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Quebra de safra no Brasil: como gerenciar as perdas da safra e como prevenir

A quebra de safra ocorre quando a produção agrícola fica abaixo do esperado devido a fatores adversos como mudanças climáticas, pragas, doenças e manejo inadequado. Essa situação pode causar escassez de alimentos, aumento de preços e impacto econômico negativo para produtores e consumidores.10 de outubro de 2024 /// 10 minutos de leitura

As últimas projeções de resultados esperados para o cultivo indicam a quebra de safra das principais commodities agrícolas produzidas no país: a soja e o milho.

Esse cenário desafiador mostra que o produtor precisa adotar estratégias de manejo e gestão de risco para reduzir os prejuízos relacionados a uma queda da produção agrícola.

Neste artigo explicaremos as causas dessa queda, o que o produtor pode fazer para proteger a fazenda e quais as previsões para as próximas safras.

O que é a quebra de safra?

A quebra de safra é a redução significativa na produção agrícola de um determinado cultivo em relação ao que era esperado. Para entender por que essa expressão é utilizada, é importante lembrar o que acontece antes do início de um novo ciclo.

O produtor rural que acompanha o mercado agrícola pode perceber que instituições como a Companhia Brasileira de Abastecimento (Conab) sempre publicam suas estimativas para o próximo ciclo de cultivo.

As previsões são baseadas em inúmeros fatores, como perspectiva de área cultivada, total de sacas que devem ser produzidas, entre outros.

No entanto, muitos eventos podem acontecer entre o planejamento da lavoura e a colheita, impactando os resultados da produção. Alguns deles podem gerar perdas significativas.

Como resultado, o total de produtos colhidos é menor do que o previsto no início do ano. Essa redução pode ocorrer em diversas culturas, como soja, milho, café, entre outras, e seus impactos se estendem por toda a cadeia produtiva, desde o produtor até o consumidor final.

Quais as principais causas da quebra de safra?

As causas responsáveis pela queda da produtividade em campo podem ser divididas entre fatores bióticos e abióticos. Os principais representantes dos fatores abióticos são os fenômenos climáticos atípicos, como estiagem, chuvas excessivas, inundações e ondas de calor, por exemplo.

Embora sejam frequentemente responsáveis por essas reduções, eles não são os únicos que causam esse problema.

Fatores bióticos, como infestações de pragas, doenças e plantas daninhas, que não são manejadas corretamente, também podem diminuir os resultados da plantação.

Além desses fatores, problemas de manejo também podem causar a queda da safra. Isso ocorre quando o produtor faz uso inadequado ou insuficiente de insumos, utiliza práticas de plantio ineficientes ou não faz o planejamento correto, por exemplo.

A dificuldade de acesso a crédito rural e as flutuações nos preços de venda das commodities e dos insumos agrícolas também podem afetar a produtividade e a viabilidade econômica.

Qual o impacto da quebra de safra nas culturas?

O impacto afeta toda a cadeia de produção agrícola, desde o produtor rural até o consumidor final. Os agricultores acumulam prejuízos financeiros, que podem comprometer sua capacidade de investimento e de manter a atividade produtiva.

Já os consumidores podem ser afetados pelo aumento dos preços dos alimentos. Isso porque a queda reduz a oferta de produtos agrícolas e seus derivados no mercado.

Como a oferta diminui, o seu preço aumenta. Além de impactar diretamente o custo de vida da população, isso ainda pode levar ao aumento da inflação, comprometendo ainda mais o orçamento e a segurança alimentar das famílias.

Esse conjunto de fatores também gera impactos econômicos significativos para a economia do país. Isso ocorre principalmente quando diferentes regiões produtoras de commodities agrícolas, como soja, milho e algodão, registram uma quebra de safra.

Além de diminuir os resultados da lavoura em determinado período, o problema ainda pode comprometer a saúde financeira do produtor e limitar seus investimentos nos próximos anos.

7 estratégias para prevenir a quebra de safra

Embora a quebra de safra seja um desafio, existem diversas estratégias de gestão de riscos que podem ser implementadas para reduzir seus impactos. Para isso, você pode adotar as seguintes estratégias de prevenção:

  1. Utilizar ferramentas da agricultura de precisão para fazer o monitoramento e detectar precocemente problemas que podem impactar a produtividade;

  2. Diversificar a produção, investindo no cultivo de diferentes culturas para reduzir a dependência de uma única safra;

  3. Fazer o manejo integrado de pragas e doenças para aumentar a eficiência de controle desses problemas;

  4. Investir em tecnologias avançadas de previsão climática para otimizar o planejamento do plantio, como radares meteorológicos e softwares de gestão agrícola;

  5. Adotar práticas agrícolas sustentáveis para melhorar a capacidade de recuperação do solo e a eficiência hídrica;

  6. Investir em culturas mais resistentes a pragas, doenças e estiagem, que podem ocorrer na região da fazenda;

  7. Investir em seguros e contratos futuros que contemplem cláusulas de quebra de safras mais robustas, que ofereçam segurança financeira contra perdas inesperadas.

Quais as previsões para as próximas safras?

O último levantamento da Conab, publicado em julho de 2024, ainda acompanha os resultados das previsões anteriores. Segundo a pesquisa, o Brasil deve produzir 299,27 milhões de toneladas de grãos na safra 2023/24.

Isso significa uma redução de 6,4%, equivalente a 20,54 milhões de toneladas a menos em comparação com o ciclo anterior, indicando uma queda significativa. Essa diminuição é atribuída principalmente à redução das expectativas de produção das principais commodities agrícolas do Brasil.

A produção de soja é projetada em 147,34 milhões de toneladas, representando uma diminuição de 4,7% ou 7,27 milhões de toneladas em relação ao ciclo anterior. A produção de milho é estimada em 115,86 milhões de toneladas, um volume 12,2% menor ou 16,03 milhões de toneladas a menos do que o resultado do ano anterior.

Em entrevista ao programa Impulso Negócios, o professor Marcos Fava Neves, também conhecido como Doutor Agro, explica que, apesar da queda da produção de soja no Brasil, o preço do grão não deve ser afetado.

“Mesmo com essa queda no Brasil, a Argentina deve ter uma produção de 52 milhões de toneladas. O fato é que tem bastante soja no mercado e a perspectiva, na minha leitura, é a manutenção dos preços até o momento do plantio nos Estados Unidos”, explica Marcos.

No entanto, o cenário do milho é um pouco mais complexo. Segundo o professor, ainda é difícil compreender os resultados esperados do milho safrinha. Apesar disso, a expectativa ainda é de queda.

“A situação do milho é mais difícil de observar. Acredito que ainda teremos alguma reação dos preços, mas os mercados estão em efervescência em virtude do clima, da colheita e uma série de operações em andamento no Brasil”, acrescenta o Doutor Agro.

O que explica a queda da produção esperada da safra 2023/24?

De acordo com a Conab, essa queda da produtividade é resultado dos efeitos do fenômeno climático El Niño. Ele é responsável por causar eventos que impactaram tanto o início do plantio quanto às fases de reprodução de primeira safra plantadas até o final de outubro.

Por conta desse fenômeno, os produtores de Mato Grosso, por exemplo, sofreram com as temperaturas elevadas e a escassez de chuvas na região.

A situação foi tão grave que mais de 30 municípios decretaram estado de emergência. Como resultado, produtores relataram que a produtividade ficará abaixo dos custos de produção.

O cenário não é diferente em São Paulo. O Sindicato Rural de Paranapanema estima uma quebra de soja em 30%, com produtividade média de 30 a 40 sacas de soja por hectare.

Até as propriedades com irrigação estão registrando prejuízos em função da estiagem. Já existem casos de agricultores que já perderam talhões inteiros por conta desse fenômeno.

Considerando esse cenário, a Aprosoja Mato Grosso recomenda que os produtores registrem as perdas causadas por condições climáticas.

Para fazer esse registro, a associação recomenda que o produtor obtenha laudos agronômicos periódicos e compare com as produtividades registradas nos últimos anos.

Além disso, ele deve obter atas notariais e elaborar relatórios fotográficos georreferenciados, bem como outros documentos que possam esclarecer ou ilustrar a situação enfrentada na propriedade.

Esses materiais são essenciais para os produtores conseguirem dar entrada no seguro rural e reduzir seus prejuízos.

Isso mostra que investir em estratégias de gestão de riscos agrícolas para prevenir os efeitos da quebra de safra na fazenda é fundamental para garantir a manutenção da propriedade rural. Acompanhe as análises do mercado agrícola e dicas para evitar a quebra da sua safra com a Agro Bayer!

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