Horário para amostragem de percevejos na soja: qual o ideal e como fazer?
O horário ideal para amostragem de percevejos na soja é ao amanhecer ou ao entardecer, quando esses insetos são mais ativos. Evite horários muito quentes do dia, pois eles tendem a se abrigar nas folhas para evitar o calor.Fatores ambientais como temperatura e umidade variam ao longo do dia e influenciam no comportamento dos percevejos que atacam a cultura da soja. Por isso, as técnicas necessárias para a realização do monitoramento dessas pragas devem ser utilizadas considerando esses fatores.
Caso contrário, será difícil fazer a identificação correta dos insetos, o que pode prejudicar a estimativa da sua população real na lavoura e a adoção de medidas de controle. Para evitar esses problemas, o produtor precisa entender qual o melhor horário para amostragem de percevejos na soja.
Neste artigo, explicaremos qual é o melhor horário para isso, como fazer a coleta dessas amostras e como interpretar e usar seus resultados.
Quais são os tipos de percevejos que afetam a soja?
O complexo de percevejos sugadores de grãos é composto por diferentes pragas da soja, capazes de causar danos significativos. Segundo a Circular Técnica 67 da Embrapa, dentre as espécies que fazem parte desse complexo, quatro se destacam pela sua incidência e potencial de danos.
Conheça a seguir as principais características de cada uma delas.
Percevejo-marrom (Euschistus heros)
O percevejo-marrom é um inseto sugador que pode se alimentar da seiva de plantas de diversas culturas. No entanto, a soja é a principal hospedeira dessa praga. Quando adulto, ele pode ser identificado pela sua coloração marrom-escura e pela presença de duas saliências (espinhos) no pronoto.
Além de sugar a seiva dos ramos, hastes, vagens e grãos em formação da oleaginosa, ele ainda pode injetar toxinas enquanto se alimenta.
Os danos causados pela sua infestação se iniciam na fase reprodutiva. A planta atacada pode desenvolver vários sintomas, como abortamento de vagens, má formação de grãos e retenção foliar. Por esse motivo, infestações desse tipo podem reduzir significativamente a produtividade e a qualidade da safra.
Percevejo-verde-pequeno (Piezodorus guildinii)
O percevejo-verde-pequeno é outra espécie. Na fase adulta, ele pode ser identificado por sua coloração verde-claro ou verde-amarelado, e uma listra transversal vermelha ou marrom no tórax.
Esse inseto suga a seiva das vagens, grãos, ramos e hastes, e injeta toxinas. As plantas atacadas podem desenvolver sintomas como retenção foliar anormal (“soja-louca”), queda na produção de vagens, grãos chochos e manchados e redução no teor de óleo.
Os ataques desta praga normalmente são mais intensos durante os estádios R4 e R6 do ciclo de vida, prejudicando principalmente a qualidade das sementes.
Percevejo-verde (Nezara viridula)
O percevejo-verde também ataca diversas culturas, como a soja. Na fase adulta, ele pode ser identificado por sua coloração verde e a presença de manchas brancas arredondadas no dorso. Além de sugar a seiva das plantas, essa praga também injeta enzimas digestivas durante sua alimentação.
As plantas atacadas podem desenvolver sintomas como formação de grãos chochos e manchados, queda de folhas e vulnerabilidade à contaminação por fungos e bactérias. Os ataques dessa espécie tendem a ser mais intensos entre as fases R3 e R5 de desenvolvimento da soja.
Percevejo barriga-verde (Dichelops melacanthus e Dichelops furcatus)
O percevejo barriga-verde pode ser identificado pelo seu abdome verde e região dorsal de coloração marrom-acinzentada. Embora seja considerado uma das principais pragas do milho, ele também pode infestar a cultura da soja.
Isso porque sua incidência é maior em áreas de cultivo sucessivo localizadas em regiões quentes. Na plantação da oleaginosa, a praga é encontrada principalmente na fase inicial de desenvolvimento, ou seja, na fase de plântulas.
Veja também: Foco no manejo da lagarta-do-cartucho na cultura da soja
Qual o melhor horário para amostragem de percevejos na soja?
O melhor horário para amostragem de percevejos na soja é o período do dia que está mais fresco. Esse período coincide com o início da manhã (até as 10 h) e o final da tarde (após as 19 h).
No início da manhã e no fim da tarde, as temperaturas mais amenas reduzem a mobilidade dos insetos, fator que facilita a coleta e a contagem. Além disso, no início da manhã, os percevejos sobem na planta para se expor à luz e se secar, o que também facilita sua identificação e captura.
Por outro lado, não é recomendado fazer a amostragem e coleta desses insetos entre 12 h e 17 h. Isso porque eles tendem a se manter escondidos durante esse período em que a temperatura está elevada, dificultando sua identificação.
Principais técnicas e ferramentas para amostragem de percevejos
O uso de técnicas de amostragem corretas é fundamental para aumentar a eficiência do monitoramento de pragas e obter a estimativa correta da população desses insetos na lavoura.
No caso dos percevejos, a Circular Técnica 67 recomenda o uso da técnica do pano de batida. Esse método consiste na utilização de um pano, geralmente branco, que deve ser colocado entre as fileiras. Em seguida, basta contar o número de insetos presos nesse material.
Segundo Pedro Yamamoto, professor do departamento de entomologia da Esalq/USP, o resultado dessa contagem determina quando o produtor deve iniciar o controle de pragas.
“A recomendação de controle é quando atinge 2 percevejos por pano-de-batida para grãos e 1 percevejo quando a lavoura é destinada à produção de sementes”, explica Yamamoto ao programa Impulso Negócios.
Como planejar a amostragem ao longo do ciclo da cultura?
O monitoramento periódico é fundamental para identificar a necessidade e o momento ideal para adotar algum método de controle e proteger a plantação. Por esse motivo, é importante que o produtor colete amostras de insetos ao longo de todo ciclo de vida da cultura.
Ainda segundo a Circular da Embrapa, as amostras devem ser coletadas pelo menos uma vez por semana em diferentes pontos da plantação. O número de pontos varia conforme o tamanho da área de plantio.
O ideal é criar de seis a dez pontos de coleta para áreas de 10 a 100 hectares, respectivamente. Além disso, os pontos devem ser distribuídos a partir da periferia em direção ao centro.
Melhores estratégias de manejo e controle de percevejos
O Manejo Integrado de Pragas (MIP) ainda é a estratégia mais eficiente para prevenir e controlar os percevejos na lavoura. Isso porque ela envolve a combinação de diferentes técnicas de controle cultural, biológico e químico.
O objetivo dessa integração é reduzir a população de insetos, aumentar a eficiência do uso de insumos e diminuir os custos de produção. Como resultado, é possível evitar o desenvolvimento de populações de pragas resistentes a defensivos agrícolas e maximizar a produtividade.
No caso do controle químico, o ideal é que o produtor adote as seguintes práticas para eliminar as infestações da área de cultivo:
Utilize inseticidas apenas entre os estádios R3 e R6 de produção de grãos, já que esses são períodos críticos ao ataque da praga;
Faça a rotação de defensivos, alterando produtos com diferentes modos de ação;
Use misturas de defensivos apenas no período reprodutivo da cultura para reduzir a pressão de seleção de insetos e prolongar sua ação de controle por mais tempo.
Aplique dessecante 7 a 10 dias antes da semeadura em áreas com plantas daninhas;
Invista no tratamento de sementes;
Use apenas sementes certificadas;
Evite aplicações em dias frios e/ou com baixa umidade relativa;
Faça a pulverização de defensivos no início da manhã ou no fim da tarde, evitando horários de alta temperatura e/ou baixa umidade relativa.
Para aplicar essas e outras práticas, o produtor pode contar com o apoio da Agro Bayer, que desenvolveu os inseticidas CURBIX® e CONNECT® para ajudar o sojicultor a manter os insetos bem longe.
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