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Soja: o manejo adequado para controlar doenças e alavancar a produtividade

Projeto 10X, conduzido pela Bayer em conjunto com a Agrotecno, pesquisou a estratégia de manejo mais eficiente para combater doenças que afetam a principal cultura do país26 de outubro de 2023 /// 14 minutos de leitura

Os números da soja e as perspectivas para a próxima safra são animadoras, com a possibilidade de mais recorde pela frente. Mas também há desafios no horizonte dos produtores rurais brasileiros, dentre eles, as doenças que afetam a cultura.

Para descobrir qual é o manejo mais eficiente para controlar as doenças na soja, a Bayer, em parceria com a empresa Agrotecno, conduziu o Projeto 10X, com mais de 11 mil parcelas experimentais que mostraram resultados importantes para todas as regiões do Brasil.


A evolução da produtividade da soja no Brasil

De acordo com dados divulgados recentemente pela Conab, a produção de soja na safra 2022/23 ficou em 154,6 milhões de toneladas - quase metade de toda a produção de grãos do Brasil. Na última década, a produção nacional saltou de 52 para 154 milhões de toneladas.

O professor Marcos Fava Neves diz que, na próxima safra, o Brasil deve ser responsável por 41% da soja produzida no mundo.

"Os produtores de soja brasileiros melhoraram muito as técnicas, a questão administrativa, a gestão por metro quadrado, o uso de sementes e fertilizantes. Tivemos um banho tecnológico, além da abertura para o mercado externo. Tudo isso levou o Brasil a crescer tanto em área quanto em produtividade e, principalmente, na quantidade de soja que vendemos", acrescenta o especialista em agronegócio.

O professor e pesquisador da Agrotecno, Carlos Forcelini, comenta que o clima tropical favorece o cultivo da cultura, mas também exige proteção do potencial produtivo das lavouras porque essas mesmas condições criam um ambiente muito propício para pragas e doenças como um todo.

"Na medida em que temos uma presença de chuvas mais frequentes no verão, momento em que a cultura está no campo, essas doenças avançam com rapidez. Mesmo na entressafra, período no qual os patógenos teriam dificuldade de sobreviver, as nossas condições são muito favoráveis porque não temos um inverno rigoroso, principalmente no Centro-Oeste do país", explica.

Outro ponto destacado por Forcelini é que cerca de 85% a 90% da soja é plantada nas mesmas áreas, sem uma rotação significativa de culturas. Dessa forma, há um incremento gradativo e contínuo desses patógenos, o que leva a um risco maior de enfermidades a cada ano.

Nesse cenário, além das doenças tradicionais, novos problemas surgem, como a podridão das vagens que recentemente atingiu as lavouras do Mato Grosso.

Outra doença temida pelos produtores de soja é a ferrugem asiática. Na safra 2022/23 foram identificadas 295 ocorrências da doença no país, segundo o Consórcio de Ferrugem.

Além disso, um estudo do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) constatou que a ferrugem asiática pode causar perdas de até R$ 12 bilhões à agricultura brasileira. Para não sofrer esse tipo de prejuízo, é muito importante realizar o manejo integrado por meio de práticas como:

  • Tratamento de sementes
  • Rotação ou sucessão de culturas
  • Implantação de um espaçamento adequado entre as fileiras
  • Manejo correto do solo
  • Realização da semeadura no início da janela de cultivo
  • Seleção de cultivares resistentes
  • Aplicações preventivas e de reforço de fungicidas com rotação de ativos e modos de ação.

Projeto 10X

Alexandre Rocha, engenheiro agrônomo e gerente de Field Marketing na Bayer, destaca que as novas tecnologias são desenvolvidas pensando no incremento da produtividade. "A Bayer, por exemplo, investe mais de 2,9 bilhões de euros em pesquisa e desenvolvimento para trazer ferramentas que vão ajudar o agricultor a ser mais assertivo no controle das doenças e de pragas para o manejo correto da cultura da soja."

E foi para auxiliar os produtores sobre o manejo mais adequado, e para alavancar altas produtividades, que nasceu o Projeto 10X. Ele consiste em levar informação e capacitação aos agricultores e técnicos a partir de uma pesquisa robusta realizada nos últimos dois anos.
O projeto foi feito no Rio Grande do Sul, com 10 áreas e mais de 70 tratamentos combinados. Os agricultores foram convidados a visitarem essas áreas presencialmente e entenderem a diferença entre os manejos.

O professor Forcelini conta que foram 11,2 mil parcelas experimentais de soja distribuídas entre 16 locais e dois cultivares. Isso porque essa cultura é trabalhada em diferentes ambientes no Brasil e a pesquisa precisaria ter uma coleta de dados robusta para refletir diversos cenários, como altitudes e condições climáticas. "Tínhamos altitudes menores, a 50 metros do nível do mar, até mil metros acima do nível do mar. Além de cultivares diferentes e épocas de semeadura distintas. Trata-se do maior projeto de pesquisa do agro no Brasil", frisa.


Portfólio Bayer tem maior eficácia contra doenças da soja

Ainda de acordo com Forcelini, a pesquisa mostrou que, embora haja similaridades entre as ferramentas disponíveis no mercado, existe uma grande diferença de performance entre elas. "Estamos lidando com um inimigo poderoso e precisamos saber quais armas vamos usar. Vale lembrar também que no Brasil há uma situação crescente de resistência aos fungicidas, portanto, informações geradas há dois ou três anos não refletem mais a realidade."

Para Rocha, entender mais sobre os ativos e a qualidade das formulações faz total diferença no manejo e para a tomada de decisão mais assertiva por parte de produtores, técnicos e agrônomos sobre como e quando fazer as aplicações, como mostrou o projeto 10X.

Na prática, foram definidos quatro momentos estratégicos ao longo do ciclo da cultura da soja no projeto. 
O primeiro foi na fase vegetativa da cultura, nos estágios de V3 a V4, no qual foram utilizadas cerca de 10 opções de manejo. O resultado foi uma variação de 1,1 até 4,8 sacas por hectare. 
Na segunda etapa, no pré-fechamento da cultura, foram aplicados 11 fungicidas premium com variações de 4 até 13 sacas por hectare de diferença.

Na sequência, o tratamento testado cerca de 15 dias depois constatou variações de 5 a 11 sacos por hectare e assim também na parte final da cultura.

"Ressaltando que são diferenças observadas no conjunto de todos esses trabalhos, não é uma diferença pontual de um experimento, de um local ou de uma variedade, mas do projeto como um todo, a partir de uma base de dados gigantesca", diz Forcelini.

Para auxiliar o produtor em todas essas etapas, a Bayer conta em seu portfólio com Nativo® para aplicação no estágio V4; Fox® Xpro e Fox® Supra na fase de pré-fechamento e 15 dias depois; além de Sphere Max® no fechamento da cultura. Esse portfólio tem apresentado os melhores resultados no manejo de doenças da soja.

Rafael Roehrig, pesquisador da Agrotecno e coordenador operacional do Projeto 10X, diz que o projeto é muito importante por trazer resultados seguros e robustos, que permitem ao agricultor avançar no manejo da soja. "Foi um projeto descentralizado, levado às principais regiões produtoras de soja no Sul do Brasil e que capacitou muitas pessoas com treinamentos, cursos e palestras. Foi um grande prazer conduzir esse projeto."

Para saber mais sobre o Projeto 10X e obter as informações sobre a pesquisa, o agricultor pode entrar em contato com o representante de vendas Bayer de sua região.


Perspectivas para a safra 23/24

Estimativas recentes do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) projetam uma safra de soja de 163 milhões de toneladas no ciclo 2023/24, quase 10 milhões de toneladas a mais em comparação com a safra atual.

O professor Marcos Fava Neves conta que boa parte dessa produção será proveniente do aumento da área cultivada, com mais de 1 milhão de novos hectares no Brasil, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). 
"Esse volume poderia impactar de forma muito negativa o mercado mundial, não fosse a atual situação dos estoques. Isso porque os Estados Unidos produziram menos e a Argentina teve uma grande perda. Por isso, acredito em uma estabilidade dos preços."

Nesse cenário, a orientação do especialista para os produtores é aproveitar os momentos de queda do real para fixar parte da soja futura.

Já no campo, no quesito pragas e doenças, o professor Forcelini chama a atenção para os efeitos do fenômeno climático El Niño na safra 2023/2024. O Brasil deve bater um novo recorde de produtividade de soja, mas as condições climáticas que favorecem a produção também são propícias para o surgimento de enfermidades nas lavouras, sobretudo na região Sul, que sofreu com a seca nos últimos dois anos. "O El Niño traz chuvas, o que é bom para a cultura, mas traz de volta problemas como a ferrugem asiática, que esteve ausente nas últimas safras no Rio Grande do Sul. Os inimigos são bastante agressivos em anos como este e é preciso tomar cuidado", alerta.

Para evitar problemas e mais prejuízos, os especialistas reforçam que as boas práticas culturais, incluindo o manejo para controle das doenças da soja, são fundamentais para ter sucesso nesta e nas próximas safras.

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