Cavitação na cultura do algodão

A cavitação é a ocorrência de bolhas de ar no interior do xilema da planta. Esse fenômeno acontece quando há um desequilíbrio entre a entrada de água nas raízes e a perda de água pelas folhas. Quando ocorre no algodoeiro, a cavitação pode causar o abortamento de flores e, consequentemente, a redução da produção.

Nesse contexto, conhecer melhor a cavitação pode fazer a diferença na tomada de decisão durante a safra , com o objetivo de reduzir perdas.

Saiba como acontece a cavitação e o que pode ser feito para reduzir danos por este advento, neste artigo que Bollgard® preparou!

O que é cavitação?

A cavitação ou embolismo é um fenômeno caracterizado pela formação de bolhas de ar na coluna de água dentro do xilema da planta de algodão. Como consequência, ocorre a quebra da coluna de água e o abortamento de flores.

A cavitação reduz a produção da lavoura por causar o abortamento de flores.

Segundo Maas, Allen e Weir (2012), a cavitação ocorre principalmente após dias sucessivos com altas temperaturas e estresse hídrico. Ainda segundo os pesquisadores, a cavitação e o abortamento de flores são mais intensos em lavouras com maior retenção de estruturas reprodutivas.

Como a cavitação acontece?

Em períodos de alta demanda hídrica, em especial próximo à fase reprodutiva, a planta perde muita água para a atmosfera. A quantidade insuficiente de água no solo gera um desequilíbrio entre a saída de água nas folhas e a entrada de água nas raízes, ocasionando a cavitação.

A água é importante no transporte de nutrientes e participa do processo fotossintético.

Por que o equilíbrio entre a saída e a entrada de água é importante para o algodoeiro?

A absorção de água pelas plantas é governada pelo gradiente de potencial hídrico entre a atmosfera e as raízes.

A perda de água pelas folhas para a atmosfera determina a entrada de água nas raízes.

Quanto mais quente e seco estiver o ambiente maior será a demanda de água pela cultura.

A alta taxa de transpiração exige que haja água suficiente no solo para suprir a demanda hídrica no sistema solo–planta–atmosfera.

O potencial de água do sistema solo–planta–atmosfera coordena o processo de perda de água da planta para a atmosfera e a absorção da água do solo pelas raízes. Acontece desta forma:

• A água sai do local com maior potencial de água e vai para o local com menor potencial. Assim, a água parte do solo para a atmosfera, passando pela planta.

Essa relação de interdependência entre a planta e o ambiente é o que faz com que a cavitação seja um fenômeno importante na cotonicultura. Afinal, como saber quando ela vai acontecer? Quais indicadores podem nos preparar para encontrar plantas com sintomas de cavitação na lavoura?

Explicaremos na sequência!

Quando a cavitação pode causar mais impactos?

Na fase reprodutiva, que se estende do surgimento do 1º botão floral ao cut out, a planta de algodão necessita de grande quantidade de água diariamente. Este é o período de maior demanda hídrica do algodoeiro, e pode consumir até a 50% de toda água necessária para o desenvolvimento da lavoura.

Da fase de florescimento, que começa entre 50 e 55 DAE (dias após a emergência), à abertura dos primeiros capulhos (100 a 120 DAE), a demanda hídrica pelo algodoeiro pode chegar até a 10 mm diariamente.

A falta de água suficiente no solo durante essas etapas de desenvolvimento da cultura pode desencadear a cavitação. Como consequência, ocorre a quebra da coluna de água, que estrangula o pecíolo das flores e causa o abortamento delas.

Na maioria das vezes o abortamento acontece quando as flores estão passando de flor branca para flor vermelha. Neste momento, a planta passa de uma fase com baixa demanda de água para uma fase com alta demanda hídrica, o que cria um cenário propício para a ocorrência de cavitação.

A influência do ambiente na cavitação

Devemos lembrar que o abortamento das flores é um processo natural que ocorre nas plantas de algodão, e que a cavitação é um dos causadores de abortamento.

As flores abortadas em função da cavitação ficam aderidas à planta, e irão gerar uma lesão comprida, enquanto o abortamento natural gera uma lesão circular.

Segundo Krieg, pesquisador da Universidade do Texas, o abortamento de flores é dependente das condições climáticas (61%), do material genético utilizado (8%) e da interação planta/clima (31%).

O professor e pesquisador da UNOESTE (Universidade do Oeste Paulista), Fábio Rafael Echer, explica que a abscisão de flores em algodão é algo comum, e pode resultar no abortamento de 20 a 50% de flores da planta ao longo da safra. Por esse motivo, minimizar os fatores ambientais adversos, que aumentam ainda mais a queda das flores por meio de fenômenos como a cavitação, é essencial.

Manejo do algodoeiro para minimizar as perdas por cavitação

Para minimizarmos perdas por cavitação, devemos realizar o manejo da cultura com o objetivo de aumentar a absorção de água pelas raízes e diminuir a perda de água para a atmosfera.

Vale reforçar que, controlar a perda de água é difícil, e por isso devemos favorecer a entrada de água nas raízes.

Para ajudar a planta a absorver água suficiente durante toda a safra, e evitar prejuízos por cavitação, é preciso dar atenção para as seguintes ações:

Adubação equilibrada

A abertura e o fechamento dos estômatos, local de perda de água pelas plantas, está relacionada ao potássio. A Adubação adequada com potássio aumenta a eficiência do processo de trocas gasosas e diminui a perda excessiva de água da planta para a atmosfera.

Além disso, a adubação com nitrogênio evita o crescimento excessivo das plantas, diminuindo a perda de água para a atmosfera.

Plantio direto

A presença de restos culturais na superfície diminui a temperatura do solo e a evaporação de água. O plantio direto também melhora o desenvolvimento das raízes, o que permite maior absorção de água pelas plantas.

Regulador de crescimento

A utilização de reguladores de crescimento diminui a quantidade de folhas das plantas e a perda de água para a atmosfera.

Uso inadequado de reguladores pode ocasionar diminuição da produtividade, principalmente quando aplicado muito cedo.

Plantio na janela adequada

O plantio na janela adequada para a cultura do algodão na região permite que o florescimento, época de maior demanda de água, não aconteça em períodos de falta de água, minimizando o processo de cavitação.

Tecnologia Bollgard® e cultivares adequadas

A escolha de cultivares adequadas para regiões que apresentam déficit hídrico é uma alternativa para evitar prejuízos com o algodoeiro. Sendo assim, conhecer o histórico da lavoura, e principalmente informações sobre o volume de chuvas na região ao longo dos últimos anos, pode facilitar a construção de uma estratégia de manejo que contemple as características da cultivar, bem como do solo.

Ao adotar sementes de qualidade com tecnologia Bollgard®, o cotonicultor acessa diversas vantagens, que mitigam outros fatores que podem influenciar a perda de água e energia pela planta de algodão, como o ataque de pragas e a competição com plantas daninhas por água e nutrientes.

A biotecnologia confere ao algodoeiro a tolerância às principais lagartas que atacam a cultura, como lagartas curuquerê-do-algodoreiro (Alabama argilácea), lagarta-rosada (Pectnophora gossypiela), lagarta-da-maçã (Heliothis virenscens) e falsa-medideira (Chrysodeixis includens). Além disso, apresenta supressão dos complexos Helicoverpa spp. e Spodoptera spp.

O algodoeiro Bollgard® também é tolerante ao herbicida glifosato , o que flexibiliza o manejo de plantas daninhas ao longo da safra.