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Mosca-branca: o que é, quais são as causas e os principais sintomas

A mosca-branca é um inseto que infesta culturas agrícolas, causando danos significativos. Ela suga a seiva das plantas, transmite vírus e favorece o crescimento de fungos. Controlar essa praga é essencial para proteger a produtividade e a saúde das plantas.

A mosca-branca não pode ser subestimada. Apesar de pequena e aparentemente inofensiva, esse inseto pode atacar diversas culturas e causar danos que comprometem a produtividade da lavoura. Caso não seja controlada corretamente, pode causar perdas de até 100% da produção.

Além de prejuízos significativos, as infestações dessa praga são difíceis de se controlar. Por conta disso, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) considera que a mosca-branca é uma das pragas com maior risco fitossanitário do Brasil.

Para evitar os problemas causados por esse inseto, o produtor precisa adotar as práticas de manejo. Neste artigo, explicaremos quais são essas práticas e quais as suas características do ataque.

O que é a mosca-branca?

A mosca-branca é um inseto sugador de seiva que pode ser encontrado com frequência em várias regiões agrícolas do mundo. Ela recebe esse nome por conta dos seus dois pares de asas cobertas por uma cera pulverulenta branca.

A presença dessa praga na lavoura causa preocupação aos produtores devido aos danos diretos e indiretos que ela pode causar à plantação. Isso ocorre porque esse inseto é polífago, ou seja, que possui muitas hospedeiras.

Ela já foi identificada em mais de 1.500 espécies de plantas, de 160 gêneros diferentes. Esse grupo de espécies suscetíveis ao ataque de moscas inclui culturas de importância econômica, como soja, algodão, feijão, hortaliças e ornamentais.

Esses números demonstram que esse inseto tem uma alta capacidade de disseminação, reprodução e adaptação. Por isso, ele é de difícil controle e exige a adoção de medidas de manejo estratégicas. Caso contrário, o produtor corre o risco de perder entre 20% e 100% da produção.

Qual a espécie da mosca-branca?

Esse é o nome popular utilizado para se referir a diferentes espécies. Elas pertencem à ordem Hemiptera e à família Aleyrodidae, sendo que Bemisia é o seu principal gênero.

A mais difundida no Brasil e no mundo é a Bemisia tabaci. No entanto, mesmo essa espécie pode ser encontrada com variações ou biótipos diferentes. Entenda abaixo:

4 espécies de mosca-branca no Brasil

A B. tabaci é a mais comum do Brasil, possuindo uma grande variedade genética. Por esse motivo, a maioria dos pesquisadores considera que existem diferentes biótipos.

O B (Middle East Asia Minor 1 whitefly – MEAM1) é registrado com mais frequência no país. Embora sua incidência seja menor, indivíduos de B. tabaci Biótipo Q (Mediterranean – MED) já foram identificados em regiões produtores localizadas no Centro-Oeste, Sudeste e Sul.

Além desses, pesquisadores da Fapesp, também identificaram a existência de outras duas variações, chamadas de New World 1 (NW1) e New World 2 (NW2). No entanto, elas foram detectadas apenas em São Paulo e Alagoas, em plantas de jiló e tomate.

Ciclo de vida

Embora existam diferentes biótipos de B. tabaci, todos compartilham um ciclo de vida semelhante. A duração do ciclo de vida da espécie pode durar entre 25 e 50 dias, variando em função das condições ambientais, sendo a temperatura um dos fatores determinantes.

A fêmea coloca de 100 a 300 ovos, dependendo das condições de temperatura e da planta hospedeira. Esses ovos têm formato de pera e coloração branco-amarelada. Quando a eclosão ocorre, surgem as ninfas, que passam por 4 instares (estágios) de desenvolvimento.

Depois disso, ela se torna uma pupa e um inseto adulto. Na fase adulta, essas chegam a 1 a 2 mm de comprimento. Elas têm corpo amarelado e asas brancas recobertas por uma cera pulverulenta, o que lhes dá a aparência de uma pequena mariposa.

O que pode causar o aparecimento dessa praga na lavoura?

Existem vários fatores que explicam essa infestação nas lavouras. Além do grande número de plantas hospedeiras que podem ser atacadas por essa praga, condições climáticas e a presença de plantas daninhas também atraem esse inseto.

A ocorrência de clima quente e seco tem sido favorável para infestações. Temperaturas elevadas aceleram o ciclo de vida e aumentam o número de gerações por ano, podendo alcançar até 15. Por outro lado, períodos chuvosos desfavorecem o aparecimento.

Diversas daninhas hospedam e contribuem para sua sobrevivência. Por exemplo, serralha (Sonchus oleraceus), caruru (Amaranthus viridis L.), joá-bravo (Solanum viarum), corda-de-viola (Ipomoea acuminata), picão-preto (Bidens pilosa), joá-de-capote (Nicandra physaloides), leiteiro (Euphorbia heterophylla), dentre outras.

Como identificar a mosca-branca nas plantas?

A melhor estratégia é investir em diferentes técnicas de monitoramento de pragas. Elas incluem armadilhas adesivas amarelas e a amostragem periódica de plantas.

As armadilhas atraem os insetos por conta da sua coloração e podem ser utilizadas para monitorar infestações de adultos. Já a amostragem envolve a coleta de amostras de plantas no campo.

Essas amostras devem ser analisadas para identificar sintomas e a presença nas lavouras. Geralmente, os adultos são visíveis na parte inferior das folhas e podem ser observados voando em nuvens ao serem perturbados.

Quais são os sintomas da mosca-branca?

As plantas atacadas desenvolvem vários sintomas específicos, que refletem os danos diretos e indiretos.

Os danos diretos ocorrem por conta do hábito alimentar da mosca-branca, que suga a seiva das plantas em busca de água e nutrientes. Esse processo pode causar o murchamento e amarelecimento das folhas (clorose), o crescimento atrofiado e a redução da produtividade.

Outro sintoma associado é a presença de uma substância açucarada nas folhas e galhos, tornando-as pegajosas. Também chamada de honeydew, essa substância é excretada pelo próprio inseto. Porém, os maiores prejuízos associados são causados pelos chamados danos indiretos, causados por fungos e vírus.

A presença de honeydew induz o crescimento de fungos, formando a chamada fumagina. Essa fumagina aparece como uma camada preta nas folhas, reduzindo a capacidade fotossintética e interferindo na respiração.

Além de fungos, ela consegue transmitir cerca de 120 vírus fitopatogênicos, como o vírus do mosaico dourado do feijão e o vírus do mosaico crespo em soja.

Os sintomas causados pela infecção com vírus variam dependendo da cultura e do tipo de vírus. Normalmente, exibem sintomas como mosaicos, manchas amarelas, distorções foliares e redução do tamanho dos frutos.

Por que investir no manejo integrado para controlar a mosca-branca?

A mosca-branca não pode ser controlada com uma prática isolada. Por isso, a melhor estratégia para prevenir e controlar esse inseto na lavoura é investir no Manejo Integrado de Pragas (MIP).

O MIP é uma estratégia que combina diferentes métodos de controle biológico, químico e cultural. Seu objetivo é garantir que as populações de insetos-praga sejam mantidas em números abaixo do chamado Nível de Dano Econômico (NDE).

Além de ser uma estratégia eficiente, a integração de diferentes técnicas de controle reduz o volume de defensivos aplicados na lavoura e preserva os inimigos naturais do inseto. Como resultado, o produtor reduz os custos associados ao controle de pragas agrícolas e aumenta a produtividade.

8 medidas preventivas para evitar infestações da praga

As práticas do MIP incluem os chamados métodos de controle cultural. Esses métodos visam criar condições menos favoráveis ao desenvolvimento da praga. Portanto, eles ajudam a prevenir o aparecimento e crescimento de infestações.

No caso da mosca-branca, o produtor pode adotar pelo menos as 8 medidas preventivas abaixo:

  1. Invista no manejo de plantas daninhas hospedeiras da praga;

  2. Faça o manejo das plantas tigueras hospedeiras desse inseto;

  3. Cultive apenas mudas sadias e sementes certificadas;

  4. Utilize armadilhas adesivas amarelas ou armadilhas luminosas para atrair e eliminar os insetos adultos;

  5. Invista na rotação de culturas com espécies não hospedeiras;

  6. Elimine os restos culturais para interromper o ciclo da praga;

  7. Invista em cultivares resistentes à praga e adaptadas à região da lavoura;

  8. Adote o vazio sanitário entre culturas hospedeiras.

Como acabar com a mosca-branca?

Quando o número de insetos identificados na lavoura atinge o NDE estimado para a cultura, o produtor precisa investir em métodos de controle mais potentes para reduzir a população e impedir sua disseminação.

Esses métodos consistem no uso de defensivos e estratégias de controle biológico. Os defensivos utilizados no controle químico devem ser compostos por ativos registrados para a cultura. Além disso, eles precisam ser aplicados em sistema de rotação, para evitar o desenvolvimento de resistência.

Já o controle biológico de pragas exige a utilização dos inimigos naturais, como predadores, parasitoides e entomopatógenos. Seja qual for o método utilizado, a recomendação é adotar uma estratégia de controle o mais rápido possível para evitar prejuízos.

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