Conheça a importância do manejo de entressafra
A entressafra é o melhor momento para manejar as plantas daninhas e preparar a lavoura para o plantio da cultura sucessora. 24 de abril de 2023 /// 6 minutos de leituraO manejo de entressafra é a oportunidade ideal para manejar o solo, controlar plantas daninhas, e gerar matéria orgânica de qualidade para a semeadura direta da próxima cultura. Esta estratégia torna a produção agrícola mais sustentável e rentável, e evita que a lavoura se torne área de pousio.
Além de impactar positivamente na produtividade da lavoura, o manejo de entressafra ajuda na redução de emissão de gases do efeito estufa (GEE) a partir do sequestro de carbono pelo solo.
O período em que o manejo de entressafra acontece no Brasil, começa após a colheita da cultura de verão, e estende-se até o inverno.
Durante a entressafra não há cultura instalada na área, o que torna as operações do campo muito mais fáceis. O uso de corretivos, inseticidas e herbicidas, por exemplo, se torna mais flexível por não haver risco de fitotoxicidade.
Práticas do manejo de entressafra
O manejo de entressafra começa logo após a colheita da safra de verão. As práticas adotadas podem variar de acordo com a região do país, e com o sistema produtivo da lavoura.
O objetivo da estratégia como todo é preparar a área para o plantio da safrinha, ou manter a lavoura em condições adequadas até chegada da época do próximo plantio.
Conheça as principais práticas do manejo de entressafra:
Manejo pós-colheita da cultura de verão
Tem como objetivo preparar a área para que a próxima cultura seja instalada no limpo, considerando pragas, doenças e plantas daninhas.
Esta prática é importante para que a rotação de culturas tenha sucesso no inverno. Além disso, o manejo assertivo pode otimizar investimentos e despesas no sistema produtivo como um todo.
Manejo de plantas daninhas resistentes ou de difícil controle
Sem cultura na lavoura, é possível rotacionar diferentes tipos de herbicidas com a finalidade de controlar as plantas daninhas resistentes.
Essa prática é impossibilitada durante a safra, porque alguns herbicidas necessários para o manejo de resistência de plantas daninhas não são seletivos à cultura do milho ou da soja.
Vale lembrar que é importante conhecer muito bem os produtos utilizados na entressafra e principalmente o seu período de carência. Dependendo do residual do herbicida, certas culturas não poderão ser cultivadas em sequência. Esse período deve ser rigorosamente respeitado para garantir a segurança da cultura.
Manejo de plantas tigueras
As plantas voluntárias, também conhecidas como tigueras, se desenvolvem a partir de sementes deixadas no solo após a colheita. As tigueras de soja ou de milho resultam em problema na entressafra, porque podem hospedar pragas e doenças.
Quando estas plantas são manejadas corretamente, o ciclo de desenvolvimento de insetos e patógenos é interrompido.
Assim, o benefício desta prática é a redução da pressão de pragas e doenças durante a safra de inverno ou próxima cultura de verão.
Rotação de culturas
A rotação de culturas na entressafra pode ser realizada com o objetivo de gerar renda, ou de melhorar as características químicas, físicas, biológicas e nutricionais do solo.
- Rotação de culturas com finalidade comercial
São priorizadas culturas que geram retorno financeiro para o agricultor. Geralmente são semeadas espécies que produzem grãos e cereais, ou massa verde que serve de alimento para animais.
- Rotação com culturas de cobertura
As culturas de cobertura são espécies que também podem gerar retorno financeiro para o agricultor, mas são selecionadas por outros critérios. Neste caso, as plantas escolhidas são aquelas que ajudam no manejo de nematoides e na descompactação do solo, e que não hospedam pragas e doenças.
Em ambos os casos, a rotação de culturas recobre o solo da lavoura, evitando que a área entre em pousio. Além disso, esta prática reduz o desenvolvimento de plantas daninhas e o banco de sementes na safra seguinte.
A rotação de culturas também incrementa a matéria orgânica de qualidade na lavoura, o que aumenta a retenção de água no solo e a disponibilidade de nutrientes para as plantas.
De modo geral, a rotação de culturas é indispensável quando a meta é realizar o bom manejo de entressafra.
O que acontece sem o manejo de entressafra?
As culturas intensivas, como milho, soja, cana-de-açúcar ou algodão, são exigentes em nutrientes, e muito suscetíveis ao ataque de pragas e doenças. Quando são cultivadas sucessivamente, sem que aconteça o manejo de entressafra, os impactos são diversos.
De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), não adotar o manejo de entressafra causa uma série de problemas ambientais, como:
Degradação dos solos, com compactação e erosão;
Poluição e assoreamento de mananciais hídricos;
Ataques mais severos de doenças e pragas na lavoura;
Aumento nos custos de produção;
Maior dependência do clima;
Maior dependência de insumos químicos;
Lavouras cada vez menos produtivas;
Aumento da pressão de plantas daninhas.
Além de todos estes fatores, a falta do manejo de entressafra causa redução do fornecimento de carbono para o solo, que por consequência, perde a qualidade e a capacidade produtiva.
O carbono e o manejo de entressafra
A redução da emissão de GEE é uma preocupação global, e a agricultura pode contribuir muito com esta tarefa. Inclusive, o manejo de entressafra é parte importante do processo de sequestro de carbono (CO2) pelo solo.
O carbono é responsável por cerca de 60% do efeito-estufa. De acordo com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), este elemento pode permanecer na atmosfera por pelo menos uma centena de anos.
O carbono é liberado no ar em forma de gás. Neste estado ele também é conhecido como dióxido de carbono, ou gás carbônico.
A liberação do carbono acontece, na maioria dos casos, por meio da queima de combustíveis fósseis, como o carvão mineral, petróleo, gás natural ou turfa. As queimadas e desmatamento florestal também são origens de gás carbônico, pois eliminam reservatórios naturais e sumidouros, que tem a propriedade de absorver o CO2 do ar.
Uma das práticas do manejo de entressafra mais relevantes para o sequestro de carbono no solo é o plantio direto.
Como a agricultura sequestra carbono
Segundo a Embrapa, a semeadura direta faz parte de sistemas eficientes de manejo do solo, e que têm como finalidade evitar o revolvimento da terra e aumentar a matéria orgânica do solo (MOS).
Essa MOS é proveniente da dessecação de plantas de cobertura ou culturas comerciais que capturam carbono do ar durante todo o seu ciclo. Neste processo, ela é incorporada no solo em forma de palhada, levando consigo o carbono capturado durante seu ciclo.
Por este motivo o plantio direto é apontado como uma das formas de aumentar o armazenamento do carbono no solo.
É importante reforçar que a rotação de culturas durante a entressafra também contribui com o sequestro de carbono ao fornecer alto volume de massa verde, que se transforma em MOS.
Ainda de acordo com a Embrapa, o aporte de carbono e a agregação do solo variam em função da quantidade e qualidade da matéria vegetal dessecada. Por outro lado, a taxa de decomposição da massa vegetal varia em função das condições ambientais, genéticas e de manejo das plantas.
Bayer e a agricultura de baixo carbono
Para auxiliar agricultores que pretendem realizar o sequestro de carbono pelo solo, e desenvolver agricultura de baixo carbono, a Bayer lançou a iniciativa Pro Carbono.
O objetivo desta ação é transformar a agricultura sustentável em bons negócios, garantindo o legado positivo do agronegócio para o planeta e para as futuras gerações.
Para saber mais sobre como a Bayer contribui para a redução de emissão de gases do efeito estufa, assista a minissérie “Carbono: a evolução da agricultura sustentável”, disponível gratuitamente no YouTube.