Broca da cana-de-açúcar
A broca da cana-de-açúcar é considerada uma das principais pragas da cana-de-açúcar. O aumento nos ataques na cana pode estar relacionado ao crescimento das áreas cultivadas e do fim das queimadas para colheita, o que contribui para a sua sobrevivência e multiplicação. Safras mais chuvosas e com temperaturas mais elevadas favorecem para maior pressão de ataque e oferecem maior risco à produtividade dos canaviais.
Identificação e monitoramento
Os ovos são achatados, de formato oval, depositados na face superior e inferior das folhas, de forma aglomerada (de 5 a 50 ovos/aglomerado), inicialmente possuem coloração branca e posteriormente, com o desenvolvimento embrionário, ficam alaranjados. As lagartas recém eclodidas são de coloração branca, tornam-se creme à medida que se desenvolvem e apresentam manchas escuras sobre o dorso. Inicialmente alimentam-se da raspagem de folhas, e após a primeira ecdise penetram abrindo galerias pela parte mais macia do colmo. As galerias podem ser longitudinais ou transversais nos colmos.
Controle genético
A biotecnologia poderá contribuir com a construção de variedades Bt, resistentes à broca-da-cana, por meio da inserção de genes extraídos de Bacillus thuringiensis. O desenvolvimento de cultivares transgênicas de cana poderá ser a novidade em um futuro próximo, similar ao que já ocorreu no milho, na soja e algodão.
As diferentes formas de manejo possíveis para se combater a Broca, podem passar por uma combinação de alternativas entre produtos químicos e biológicos, oferecendo assim, mais possibilidades em efetivação do MIP (Manejo Integrado de Pragas), no cultivo da Cana.
Desafios ao manejo
Controle biológico: uma das principais estratégias de manejo da broca é o uso de agentes biológicos de controle. Parasitas da espécie Cotesia flavipes tem sido eficientemente utilizado para combater a broca na fase larval. Já o parasita Trichogramma galloi tem sido eficientemente utilizado para o controle na fase de ovo. Tais estratégias têm possibilitado um controle efetivo da broca através da criação e liberação em massa desses parasitoides nos canaviais no momento correto.
Controle químico: o uso de inseticidas também tem sido bastante utilizado e se mostra uma ferramenta eficaz se bem utilizada. O momento de aplicação dos inseticidas é ponto chave, esses devem atingir lagartas neonatas, recém eclodidas, antes de perfurarem os colmos. Após as larvas entrarem para os colmos, a efetividade dos inseticidas cai acentuadamente. A escolha de inseticidas seletivos aos agentes de controle biológico, permitem a otimização do manejo com a proliferação dos mesmos de forma natural no canavial.
Ciclo da broca-da-cana
Estimativas médias indicam perdas de 1,14% na produção de cana (TCH), 0,42% na produção de açúcar e 0,25% na produção de álcool para cada 1% de entrenós atacados pelo complexo broca/podridão-vermelha. Quando o ataque se dá em cana planta, esses percentuais são maiores.
Condições favoráveis e evolução
A ocorrência da broca-da-cana é favorecida por altas temperaturas (calor) e grande quantidade de chuva. Mesmo presente em todas as regiões produtoras do Brasil, a região Centro-Sul tem sido a mais afetada. O clima favorável nessa região pode ser um dos fatores responsáveis pelos ataques mais expressivos. Nessa região, a broca pode ocorrer durante o ano todo, porém, os maiores níveis populacionais têm sido identificados na primavera e no verão. Veja no vídeo abaixo detalhes do ciclo de desenvolvimento dessa praga.
Danos
O ataque das lagartas em plantas novas pode ocasionar a morte do ponto de crescimento, sintoma conhecido por “coração morto”. O ataque de lagartas em cana adulta resulta na abertura de galerias nos colmos, causando redução de peso dos colmos e da produtividade do canavial. Quando há formação de galerias transversais, há o favorecimento para quebra de colmos pela ação do vento. Podem ocorrer também sintomas de enraizamento aéreo e surgimento de brotações laterais devido ao seu ataque. Mas não são apenas danos diretos, alguns danos indiretos podem ocorrer, como predispor as plantas ao ataque de fungos nas galerias abertas, como do gênero Colletotrichum e Fusarium causadores da podridão-vermelha do colmo. Tais fungos reduzem a qualidade da cana, diminuindo a pureza do caldo e o rendimento industrial no processo de produção de açúcar e/ou álcool.