Nematoides da soja: principais sintomas e maneiras eficazes de controle
Os nematoides da soja são pragas que vivem no solo e parasitam as raízes das plantas, prejudicando a absorção dos recursos necessários para seu desenvolvimento saudável. Veja como proteger a lavoura dessas pragas!O sojicultor que deseja manter uma lavoura produtiva e rentável precisa investir em métodos de controle de nematoides da soja. Caso contrário, pode registrar perdas significativas na safra da oleaginosa.
Para ajudar o produtor a evitar prejuízos, neste artigo, explicaremos quais os principais nematoides que atacam a cultura da soja e como proteger a lavoura dessas infestações.
O que são nematoides da soja?
Os nematoides são vermes de corpo cilíndrico e alongado, que podem medir de 0,3 mm a 3 mm. Eles podem ser encontrados em diversos ambientes, como solo, animais e plantas.
Os vermes que atacam apenas as plantas são chamados de fitonematoides e podem ser classificados em dois grupos distintos: endoparasitas e ectoparasitas.
Os endoparasitas incluem nematoides que passam a maior parte do seu ciclo de vida dentro das raízes das plantas. Já os ectoparasitas incluem nematoides que vivem no solo, mas fora das raízes.
Normalmente, os nematoides que atacam a cultura da soja são classificados como endoparasitas. Por isso, quando presentes na lavoura, eles podem ser encontrados nas raízes da oleaginosa.
O que o nematoide causa na soja?
Segundo um estudo da Sociedade Brasileira de Nematologia (SBN), estima-se que os nematoides sejam responsáveis por causar prejuízos anuais de R$16,2 bilhões apenas na cultura da soja.
Plantações infestadas por nematoides das galhas, por exemplo, podem registrar quedas de produtividade de 30% a 100% caso o problema não seja controlado.
Esses dados indicam que os nematoides representam um dos principais problemas fitossanitários da sojicultura brasileira.
Os danos causados pelo nematoide variam conforme a espécie e estão relacionados ao hábito alimentar dos vermes.
De modo geral, eles se alimentam das plantas por meio de seu estilete bucal. Para isso, eles atacam as raízes, onde inserem seu estilete nas células e removem seu conteúdo. Como as raízes são responsáveis pela captação de água e nutrientes, esse tipo de ataque prejudica a nutrição da planta.
Como resultado, a planta pode desenvolver problemas relacionados à desnutrição, como redução de tamanho, clorose, murchamento e queda na produção de vagens e grãos.
Além do impacto direto da alimentação, os nematoides ainda podem levar doenças para a lavoura de soja. Isso ocorre por conta do seu hábito alimentar de introduzir o estilete nas raízes.
Nesse processo, as pragas podem atuar como vetores de viroses, bactérias e fungos capazes de induzir alterações fisiológicas no hospedeiro.
Os 3 principais nematoides da soja
Segundo uma circular técnica produzida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), existem mais de 100 espécies de nematoides, envolvendo cerca de 50 gêneros, associadas a cultivos de soja no mundo.
Desse grupo, pelo menos 3 espécies se destacam pela sua ocorrência no campo e potencial de perdas na lavoura.
Conheça cada uma delas a seguir.
1. Nematoide das galhas (Meloidogyne spp.)
O nematoide das galhas é o nome popular de um grupo composto por mais de 80 espécies de nematoides do gênero Meloidogyne. No Brasil, as espécies Meloidogyne javanica e M. incognita se destacam pelos danos causados à cultura da soja.
A principal diferença entre elas é que a M. javanica já se disseminou por todas as áreas de cultivo de soja, sendo responsável por causar mais prejuízos à lavoura. Já a M. incognita é comum em plantações realizadas em áreas que já foram utilizadas para o cultivo de café e algodão.
Ambas são endoparasitas sedentários que induzem a formação de nodosidades nas raízes. Também chamadas de galhas, esses nódulos são protuberâncias formadas a partir do crescimento anormal dos tecidos vegetais.
De forma resumida, essas galhas são formadas durante o processo de alimentação dos nematoides. Ao inserir seu estilete na raiz da planta, eles injetam uma secreção que estimula o surgimento de células gigantes no tecido vegetal, que se reproduzem e formam as galhas.
A formação dessas galhas varia em número e tamanho, dependendo da suscetibilidade da cultivar e do número de nematoide das galhas no solo.
Além das galhas, a infestação desse tipo de nematoide também leva a planta a desenvolver outros sintomas, como manchas em reboleiras, redução de crescimento e folhas amareladas.
As plantas atacadas também podem apresentar manchas cloróticas ou necroses entre as nervuras das folhas. Mesmo os indivíduos que não sofrem alteração de tamanho podem apresentar abortamento de vagens e amadurecimento prematuro.
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2. Nematoide de Cisto da Soja (Heterodera glycines)
O nematoide de cisto da soja, também conhecido pela sigla “NCS”, é um endoparasita com ciclo de vida curto, que dura cerca de 23 dias. As fêmeas dessa praga, que completam esse ciclo, permanecem dentro das raízes.
Após fertilizadas, elas produzem e armazenam cerca de 500 ovos no interior de seus corpos, adquirindo um formato de limão ligeiramente alongado de cor branca.
Quando morrem, esses corpos se tornam uma estrutura de proteção onde os ovos permanecem viáveis por até 7 anos mesmo sem hospedeiros. Essas estruturas, também chamadas de cistos, se tornam rígidas e adquirem uma coloração marrom.
Depois disso, os cistos se desprendem da raiz e voltam para o solo, onde penetra as raízes da soja, dificultando a absorção de água e nutrientes.
Além dos cistos, o ataque do NCS provoca o aparecimento de sintomas relacionados ao estresse hídrico e desnutrição, como clorose, redução de crescimento e plantas em reboleiras. Por isso, o ataque desse nematoide também é conhecido como “doença do nanismo amarelo”.
3. Nematoide das lesões radiculares (Pratylenchus brachyurus)
O nematoide das lesões radiculares é um endoparasita migrador. Isso significa que essa praga se movimenta ao longo do seu ciclo de vida, podendo migrar para outros tecidos da planta atacada.
Durante esse deslocamento, o nematoide se alimenta e causa danos mecânicos às raízes das plantas. Esses danos tornam a planta mais suscetível à contaminação de outros patógenos de solo, como o Fusarium.
Assim como outros nematoides, os sintomas se manifestam em reboleiras, e incluem plantas com tamanho reduzido e amareladas. Isso ocorre porque, enquanto se alimenta, o verme retira o conteúdo das células e injeta secreções tóxicas no córtex radicular.
Essas secreções modificam e destroem os tecidos vegetais, provocando o surgimento de lesões necróticas que dificultam o transporte de água e nutrientes necessários para o desenvolvimento da planta.
O nematoide das lesões radiculares também pode sobreviver por longo período em condições adversas, como ambientes com solo seco, expostos a temperaturas extremas ou em áreas de pousio com fragmentos de raízes. Até mesmo na ausência de raízes essa praga pode sobreviver por até 7 meses.
Vale lembrar que a intensidade dos danos na cultura da soja pode aumentar em condições desfavoráveis para o bom rendimento da lavoura.
Isso ocorre principalmente quando há um manejo nutricional de má qualidade, quando o plantio é feito em solos arenosos ou compactados, situações de deficiência hídrica, e densidades populacionais baixas.
Leia também: Entenda o que é fertilidade do solo e aprenda técnicas de manejo adequado para a nutrição das plantas
Como fazer o manejo de nematoides na cultura da soja?
A estratégia mais eficiente de controle de nematoides da soja é o Manejo Integrado de Pragas (MIP).
Essa abordagem combina diferentes métodos de controle, incluindo boas práticas agronômicas e manejo químico assertivo. Isso é fundamental para garantir a proteção da lavoura e a eliminação dessas pragas da plantação.
Afinal, uma vez que a cultura é instalada em uma lavoura com histórico de nematoide, é praticamente impossível manejar o verme ao longo da safra. Em outras palavras, a melhor forma de controlar essa praga é investir na prevenção de infestação de nematoide na lavoura.
Confira abaixo alguns métodos de controle de nematoides que podem ser adotados pelo sojicultor como estratégias do MIP:
Fazer o controle fitossanitário por meio da adoção de práticas como limpeza do maquinário, reservatórios de água e canais de irrigação;
Durante as horas mais quentes do dia, as camadas profundas do solo são expostas à intensa radiação solar;
Investir no plantio de cultivares resistentes ao ataque de nematoides que já foram identificados na área de cultivo ou na região da fazenda;
Realizar a rotação de culturas com plantas não-hospedeiras dos nematoides da soja;
Investir no monitoramento de pragas na cultura da soja, incluindo a realização de análises de amostras de solo e uso de ferramentais digitais;
Fazer o controle químico com produtos indicados para o manejo de nematoides da soja, como o nematicida Verango® Prime e o tratamento de sementes CropStar ®.
Combinar essas práticas é fundamental para prevenir infestações de nematoides, reduzir a incidência dessa praga e garantir o desenvolvimento saudável da lavoura de soja.
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