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Entenda o que é fertilidade do solo e aprenda técnicas de manejo adequado para a nutrição das plantas

Entenda como a fertilização do solo influencia na produção agrícola e como agricultor pode analisar esse parâmetro para aumentar a rentabilidade da safra.17 de julho de 2022 /// 12 minutos de leitura

A fertilidade do solo é considerada um dos principais fatores que determinam o sucesso da produção agrícola.

Para isso, o plantio da cultura deve ser realizado num solo fértil, ou seja, capaz de oferecer os elementos essenciais ao desenvolvimento das plantas.

O problema é que muitas regiões do Brasil são constituídas de solos considerados pobres em diferentes elementos. Esse tipo de solo não oferece o suprimento necessário ao crescimento da lavoura.

Por isso, o produtor que realiza o plantio sem fazer a correção adequada do solo, pode ter prejuízos na qualidade da produção e na rentabilidade da safra.

Além dos solos pobres, muitos agricultores ainda precisam lidar com solos degradados. Essa degradação geralmente ocorre quando as boas práticas de manejo do solo não são utilizadas na propriedade.

Um estudo realizado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e publicado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) revelou que, no mundo, 30% dos solos estão degradados.

Isso gera uma série de ameaças ao agronegócio, como desequilíbrio de nutrientes, perda de matéria orgânica e compactação. Ainda de acordo com os dados divulgados, até 2050, o planeta sofrerá com mais de 10% de perdas agrícolas.

Diante destas informações, é fundamental que agricultores, independente do porte do seu negócio, aprendam como evitar perdas agrícolas em função de problemas ligados ao solo .

Pensando nisso, neste artigo você vai entender o que é fertilidade do solo, por que essa informação é importante e como tornar o solo mais fértil para aumentar a produção agrícola.

O que é fertilidade do solo?

A fertilidade do solo refere-se à capacidade que ele tem de fornecer às plantas todos os nutrientes necessários para seu crescimento e geração de frutos, dependendo de cada espécie vegetal.

Durante a maior parte da história, o ser humano depende da fertilidade natural do solo. Por isso, a busca por solos férteis para o plantio influenciou no estabelecimento de cidades e populações.

Porém, na agricultura moderna, você não precisa mais se conformar com um solo pobre para o plantio. Através da utilização de fertilizantes adequados, é possível melhorar esse nível de fertilidade e, por consequência, da produção agrícola.

Por isso, é fundamental que o produtor entenda a importância da fertilidade do solo e como o manejo adequado de insumos e nutrientes podem ajudá-lo a melhorar seus resultados na lavoura.


Afinal, o que torna o solo fértil?

Um solo fértil conta com fatores físicos, químicos e biológicos de qualidade. Ou seja, um solo fértil é essencial para um sistema agrícola pautado na sustentabilidade. Afinal, é dele que dependem todas as etapas do cultivo.

Mas como medir a fertilidade do solo?

Essa informação deve ser obtida a partir da análise da cor, pH, umidade, textura, CTC (Capacidade de Troca de Cátions), entre outras características do solo.

De acordo com a Embrapa, a partir da identificação da classificação do solo da fazenda, já podemos ter um panorama a respeito de seu teor nutritivo.

Em função dessa classificação, é possível listar 6 fatores que influenciam na fertilidade do solo. São eles:


Disponibilidade de água

A água é um elemento vital para todo ser vivo. Por esse motivo, ela deve estar presente no solo, em quantidade necessária para cada tipo de planta.

A má drenagem ou déficit desse recurso pode prejudicar o desenvolvimento da planta e pode tornar a lavoura mais suscetível a certas pragas e doenças.

Por isso, o melhor método de fornecimento de água é a irrigação, realizada de forma controlada e em volume adequado às necessidades da cultura.


Nutrientes essenciais

Ao todo, a planta precisa ter acesso a 16 nutrientes diferentes para se desenvolver. Desse grupo, três são considerados nutrientes não-minerais, já que podem ser encontrados na atmosfera e na água.

Estamos falando do Carbono (C), Oxigênio (O) e Hidrogênio (H), que compõem a maior parte do corpo do vegetal.

Portanto, os 13 nutrientes restantes devem ser adquiridos a partir do solo. Nesse grupo, estão incluídos os macronutrientes primários, como o nitrogênio (N) e fósforo (P); os macronutrientes secundários, como cálcio (Ca) e enxofre (S); e os micronutrientes, como ferro (Fe), zinco (Zn) e manganês (Mn).

Esses nutrientes não só devem estar presentes no solo, mas também precisam estar biodisponíveis para que as plantas consigam absorvê-los.

Vale lembrar que esses nutrientes devem seguir um padrão de acordo com as necessidades de cada cultura. Em outras palavras, a quantidade de fósforo, nitrogênio, adubo orgânico, entre outros, deve ser equilibrada e balanceada.

Afinal, o excesso desses elementos, assim como a falta, tende a dar margem para o desenvolvimento de doenças decorrentes da estiagem, encharcamento, fungos, bactérias, plantas daninhas e pragas.

Como não são todos os solos que contam com os macro e micronutrientes essenciais para a planta, é importante investir na correção do solo.

Para isso, é importante que o produtor faça a adição de insumos agrícolas, na quantidade necessária para a cultura, com o objetivo de melhorar a produtividade da lavoura.


Equilíbrio do pH

O pH indica o nível de acidez do solo. Quanto maior for a taxa do pH, mais vulnerável a planta estará a ser acometida por doenças e desnutrição. É por isso que esse índice deve ser equilibrado.


Taxa de erosão

A degradação do solo faz com que ele perca nutrientes em um curto período, o que faz com que a cultura não se desenvolva adequadamente.

Esse processo pode ser resultado de vários fatores, como o manejo inadequado do solo e uso contínuo e incorreto de fertilizantes, inseticidas, herbicidas, entre outros insumos agrícolas.

Tudo isso pode atrapalhar a ciclagem de nutrientes, alterar a estrutura e até reduzir a fertilidade do solo. Por isso, assim como o pH, um solo fértil deve manter a taxa de erosão em equilíbrio.


Calagem

A calagem é um processo que tem como objetivos manter o ambiente adequado para a qualidade do solo, por meio da redução da acidez e do fornecimento de cálcio e magnésio para as plantas.

Além disso, a calagem também contribui para o aumento da disponibilidade do fósforo, alumínio e manganês. O processo também melhora a mineralização da matéria orgânica e favorece a fixação biológica do nitrogênio.

Porém, se esse processo for feito da forma incorreta, pode provocar a redução na disponibilidade de nutrientes.

Por outro lado, caso seja feito da forma correta, além de garantir todos os benefícios acima, a calagem é um investimento econômico que promove resultados positivos na produção.

Gestão agrícola

O sucesso da lavoura também depende da criação de um planejamento de safra bem estruturado, desde o plantio até a colheita.

Além disso, ele abre depende da tomada de medidas assertivas, que visam a fertilidade do solo, com foco em todas as informações compartilhadas até aqui.


Tipos de fertilidade do solo que o produtor deve conhecer

Pode ser que o solo da sua área de plantio não apresente todas as características necessárias para ser considerado fértil. Apesar disso, você pode investir em insumos com o objetivo de melhorar esses parâmetros e aumentar sua produção.

Como base nisso, é possível dizer que existem 4 tipos de fertilidade do solo diferentes. Conhecer suas características é crucial na hora de elaborar o melhor planejamento para evitar que o solo fique infértil.

Entenda abaixo:

  • Natural: Está relacionada à formação natural do solo. Isso quer dizer que o material de origem é resultante dos processos de decomposição de organismos no meio ambiente ao longo do tempo.
  • Potencial: Condição típica dos solos ácidos, está relacionada às limitações em fornecer os nutrientes adequados para as plantas.
  • Atual: Condição do solo após interferência do homem. Ela resulta de boas técnicas de manejo a partir da adubação mineral ou orgânica, com foco no melhor desempenho da terra em fornecer nutrientes para as plantas.
  • Operacional: Esse tipo de fertilidade consiste na inserção de extratores químicos no solo, de modo a ampliar seus aspectos nutritivos, de acordo com a necessidade da planta.

Como melhorar a fertilidade do solo e a produtividade agrícola da sua lavoura?

Existem alguns passos que você deve seguir para garantir que a terra da sua área de plantio esteja apta a oferecer todos os elementos que a cultura necessita.

Veja a seguir quais são os principais.


Coleta de amostras e análise do solo

A primeira coisa que você deve fazer é identificar as características do solo, incluindo sua classificação. Isso deve ser feito por meio da coleta de amostras, que devem ser submetidas à análises químicas e físicas por um profissional especializado.

Dessa forma, será possível identificar a quantidade de nutrientes, o potencial produtivo, entre outros fatores. Quanto mais detalhadas forem as informações coletadas, melhores serão as tomadas de decisões posteriores.

Assim, você pode implementar estratégias diferentes de adubo e fertilização em diferentes partes da propriedade, por exemplo, em função da variabilidade do solo.

Além disso, essas ações reduzem os custos com fertilizantes, já que o uso de insumos é otimizado.

Vale lembrar que a coleta e análise do solo pode ser feita em qualquer época do ano. Porém, o ideal é que os procedimentos sejam realizados durante a entressafra. Assim, você terá tempo de avaliar, corrigir e preparar o solo para o plantio.


Escolha dos insumos agrícolas

Após fazer a análise do solo, você já terá informações suficientes para escolher quais insumos agrícolas você deve utilizar. Essa escolha depende não só das características do solo, mas da cultura que você deseja plantar.

Afinal, cada espécie precisa de uma quantidade de nutrientes e cuidados específicos para ter um desenvolvimento saudável.

Por isso, os agricultores geralmente investem no uso de fertilizantes compatíveis com as necessidades do seu solo e de sua lavoura.

Nesse sentido, o investimento na fertilidade do solo pode ser encarado como uma operação financeira entre os produtores rurais e empresas que produzem fertilizantes.

Por meio de um acordo realizado antes da colheita, o produtor pode até mesmo adquirir insumos agrícolas e realizar o pagamento com os produtos que ele cultiva em sua lavoura.

Em outras palavras, é uma modalidade de crédito em que o pagamento ocorre de uma forma diferente do crédito convencional.

Isso quer dizer que não é preciso fazer o pagamento antecipado em dinheiro, beneficiando o agricultor.

Esses fertilizantes podem ser de dois tipos: orgânicos e inorgânicos.


Fertilizantes orgânicos

Os fertilizantes orgânicos são aqueles ricos em matéria orgânica. Eles podem ter origem vegetal ou animal e são conhecidos por fornecerem uma grande quantidade de nutrientes.

Esse é o caso do esterco, farinha de ossos (rica em cálcio e fósforo), húmus de minhoca e torta de mamona (que age contra nematóides), que são os fertilizantes orgânicos mais populares.

Por isso, eles são considerados mais sustentáveis e geralmente são utilizados em diferentes modalidades de plantio.

Porém, seu processo de decomposição é lento, assim como o de absorção pela planta. Além disso, esse tipo de fertilizante pode estar contaminado com alguma praga ou patógeno que pode prejudicar o solo e o estabelecimento da lavoura.

Por esse motivo, é importante tomar cuidado com a origem e o manejo desses fertilizantes.


Fertilizantes inorgânicos

Os fertilizantes inorgânicos possuem origem mineral e são produzidos pela agroindústria, onde são beneficiados.

Sua base química é conhecida pela sigla NPK, já que é composta por três elementos essenciais para o desenvolvimento saudável das plantas: nitrogênio (atua no crescimento da planta), fósforo (atua no enraizamento) e potássio (deixa a planta resistente contra pragas e doenças).

Porém, a adição desse tipo de fertilizante deve ser realizada na quantidade correta. Afinal, o excesso de nutrientes também pode prejudicar o crescimento da planta.


Adubação do solo

Nesta etapa, você deve aplicar os fertilizantes escolhidos na fase de planejamento da lavoura. Para isso, é importante que você invista em produtos que garantam o desenvolvimento saudável da cultura.

Também é importante ficar atento ao modo de aplicação de cada um dos insumos escolhidos. Afinal, você pode misturá-los no solo, fazer a pulverização com máquinas pulverizadoras ou adicionar o fertilizante no sistema de irrigação.


Boas práticas de manejo do solo

fertilidade do solo e o manejo de nutrientes também está diretamente ligada a utilização de técnicas que garantem a proteção, a cobertura e o ciclo de nutrientes do solo.

Para isso, você pode investir na implementação de estratégias como plantio direto, Sistema de Integração Lavoura Pecuária e Floresta (ILPF) e adubação verde, por exemplo.

Lembre-se de que também é importante investir no manejo adequado de pragas e doenças, rotação de culturas (se for o caso), entre outras boas práticas agrícolas que promovem a fertilidade do solo.

Saiba como você pode turbinar seu solo para a próxima safra!

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