Percevejo-barriga-verde
O que o percevejo pode causar no milho?
O percevejo barriga-verde, diferente dos percevejos na soja, é um inseto que gera prejuízos início de ciclo nas culturas do milho, trigo e sorgo.
Os danos causados pelos percevejos no milho, trigo e sorgo, acontecem, principalmente, por conta da alimentação de adultos e ninfas na base das plântulas (Figura 1). O percevejo, ao se alimentar, causa danos pela introdução do estilete e injeção de toxinas nos tecidos da planta. Em ataques severos, pode ocorrer morte de plantas, que se inicia pelo murchamento das folhas centrais (sintoma conhecido por “coração morto”) e termina com secamento total. Esse dano pode ser responsável pela redução do estande de plantas na lavoura. Em muitas situações, os produtores podem ser obrigados a realizar o replantio de suas áreas.
O percevejo pode também promover alterações fisiológicas na planta, não permitindo a abertura (desenrolamento) do limbo foliar, formando o sintoma denominado “encharutamento” (Figura 1). Em alguns casos, pode provocar o super perfilhamento, cujo sintoma é conhecido como “enrosetamento”. Ou pode, ainda, causar apenas lesões simétricas (furos) com bordas amareladas no limbo foliar, devido à perfuração das folhas internamente em desenvolvimento.
Assim, os prejuízos causados pelos danos do percevejo barriga-verde podem variar desde perdas médias de 30% da produção de plantas sobreviventes, até a morte de plantas e necessidade de replantio.
Veja as condições favoráveis do que pode causar o percevejo
A atividade sobre as plantas é maior nas horas mais amenas do dia, pela manhã, final da tarde ou durante a noite. Nas horas mais quentes, os adultos ficam escondidos na palhada ou em plantas daninhas hospedeiras.
O sistema de cultivo sucessivo de soja/milho tem possibilitado boas condições para desenvolvimento dessa praga. Temperaturas mais quentes favorecem o desenvolvimento e aceleram o ciclo. O período de ovo a adulto dura cerca de 27 dias. A fase de ninfa passa por cinco instares, sendo que a partir do 3º instar iniciam os danos mais representativos.
Identificação e monitoramento
Os ovos possuem coloração verde-clara, e conforme amadurecem vão escurecendo. As ninfas possuem coloração marrom-acinzentada na região dorsal e verde no abdômen.
Diferenciação dos adultos
Ambas as espécies (furcatus e melacanthus) possuem a face dorsal marrom e a ventral verde. O D. furcatus é ligeiramente maior, medindo cerca de 10 mm de comprimento, os prolongamentos laterais no pronoto, em forma de espinhos, da mesma cor do dorso. O D. melacanthus é menor (7 mm) e apresenta a extremidade dos espinhos mais escura do que o resto do dorso, daí o nome melacanthus - cantos escurecidos (Figura 2).
Figura 2. Adulto de Dichelops furcatus (A) e Dichelops melacanthus (B). (Foto: Antônio R Panizzi)
Uma das grandes dificuldades para o controle do percevejo barriga-verde é a identificação do início da infestação. Em muitos casos, quando a infestação é notada, os danos já são irreversíveis e as perdas inevitáveis. Portanto, para os produtores que pretendem cultivar milho na sucessão da soja, a preocupação com essa praga deverá ser iniciada ainda na primeira cultura, antes da colheita. Deve ser feito um rigoroso monitoramento para detectar focos de ocorrência do percevejo e definir estratégias de manejo.
FIQUE ATENTO!
Atenção redobrada em cultivos Bt, pois como essa tecnologia dispensa aplicações de inseticidas nas fases iniciais visando o controle de lagartas, os produtores podem ficar desatentos para ocorrência do percevejo barriga-verde, que não é controlado pela tecnologia.
- Utilização de um tratamento robusto de sementes. Misturas contendo neonicotinoides + carbamatos têm sido bastante utilizadas. O tratamento de sementes é fundamental para o estabelecimento da cultura, mas poderá não ser suficiente em áreas com alta pressão de ataque. Por isso, logo após a cultura emergir, pulverizações em partes aéreas poderão ser necessárias;
- Realizar aplicação de inseticidas em parte aérea quando constatado 0,8 percevejo/m2. Como o residual dos inseticidas não é elevado, o monitoramento deve ser mantido, e quando detectadas novas reinfestações, repetir o controle. Evitar aplicações nas horas mais quentes do dia;
- Controle do percevejo com uso de inseticidas na cultura da soja. As aplicações devem ser realizadas visando a redução da população para o cultivo subsequente, quando forem detectados 1 percevejo/m, se a área for destinada à semente, e 2 percevejos/m, se a lavoura for destinada a grãos;
- Eliminar plantas daninhas que possam servir de abrigo para os percevejos, como a trapoeraba, o capim carrapicho, o capim amargoso, entre outras antes, durante e depois o estabelecimento da cultura;
- Caso seja detectada a população elevada de percevejos na palhada, anterior a semeadura do milho, a aplicação de inseticidas em dessecação pode ser necessária. Implantar o milho sob alta pressão pode dificultar o controle posteriormente. Iscas podem ser usadas nesse momento de entressafra para amostragem;
Como controlar percevejos?
Para prevenção de danos no milho, a população desta praga deve estar a mais baixa possível desde o final do ciclo da soja até as fases iniciais de desenvolvimento do milho.