Lagartas do complexo Spodoptera
A Spodoptera frugiperda são larvas polífagas que causam danos a diversas culturas da agricultura.
As fêmeas das lagartas do complexo Spodoptera põem ovos em massa nas folhas, com aproximadamente 200 a 300 elementos. Os ovos possuem coloração amarelada e o período de incubação é de aproximadamente 3 dias. As larvas adquirem coloração pardo-escura até quase preta, dependendo da idade.
Apresentam um “Y” invertido na parte frontal da cabeça e quatro pontos pretos no final do abdômen dispostos em quadrado, característica importante para identificação. O período larval varia de 15 a 25 dias, passando por 4 a 7 ínstares, dependendo das condições de ambiente e alimento disponíveis.
As pupas são de coloração marrom-avermelhada e ficam abrigadas no solo. Após aproximadamente 10 dias de período pupal ocorre a emergência dos adultos, que são mariposas com alta mobilidade, medindo em torno de 4 cm de envergadura e com longevidade de aproximadamente 12 dias.
Spodoptera cosmioides
Os ovos de S. cosmioides são muito semelhantes aos da S. frugiperda, colocados em camadas sobrepostas, coloração alaranjada e duração média de 4 dias. As lagartas podem apresentar de 6 a 8 ínstares, apresentando grande variação no padrão de cores e manchas. A cabeça é castanho-amarelada ou alaranjada. Possuem listras amareladas ao longo do corpo, com pontuações brancas e triângulos pretos. As listras amarelas laterais, geralmente se prolongam até a cabeça. Próximas à fase de pupa, exibem uma faixa anelar preta logo após as patas torácicas e outra no final do abdômen (Figura 1). As pupas são formadas no solo, com duração de 14 a 18 dias. A duração do ciclo de vida varia conforme fatores bióticos e abióticos, ficando em torno de 40 a 46 dias.
Figura 1. Detalhes da lagarta S. cosmioides. (Foto: Phytus Group)
Spodoptera eridania
Os ovos possuem coloração esverdeada, com um período de incubação médio de 4 a 6 dias. As lagartas possuem coloração escura, com faixas longitudinais amareladas. Uma das faixas laterais amarelas é interrompida por uma mancha escura no tórax (Figura 2), característica que ajuda na diferenciação da S. cosmioides. As lagartas passam por seis a sete ínstares na soja. O período larval possui duração média de 15 a 19 dias. As pupas são formadas no solo, possuem coloração marrom e tem duração média de 9 a 11 dias. O período do ovo até adulto pode variar em função de fatores ambientais e qualidade de alimento, em cerca de 28 a 35 dias.
Figura 2. Lagarta S. eridania em soja. (Foto: Phytus Group)
Danos e Riscos
No início do desenvolvimento da soja poderá haver ataque às plântulas, principalmente por S. frugiperda, refletindo na redução do estande de plantas. Essas lagartas cortam plantas rentes ao solo com sintomas semelhantes ao ataque da lagarta-rosca (Agrotis ipsilon). A S. frugiperda pode atacar também plantas na fase vegetativa, causando desfolha acentuada. Na fase reprodutiva, além da S. frugiperda, recebem importância também as espécies S. eridania e S. cosmioides, as quais além de desfolha, podem causar danos diretos às vagens.
As lagartas do gênero Spodoptera carregam grande importância econômica devido à sua voracidade. Como desfolhadoras, essas lagartas podem consumir grande área foliar diária na soja, ultrapassando o dobro comparado a outras lagartas de importância na cultura.
Ao contrário de outras espécies do gênero, S. cosmioides e S. eridania não apresentam hábito canibal. As lagartas neonatas dessas espécies, recém eclodidas, se alimentam agrupadas por alguns dias, quando apenas raspam as folhas (Figura 3). Posteriormente, dispersam-se pela lavoura onde irão consumir folhas e vagens de soja.
Figura 3. Danos de raspagem de folhas por lagartas neonatas recém eclodidas. (Foto: Phytus Group)
Monitoramento
Características como alto potencial reprodutivo, ciclo biológico relativamente curto, polifagia e sobreposição de culturas hospedeiras na área têm favorecido o aumento das populações e criado situações de dificuldade no controle. Dessa forma, o controle dessas lagartas não tem sido uma tarefa fácil. Falhas de controle de inseticidas têm sido frequentemente relatadas. As proteínas Cry em cultivares Bt não possuem boa efetividade no controle de Spodopteras, aumentando assim a pressão sobre os inseticidas.
O monitoramento é estratégia fundamental para auxiliar no controle, essencialmente porque o tamanho das lagartas e nível de infestação influenciam diretamente na eficácia do controle químico. Aplicar no momento certo aumenta as opções de inseticidas, a eficácia de controle é maior e os custos poderão ser menores.
O pano-de-batida tem sido o principal método utilizado para monitoramento de lagartas. Recomenda-se a utilização do pano-de-batida vertical com a amostragem em apenas uma fileira de plantas por vez, repetindo em dois pontos para totalizar 1 m2. Além disso, recomenda-se fazer a avaliação visual do nível de desfolha em cada ponto de amostragem. Esse parâmetro é importante para seguir os níveis de controle recomendados para a cultura.
Geralmente, as lagartas de S. eridania e S. cosmioides são encontradas na parte mediana e inferior das plantas, sendo mais ativas nas horas mais frescas do dia e durante o período noturno. Assim, é importante que a amostragem seja realizada nos horários mais frescos do dia, para definição mais precisa do nível populacional.