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Biotecnologia na agricultura: inovações que estão transformando o campo

A biotecnologia na agricultura utiliza técnicas de engenharia genética para desenvolver plantas mais resistentes, aumentando a produtividade e a qualidade dos produtos agrícolas.
24 de outubro de 2024 /// 10 minutos de leitura
biotecnologia na agricultura

Desde o lançamento das primeiras sementes que geram plantas capazes de resistir ao ataque de pragas e tolerar herbicidas, o agronegócio nunca mais foi o mesmo.

A aplicação da biotecnologia na agricultura é um dos fatores que explicam como o Brasil se tornou um dos principais players do mercado agrícola global. Os benefícios dessa inovação tornaram culturas como milho, soja e algodão mais produtivas e sustentáveis.

Por isso, essa tecnologia é considerada uma grande aliada no enfrentamento dos principais desafios do produtor rural, como aumentar a produção, melhorar a qualidade e lidar com a imprevisibilidade climática.

Neste artigo, explicaremos como a biotecnologia funciona, por que ela é importante e como você pode aplicá-la para potencializar os resultados da sua fazenda.

O que é biotecnologia na agricultura?

A biotecnologia na agricultura é o uso de técnicas e conhecimentos de biologia molecular para modificar organismos vivos. Essas técnicas vão desde métodos tradicionais de melhoramento genético até ferramentas modernas de engenharia genética, como a manipulação de DNA.

O objetivo desse processo é criar ou aprimorar produtos agrícolas, como plantas e microrganismos. Dessa forma, é possível desenvolver variedades mais resistentes a pragas, doenças e condições climáticas adversas, aumentando a produtividade das lavouras e a resiliência das culturas.

Como funciona a biotecnologia na agricultura?

A aplicação da biotecnologia na agricultura envolve o uso de técnicas avançadas de melhoramento genético das plantas, permitindo mudanças que não seriam possíveis com métodos convencionais.

Uma dessas técnicas é a genômica, que se baseia no estudo detalhado do genoma das plantas, ou seja, de seu material genético. Esse estudo permite que os pesquisadores identifiquem quais genes são responsáveis por características específicas, como resistência a doenças e tolerância à seca.

Outra técnica importante é a transgenia, que consiste na introdução de um gene específico de um organismo no genoma de outro, que adquire características introduzidas por esse novo gene.

Além disso, ela também envolve a técnica de marcadores moleculares, as quais são sequências de DNA associadas a características desejáveis nas plantas, que ajudam a acelerar o melhoramento genético.

Em vez de cultivar e testar fisicamente cada uma, o uso de marcadores e outras técnicas de engenharia genética agiliza o processo de melhoramento. Isso contribui para a inovação e torna o desenvolvimento de cultivos transgênicos mais eficiente.

Qual o histórico da biotecnologia na agricultura brasileira?

A história da biotecnologia na agricultura brasileira começou no início da década de 1990, com a introdução das primeiras variedades geneticamente modificadas de soja no país.

O marco inicial foi a aprovação da soja transgênica, a primeira cultura geneticamente modificada comercializada no Brasil. Em 1998, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou a soja Roundup Ready®, tolerante ao herbicida glifosato.

A partir desse momento, a adoção de sementes transgênicas no Brasil cresceu rapidamente, especialmente entre os produtores de soja. Depois disso, essa tecnologia começou a ser aplicada a outras culturas, como o milho e o algodão.

Em 2005, a CTNBio aprovou o milho Bt, que incorpora genes do Bacillus thuringiensis. Além de ser tolerante a certos herbicidas, essa variedade é resistente a pragas, como a lagarta-do-cartucho. Poucos anos depois, em 2007, foi aprovado o algodão transgênico, também Bt e resistente a inseto.

Atualmente, a biotecnologia está amplamente presente na agricultura brasileira. A soja transgênica ocupa uma parcela significativa da produção nacional, enquanto o milho e o algodão Bt estão consolidando seus espaços nas lavouras.

Vale lembrar que o desenvolvimento de cultivos transgênicos e de variedades geneticamente modificadas seguem regulamentações rigorosas.

A CTNBio é a agência responsável por avaliar esses produtos, com base em critérios de segurança alimentar, saúde humana, meio ambiente e sustentabilidade agrícola.

8 benefícios da biotecnologia na agricultura

Os resultados do estudo da CropLife Brasil (CLB) e Agroconsult “25 anos de transgênicos no campo: benefícios ambientais, econômicos e sociais no Brasil” comprovam que o uso da biotecnologia traz diversos benefícios ao produtor. Conheça essas vantagens a seguir:

1. Redução na aplicação de defensivos agrícola

O cultivo de plantas geneticamente modificadas diminuiu o uso de inseticidas em 34,4% na soja, 19,6% no milho de inverno, 15,2% no milho de verão e 28,8% no algodão, na safra 2022/23.

2. Economia de combustível

A adoção dessa solução também gerou uma economia de 565 milhões de litros de combustível entre 1998 e 2023. Isso equivale à retirada de 377 mil carros das ruas por um ano.

3. Redução do consumo de água

Entre as safras 2018/19 e 2022/23, o uso dessas tecnologias também foi responsável pela economia de 10,4 bilhões de litros de água.

4. Diminuição do processo de expansão das áreas cultivadas

O uso desse tipo de tecnologia também reduz a velocidade de expansão das áreas cultivadas. A produção de soja, por exemplo, aumentou em quase 300% entre 1998 e 2023, enquanto sua área cultivada cresceu apenas 170%.

No milho, a produção subiu 75%, e a área plantada cresceu apenas 18%. Já no algodão, a produção aumentou 23%, com um crescimento de área de apenas 7,5%.

5. Redução nas emissões de CO₂

A redução na aplicação de defensivos e a economia de área cultivada também diminui a emissão dos gases de efeito estufa (GEE). Segundo o estudo, essa diminuição foi estimada em 70,4 milhões de toneladas de CO₂ no período analisado.

6. Aumento da produção de grãos

A biotecnologia também é apontada como uma das razões para o aumento da produtividade agrícola do país. O investimento nesses recursos está ligado ao aumento da produção em 112,3 milhões de toneladas de grãos, entre as safras de 1998/99 e 2022/23.

7. Aumento da lucratividade

Ao longo de 25 anos, a margem de lucro por hectare do produtor que investiu em inovação foi maior em comparação àqueles que investiram em culturas convencionais. Essa margem foi 7% maior para a soja, 24% para o milho de inverno, 27% para o milho de verão e 64% para o algodão.

8. Outros benefícios

O cultivo de sementes geneticamente modificadas também resultou em outros benefícios práticos, ligados à eficiência operacional nas lavouras. Entre eles estão:

  • Maior adoção do plantio direto: o plantio direto se tornou uma prática muito mais segura e eficiente, uma vez que as plantas cultivadas são mais tolerantes a herbicidas;

  • Melhor manejo de plantas daninhas: as plantas daninhas passaram a ser manejadas antes, durante e depois da colheita, já que os cultivares permitem aplicar herbicidas durante a safra;

  • Mais facilidade no manejo de pragas secundárias: as estratégias de Manejo Integrado de Pragas (MIP) se tornaram mais eficientes, uma vez que é possível rotacionar o uso de defensivos focados em insetos não alvo da biotecnologia.

Veja mais: Biotecnologia para soja: como atingir um novo patamar de produtividade?

Qual a importância da biotecnologia na agricultura?

A biotecnologia é considerada uma das principais aliadas no enfrentamento dos desafios do agronegócio. Isso se deve aos benefícios que essa inovação oferece ao setor.

Por possibilitar o cultivo de culturas mais resistentes e adaptadas a diferentes condições ambientais, ela reduz as perdas nas lavouras e aumenta a produtividade.

Além disso, ela acelera o desenvolvimento de plantas com características superiores, permitindo uma resposta mais rápida e precisa às necessidades do setor agrícola.

Ela ainda reduz o uso de insumos químicos e a expansão das áreas de cultivo, contribuindo para a construção de uma agricultura sustentável. Por conta dessas características, esse investimento fortalece a posição do Brasil no cenário global de produção de alimentos.

Quais são as aplicações da biotecnologia na agricultura?

A biotecnologia pode ser aplicada de diferentes formas na agricultura. Além do desenvolvimento de cultivos transgênicos, uma das aplicações mais importantes é o melhoramento genético das culturas.

O resultado são variedades mais resistentes a pragas, tolerantes à seca, maior produtividade, entre outras características.

Um exemplo disso é a VT PRO4®, voltada para o milho, que usa três mecanismos de ação contra pragas e oferece dois modos de ação que protegem a raiz da planta de milho. As plantas geradas também são tolerantes ao herbicida glifosato.

Outro exemplo dessa aplicação é o uso da tecnologia Bollgard®️ 3 RRFlex para proteger a cultura do algodão de diversas lagartas. Ela também aumenta a tolerância do algodoeiro ao herbicida glifosato, tornando o controle de ervas daninhas mais eficiente.

Na soja, um exemplo dessa aplicação é a plataforma INTACTA2 XTEND®, que oferece uma proteção ampliada contra pragas, utilizando três proteínas Bt. Além disso, ela é tolerante aos herbicidas glifosato e dicamba, aumentando a flexibilidade no manejo de daninhas.

Esses exemplos mostram como a tecnologia está revolucionando o manejo agrícola no Brasil e também pode transformar os resultados da sua fazenda. Aprenda a usar a biotecnologia a seu favor com a Agro Bayer!

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