preste atenção nos aspectos relacionados à nutrição e manejo fitossanitário do cafeeiro.

Continue a leitura para entender esse processo.

Nutrição

Uma adubação adequada é fundamental para o bom desenvolvimento de plantas, resultando em melhores condições para produzir bons frutos, bem formados e de alta qualidade.

Plantas mal-nutridas apresentam deficiências e têm seu potencial produtivo comprometido.

Além disso, a má nutrição pode repercutir num maior ataque de doenças e pragas, em função da suscetibilidade das plantas e, consequentemente, gerar reflexos negativos na qualidade dos grãos.

Por isso, é importante que o cafeicultor invista na fertilização e adubação do solo para que a lavoura tenha acesso aos macro e micronutrientes necessários para o seu crescimento.

Porém, de acordo com o Manual do Café: Manejo de cafezais em produção, publicado pelo EMATER/MG, tanto a escassez quanto o excesso de nutrientes são prejudiciais à cultura.

Por isso, o ideal é que esse processo seja feito com um acompanhamento técnico adequado.

Manejo fitossanitário

Aliado à nutrição, um manejo adequado de doenças e pragas que atingem a cultura do café é essencial para garantir o bom enfolhamento de plantas e melhores condições para formação de frutos.

Ataques de bicho-mineiro e ferrugem têm sido as principais causas de desfolha acentuada em cafezais com reflexo significativo em perdas produtivas.

Outra causa frequente de perdas na cultura tem sido realizada em função de ataques de broca-do-café, penalizando de forma severa a qualidade do grão e impactando na bebida. Grãos brocados podem ter seu peso reduzido em 44% em média.

Além disso, segundo dados da EMATER/PR, dois a cinco grãos brocados representam um defeito na classificação por tipo de café. As perfurações nos grãos servem de abertura para entrada de patógenos, que poderão causar fermentações e prejudicar a qualidade da bebida do café.

Segundo o consultor Dr. Felipe Santinato o beneficiamento é necessário para minimizar o percentual de grãos brocados. Esse processo não tem eficiência de 100%, desta forma, sempre sobram de 10 a 20% de danos, mesmo após esse processamento, o que também onera o custo de produção para o cafeicultor.

Ainda segundo ele, as normas básicas de comercialização estabelecem o índice máximo de 5% de grãos brocados, sendo que os exportadores são ainda mais exigentes.

Preparo do solo e do maquinário

Antecipadamente à colheita, também é importante realizar a limpeza das plantas e da área (saia e entrelinha). Com isso, o produtor pode retirar as folhas, galhos, frutos e ervas daninhas do local.

Dessa forma, é possível evitar contaminações nos frutos, principalmente em locais onde a colheita é feita por derriça no chão.

Esse cenário, comparativamente a derriça no pano, oferece vantagens para a melhoria da qualidade do café, em função da menor contaminação dos grãos colhidos.

Além disso, é importante revisar e limpar periodicamente os materiais, instalações e maquinários utilizados na colheita. Essa etapa é fundamental para evitar a contaminação da colheita com contaminantes de safras anteriores.

Colheita do café: o que você precisa saber?

Para uma colheita de sucesso, o cafeicultor precisa saber qual o momento certo para a colheita, qual o ponto ideal para a retirada dos frutos e como fazer esse processo.

Explicamos cada um desses pontos abaixo.

Momento certo da colheita de café

O período de colheita varia de região para região, em virtude da altitude, temperatura, umidade, sistema de plantio, solo e exposição solar. Em geral, no Brasil esse período ocorre entre maio e setembro.

Em média, o processo é realizado apenas sete meses após o período de floração. Por isso, a colheita do café é realizada apenas uma vez por ano.

Lembrando que o café é uma planta de ciclo bianual. Isso significa que durante o primeiro ano, a produção será grande, enquanto, no segundo, a colheita será menor.

Mas como saber qual o momento certo para o início desse processo? Isso depende da fase de desenvolvimento do fruto.

O café “cereja” (maduro) com umidade em torno de 45% a 55% é o principal ponto de colheita para se obter uma produção de qualidade elevada.

Além disso, a uniformidade de frutos maduros na planta é altamente favorável e desejável. O ideal é que seja tolerado, no máximo, até 10% de frutos verdes.

No entanto, colher café verde pode resultar em prejuízos quanto ao tipo, torração, qualidade da bebida e aspecto, interferindo no valor do produto.

Por outro lado, o tempo de permanência dos frutos maduros na lavoura precisa ser levado em conta, pois quanto maior o tempo, maior é o prejuízo na qualidade.

À medida que passa do ponto de colheita, aumenta a quantidade de frutos secos, que também são prejudiciais para a qualidade das sacas. A quantidade de frutos secos não deve ultrapassar 10% para uma colheita ideal.

Métodos de colheita

Basicamente, a colheita do café pode ser realizada de três formas diferentes: manual, semimecanizada e mecanizada.

A escolha entre elas depende de vários fatores, como ondulação do solo, espaçamento entre os pés, sistema de produção e até a idade da lavoura.

Entenda abaixo a diferença entre cada um desses métodos.

Colheita manual

A colheita de café manual, também chamada de colheita a dedo, ocorre quando todo o processo é realizado manualmente.

Esse tipo de colheita pode ser realizado de forma seletiva, quando somente grãos maduros são selecionados, ou por derriça, quando todos os frutos do galho são selecionados, independentemente do estágio de maturação.

Apesar de exigir a contratação de muitos profissionais, o que aumenta os gastos com o processo, essa forma de colheita atrai muitos produtores.

Isso ocorre porque a colheita manual garante maior uniformidade dos frutos no ponto ideal (cereja). Além disso, a colheita vai sendo parcelada em duas, três ou mais vezes, dependendo do cultivo, do ano e da região produtora.

Dessa forma, é possível garantir sacas com mais qualidade, que podem ser comercializadas por um valor maior.

No entanto, isso parece ser viável apenas em áreas menores, pois trata-se de uma tarefa mais demorada e que pode atrasar a colheita de talhões que vão se aprontando, despendendo elevada mão-de-obra.

Colheita semimecanizada

A colheita de café semimecanizada é realizada com o apoio de derriçadoras motorizadas portáteis, que são máquinas com uma extremidade vibratória que devem ser operadas manualmente.

Apesar de exigir a contratação de vários catadores, o equipamento agiliza o processo e aumenta a produtividade do catador. Afinal, basta balançar os galhos da planta para que os frutos maduros se desprendam e caiam nas telas espalhadas no chão.

Colheita mecanizada

A colheita de café mecanizada é realizada por grandes máquinas colhedoras ou derriçadoras. Por isso, esse método de colheita é recomendado apenas para lavouras localizadas em áreas planas, permitindo a passagem das máquinas.

Além disso, durante o processo de plantio da lavoura já deve ser definido o espaçamento entre as linhas com base no tamanho do maquinário que será usado na colheita.

Inicialmente, o custo desse método de colheita é alto, já que é necessário adquirir as máquinas e contratar mão-de-obra capacitada para operá-las.

Apesar disso, a colheita mecanizada tem contribuído para ganhos em qualidade de café em áreas maiores, visto que os produtores não conseguem colher no momento ideal por falta de catadores para a coleta manual.

Assim, a adoção de um sistema mecanizado permite que a colheita seja feita de forma mais ágil, conseguindo colher a maioria dos frutos no estádio ideal de maturação (cereja).

Pós-colheita do café: o que você precisa fazer?

Lavagem

O grande objetivo da lavagem é a separação dos frutos de impurezas que podem prejudicar a qualidade e a separação dos frutos em diferentes lotes por teores de umidade.

Dessa forma, é possível otimizar o processo de secagem e aumentar os ganhos em qualidade.

Na lavagem com água, os frutos são separados por densidade, em função do estágio de desenvolvimento e teor de umidade: (i) verde de 60 a 70%; (ii) cereja de 45 a 55%; (iii) passa de 30 a 40%; e (iv) coco de 20 a 30% de umidade.

A fração constituída pelos frutos verdes e cereja afundam na água, sendo separados no lavador. A outra porção, constituída por frutos secos, passa, chochos e mal granados, por serem mais leves, não afunda.

Por isso, eles recebem a denominação de frutos “bóia”, e são separados em outros lotes. Por apresentarem tempo de secagem diferente, essas duas frações devem ser secas separadamente, para que se obtenha um produto final mais uniforme e de melhor qualidade.

Fique atento!

Após a lavagem, alguns produtores estão realizando a prática de descascar o café antes da secagem, acelerando o processo e reduzindo os problemas com fermentação, melhorando a qualidade da bebida.

Secagem

A secagem é uma etapa crítica, pois, se não realizada adequadamente, pode contribuir para o surgimento de defeitos e danos nos grãos, com penalizações na aparência e qualidade final da bebida.

Seu objetivo é reduzir a umidade dos grãos o mais rápido possível para diminuir as reações enzimáticas nos frutos (processo de fermentação) e o risco de infestação por microrganismos.

Por isso, é aconselhável trabalhar com lotes homogêneos de frutos, levando em consideração a época de colheita, estágio de maturação e teor de umidade.

Inicialmente, os grãos apresentam alto teor de umidade (em torno de 45 a 55%). Depois disso, ocorre a desidratação da casca até a meia-seca (30% de umidade), também chamada de pré-secagem.

Esta etapa é a mais crítica e o arejamento tem papel fundamental. A operação prossegue até a seca completa da casca e da polpa (18% a 20% de umidade), que deve ser atingida no mais curto espaço de tempo possível.

Isso deve ocorrer mediante a combinação do arejamento e da ação do calor (do sol ou do secador), terminando aí os riscos de fermentações.

Paralelamente à desidratação, começa a ocorrer a secagem do grão propriamente dito (endosperma), quando o grão perde umidade para o ambiente. Por isso, quanto mais seco o ar, mais rápida se dará a secagem.

Uma vez terminada a segunda fase de secagem e atingido um teor de umidade em torno de 18 a 20%, procede-se com a secagem final, que deve ser lenta.

A umidade final tem grande importância para a manutenção da qualidade do café, enquanto armazenado, bem como no beneficiamento e na a comercialização. De acordo com o Manual do Café da EMATER/MG, o ideal é que a umidade final dos grãos fique entre 10,5 a 11,5%.

Atenção!

Para a secagem com secadores mecânicos, é indicado apenas o uso de fogo indireto.

Dessa forma, o cafeicultor evita a produção de fuligem e fumaça, que podem prejudicar o gosto do café, com resquícios de fumaça ou amargor de queimado.

Outra dica importante para um café de qualidade é o uso de produtos que propiciam o controle efetivo de pragas.

O inseticida Sivanto Prime da Bayer foi desenvolvido com esse objetivo, podendo ser utilizado em vários estágios da lavoura.

Dessa forma, o agricultor pode controlar os ovos, ninfas e adultos do bicho mineiro do café, além de proporcionar seletividade aos insetos benéficos.

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