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Aplicação de inseticidas: quando, como e por que usar para combater pragas

A aplicação de inseticidas pode ser feita de diferentes formas, dependendo da praga, da cultura, entre outros fatores. A eficiência desse processo influencia a produtividade e rentabilidade da lavoura.
30 de outubro de 2024 /// 3 minutos de leitura

Uma plantação infestada por insetos e pragas é uma lavoura com baixa produtividade e grandes perdas. Os impactos disso para a agricultura e para a economia do país podem ser devastadores.

A lagarta helicoverpa, por exemplo, considerada uma das principais pragas da soja, pode causar perdas de até 30% da produção. Uma das estratégias mais utilizadas para evitar esse problema é a aplicação de inseticidas.

Neste artigo, explicaremos por que essa prática é importante e como usar esses produtos de forma correta para preservar o potencial produtivo da cultura.

O que são inseticidas?

Inseticidas são produtos químicos ou biológicos desenvolvidos para eliminar, repelir ou controlar insetos-praga que causam danos às plantações. Eles podem ser aplicados em diferentes fases da produção agrícola, desde a pré-plantação até a pós-colheita.

Como o inseticida funciona?

Os inseticidas contêm substâncias chamadas ingredientes ativos, responsáveis por realizar ações letais ou repelentes sobre os insetos.

Cada ingrediente tem um modo de ação específico, ou seja, uma maneira particular de afetar o organismo. Alguns produtos podem até combinar mais de um deles.

Confira a seguir os principais modos de ação desses defensivos:

  • Contato direto: o inseto morre ao entrar em contato diretamente com o produto aplicado;

  • Contato secundário (residual): o ingrediente ativo permanece na planta por um período, contaminando qualquer inseto que entre em contato com ela;

  • Ingestão direta: a praga ingere o produto ao se alimentar da planta tratada, o que causa sua morte por intoxicação;

  • Repelência: o inseticida afasta os insetos, que abandonam a plantação;

  • Fumigante: o produto libera gases tóxicos;

  • Atração e envenenamento: o inseticida atrai o inseto até a planta e ele é eliminado por fumigação, contato secundário ou ingestão.

Para que servem os inseticidas?

Os inseticidas servem principalmente para proteger as plantações de pragas que podem comprometer a qualidade e a produtividade agrícola.

Em outras palavras, sua principal função é facilitar o controle, reduzindo a população que ataca as lavouras e minimizando os danos causados.

Além disso, eles também ajudam a prevenir doenças transmitidas, que atuam como vetores de patógenos responsáveis por infecções graves nas plantas.

A cigarrinha do milho (Dalbulus maidis), por exemplo, é um sugador que pode transmitir o vírus do raiado fino e as mollicutes do enfezamento do milho, doença que pode levar a perda de até 100% da lavoura.

A melhor estratégia para evitar esse tipo de perda é o controle da praga responsável pela transmissão da doença, realizado com o uso de inseticidas adequados para a cultura e para o inseto. Por conta dessas funções, o uso desses produtos também aumenta a produtividade.

Ao reduzir a população de insetos, esses produtos criam condições favoráveis para o desenvolvimento saudável das plantas, permitindo que elas produzam mais e melhor. Assim, a produção pode aumentar, com alto valor agregado e uma safra mais lucrativa.

Como fazer a aplicação de inseticidas de forma correta?

A aplicação de inseticidas exige alguns cuidados essenciais. Um dos principais é seguir as orientações do Manejo Integrado de Pragas (MIP). Isso é fundamental para garantir a máxima eficiência do produto, evitar desperdícios e minimizar os riscos de uso inadequado.

Confira a seguir as principais dicas para garantir que ele seja aplicado corretamente:

Acompanhe as condições climáticas

O sucesso da aplicação depende, em grande parte, das condições climáticas no momento da operação. A temperatura ideal para aplicar esses produtos fitossanitários varia entre 20°C e 30°C, com umidade relativa do ar entre 70% e 90%.

Além disso, evite pulverizar quando a velocidade do vento superar 10 km/h, já que isso pode dispersar as gotas do produto e impedir o contato eficaz.

Também é recomendável evitar a aplicação antes de chuvas, porque a água pode lavar o inseticida antes que ele atue, comprometendo sua eficácia e exigindo reaplicação.

Ajuste os pulverizadores

Se o inseticida for aplicado por pulverizadores, você precisa tomar alguns cuidados. É importante se certificar de que os equipamentos estão devidamente calibrados e preparar a dosagem correta.

Monitore as pragas

A ação deve ser feita no momento certo, considerando o ciclo de vida da praga e o estágio de desenvolvimento da lavoura.

O ideal é aplicar o produto antes que a população de insetos atinja o Nível de Danos Econômicos (NDE), quando os prejuízos podem ser irreversíveis e causar grandes perdas.

Por isso, uma das principais práticas do MIP é o monitoramento de pragas. Esse acompanhamento permite a identificação de pragas em estágios iniciais de infestação, possibilitando uma aplicação direcionada e eficiente de produtos fitossanitários, evitando o aumento da população.

Quais são os principais inseticidas utilizados na agricultura?

Os inseticidas podem ser classificados em diferentes grupos conforme sua composição, biotecnologia utilizada na sua fabricação, entre outros fatores. Confira abaixo quais os seus principais tipos e suas características.

Carbamatos

Os produtos à base de ácido carbâmico são conhecidos como carbonatos, que atuam inibindo uma enzima específica dos insetos, causando sua paralisia.

Eles podem ser utilizados como diferentes tipos de produtos fitossanitários, como inseticidas, herbicidas e fungicidas. Além disso, eles apresentam baixa toxicidade a longo prazo e alta eficácia.

Piretroides

Os piretroides bloqueiam os canais de sódio, resultando em paralisia. Eles são conhecidos por sua alta eficiência e baixa toxicidade para humanos, animais e o meio ambiente.

Organofosforados

Os organofosforados são derivados do ácido fosfórico e atuam inibindo a enzima acetilcolinesterase, causando paralisia. Esses produtos são biodegradáveis e apresentam baixa toxicidade. Além disso, eles são muito utilizados no controle de pragas sugadoras que atacam folhas e raízes.

Reguladores de crescimento

Os reguladores de crescimento inibem o desenvolvimento dos insetos, impedindo que eles completem seu ciclo de vida e causem danos à plantação. A aplicação desses produtos é considerada segura, já que eles afetam apenas os insetos e têm baixa toxicidade para outras espécies.

Inibidores da respiração celular

Os inibidores interferem no processo de respiração celular, levando a morte. Apesar de altamente eficazes, eles apresentam uma ação mais lenta em comparação a outros tipos.

Bioinseticidas

Os bioinseticidas são formulados a partir de microrganismos que afetam o funcionamento dos insetos, facilitando o controle de pragas. Um dos mais utilizados na agricultura é o Bacillus thuringiensis (Bt), uma bactéria que prejudica o sistema digestivo, levando-os à morte.

Como escolher o inseticida correto para diferentes tipos de pragas?

A escolha certa para a lavoura depende da análise de vários fatores. Um deles é a identificação da praga presente no campo.

Além disso, é necessário considerar as características da cultura, a fase de desenvolvimento das plantas no momento da infestação e até as condições climáticas.

Outro aspecto que influencia a escolha do produto é o método de aplicação. Isso pode variar conforme o tipo de inseticida (líquido ou granulado) e a área a ser tratada.

Em áreas menores, por exemplo, podem ser utilizados pulverizadores manuais. Já em grandes áreas, a aplicação pode ser feita com máquinas agrícolas ou aviões.

Como são muitas variáveis que precisam ser analisadas, o ideal é buscar a orientação de um especialista, como um agrônomo.

Como evitar a resistência de insetos aos inseticidas?

A resistência é um problema causado principalmente pelo uso inadequado desses produtos. Esse uso ineficaz seleciona indivíduos mais resistentes, que podem se multiplicar e transmitir essa característica para as próximas gerações, tornando o inseticida menos eficiente.

Para evitar esse problema, a recomendação é adotar as práticas do MIP, que combina diferentes métodos, como o uso de inimigos naturais, práticas culturais e controle biológico.

Esse conjunto de ações reduz a dependência de defensivos químicos, diminuindo os custos e a pressão seletiva sobre as populações de pragas. O resultado disso é a redução do risco de desenvolvimento de resistência.

Outra prática importante é fazer a rotação com diferentes modos de ação. Alternar produtos com mecanismos de ação distintos impede que os insetos se adaptem a um único tipo, dificultando a seleção de pragas resistentes.

Seguindo essas dicas, você garante a aplicação correta, potencializando seu efeito no controle de pragas e aumentando a produtividade da lavoura.

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