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Como fazer o controle de percevejo-barriga-verde no milho

O percevejo-barriga-verde no milho pode causar perdas maiores que 30% da lavoura. Saiba como controlar essa praga e proteger a plantação.24 de setembro de 2024 /// 8 minutos de leitura

O cultivo sucessivo de soja e milho tem aumentado o número de infestações de pragas no país. Isso porque as duas culturas compartilham alguns insetos-pragas em comum, como o percevejo-barriga-verde.

Embora não seja tão frequente na lavoura de soja, esse tipo de percevejo é uma das pragas do milho. Ou seja, ele ataca a cultura ainda jovem, causando perdas que podem superar 30% da produção.

Para evitar esse problema, o produtor precisa saber como identificar e como controlar o percevejo-barriga-verde no milho.

Neste artigo, explicaremos quais os danos causados por essa praga no milharal e o que fazer para combater esses insetos na lavoura.

O que é o percevejo-barriga-verde?

O percevejo barriga-verde é um inseto sugador que pertence ao gênero Dichelops (família Pentatomidae, ordem Hemiptera). No Brasil, duas espécies desse gênero ocorrem com mais frequência na lavoura: o Dichelops melacanthus e Dichelops furcatus.

No entanto, a espécie D. melacanthus é mais comum em comparação a D. furcatus. Isso porque ela ocorre principalmente em áreas agrícolas mais quentes, abrangendo uma extensão territorial maior.

Atualmente, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná são os estados com os maiores índices de infestação dessa praga.

Porém, mesmo com as incidências majoritariamente acontecendo no Sul do país, é possível encontrar esses insetos, principalmente o D. melacanthus, atacando diferentes culturas espalhadas por todo o Brasil.

Ciclo de vida do percevejo-barriga-verde

Para entender melhor o comportamento do percevejo-barriga-verde, é importante conhecer o ciclo de vida do D. melacanthus.

Tudo começa quando as fêmeas depositam seus ovos de coloração verde clara nas folhas do milho ou na palha de cultivos de cobertura usados no sistema de plantio direto.

Cada fêmea pode depositar até 13 ovos por postura, que se desenvolvem com mais facilidade em altas temperaturas.

Quando eclodem, surgem as ninfas, que passam por 5 instares de desenvolvimento. Elas começam a se alimentar da planta ainda do segundo instar, sendo que ingestão de alimentos aumenta a partir do terceiro instar, podendo provocar danos à lavoura.

Na fase adulta, os insetos apresentam face dorsal marrom, a face ventral (abdômen) verde e a cabeça com um pronoto estendido.

O D. melacanthus ainda se diferencia por apresentar cerca de 7 mm de comprimento, espinhos no pronoto mais pontiagudos e com coloração mais escura em relação ao restante do corpo.

O ciclo de desenvolvimento do ovo até a fase adulta dura cerca de 27 dias, sendo que esse período pode ser maior dependendo do clima da região.

Quais os danos causados pelo percevejo-barriga-verde no milho?

Os adultos e ninfas de percevejo-barriga-verde se alimentam na base das plântulas de milho, consumindo nutrientes que deveriam ser utilizados para o bom desenvolvimento da planta.

Durante sua alimentação, os insetos introduzem seu estilete nos tecidos jovens da planta, seguido pela injeção de saliva que facilita a sucção da seiva. Além de roubar os nutrientes, os insetos podem injetar toxinas nas plantas.

Por conta desses comportamentos, as plantas atacadas por essa praga podem apresentar sintomas relacionados à deficiência nutricional, entre outros problemas.

Confira a seguir os principais danos causados por esse tipo de percevejo na plantação:

  • Murchamento das folhas, sintoma também conhecido como “coração morto”;

  • Secamento das partes aéreas da planta;

  • Lesões no caule principal;

  • Atrofiamento da planta;

  • Enrolamento das folhas, sintoma conhecido como “encharutamento”,

  • Redução do estande da lavoura;

  • Plantas sem espigas, multiespigamento ou produção de espigas pequenas.

  • Vulnerabilidade a doenças do milho.

Vale lembrar que em infestações mais severas, essa praga pode causar a seca e morte total da plantação, especialmente se o ataque ocorre após a emergência do milho.

Isso porque o ataque pode causar a morte das plântulas ou da gema apical, causando o perfilhamento. As perdas causadas pela infestação desse inseto podem ultrapassar 30% da produção.

Como detectar o percevejo-barriga-verde no milho?

O percevejo-barriga-verde é considerado uma das principais pragas iniciais da cultura do milho. Ou seja, trata-se de uma praga de início de ciclo. Caso a infestação ocorra nos primeiros estágios de desenvolvimento da cultura (V1 a V3), os danos podem ser irreversíveis.

Por isso, a recomendação é que o produtor invista no monitoramento de pragas para identificar a presença de insetos na lavoura antes que a população de percevejos cresça e cause danos no milharal.

Na cultura do milho, o ideal é começar o monitoramento antes mesmo da semeadura, iniciando com a vistoria na palhada e dando continuidade após a germinação das plantas.

Para isso, é importante investir em técnicas que permitam a detecção do crescimento populacional do inseto, como armadilhas e contagem visual de percevejos. Entenda a seguir como fazer o monitoramento com cada uma dessas técnicas:

Armadilha de percevejo

O primeiro passo para criar esse tipo de armadilha é providenciar iscas para atrair os percevejos.

Essas iscas podem ser criadas com soja, por exemplo. Nesse caso, basta deixar cerca 300g de sementes de soja embebidas por água de 10 a 15 minutos. Após esse período, é necessário escorrer o líquido e adicionar sal de cozinha nos grãos.

No fim da tarde, quando a temperatura é mais amena, as iscas devem ser colocadas em um local protegido com palha, material em que os percevejos costumam se abrigar.

A contagem de insetos capturados na armadilha deve ser feita apenas na manhã seguinte, de preferência de manhã cedo, antes do período mais quente do dia.

Após fazer a contagem dos percevejos capturados, o produtor pode comparar esse número com a seguinte escala:

  • Infestação alta: mais de 5 percevejos por armadilha;

  • Infestação média: 3 a 5 percevejos na armadilha;

  • Infestação baixa: 2 ou menos percevejos na armadilha.

Pequenas populações de insetos não causam grandes danos à lavoura. Porém, se constatado a média de 0,8 percevejo por m² de terra, número considerado o Nível de Dano Econômico (NDE) da cultura, é necessário controlar sua proliferação.

Contagem visual da planta

Essa inspeção consiste na contagem de percevejos na lavoura. A identificação de 1 percevejo vivo a cada 10 plantas amostradas na linha e em sequência, indica a necessidade do produtor fazer o controle químico da praga.

O ideal é repetir essa avaliação após 5 a 7 dias. Caso seja encontrado 1 percevejo vivo a cada 10 plantas amostradas na linha e em sequência novamente, é recomendado fazer o controle químico em sequência.

E se houver excesso de chuva na lavoura, a recomendação é fazer essa avaliação mais uma vez em até 10 dias após a emergência.

Vale lembrar que identificar a presença dos insetos na lavoura rapidamente é essencial para o sucesso do controle de pragas. Caso contrário, o produtor pode registrar perdas significativas na produção de milho.

Como controlar o percevejo-barriga-verde no milho?

A forma mais eficiente para proteger a lavoura e fazer o controle de pragas do milho é investir no Manejo Integrado de Pragas (MIP).

Essa abordagem combina diferentes estratégias de manejo para manter o nível populacional do inseto baixo e evitar o crescimento de infestações que prejudiquem o desenvolvimento saudável da lavoura.

Para adotar o MIP na fazenda, o produtor pode integrar técnicas de controle cultural e químico. Conheça essas técnicas abaixo.

Controle cultural

O controle cultural envolve técnicas que reduzem ou eliminam condições favoráveis ao desenvolvimento do percevejo. Uma dessas técnicas é eliminar a palhada do solo antes do plantio, já que ela serve de abrigo para os insetos.

Outra medida importante é fazer a dessecação pré-implementação da cultura. Porém, para fazer essa dessecação, é fundamental confirmar se já existe infestação do percevejo no local.

Afinal, o processo pode matar possíveis predadores dos percevejos, deixando a lavoura sem uma proteção biológica contra esses insetos.

Também é recomendado fazer o manejo de plantas daninhas, já que elas podem servir de abrigo e alimento para os percevejos.

Controle químico

O controle químico do percevejo-barriga-verde pode ser feito por meio de duas técnicas diferentes. Uma delas é o tratamento de sementes, já que esse inseto ataca principalmente culturas jovens e recém-germinadas.

Esse tipo de tratamento deve ser feito com produtos químicos sistêmicos, principalmente do grupo neonicotinoide.

Outra técnica importante é a pulverização de defensivos agrícolas. Ela deve ser realizada sempre que for constatado uma infestação de percevejos na lavoura. Em outras palavras, se o monitoramento de pragas indicar um número elevado desses insetos na lavoura, o produtor deve investir na pulverização.

Para isso, a recomendação é pulverizar inseticidas do grupo dos neonicotinoides e piretroides, como o inseticida Connect. Além de combater o percevejo-barriga-verde, o Connect também protege a lavoura de outras espécies de percevejo e ainda atua contra a cigarrinha-do-milho com eficiência.

Seguindo essas dicas, proteger a lavoura e garantir uma safra de milho de qualidade será mais fácil.

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