Capim pé-de-galinha
O capim pé-de-galinha (Eleusine indica) é uma espécie que tem se alastrado nos últimos anos, tornando-se um sério problema nos sistemas agrícolas, pois uma vez estabelecida, torna-se de difícil controle. No Brasil, é comumente encontrada nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, afetando culturas como soja, milho, algodão e sorgo.
Danos causados pelo capim pé-de-galinha
Estima-se que as perdas em produtividade devido à presença desta planta daninha podem chegar em até 50% no caso da cultura da soja.
Figura 1: Inflorescência terminal semelhante a pé de galinha. (Foto: Lavoura10).
Características e identificação
Pode ser facilmente reconhecida, principalmente pela inflorescência terminal digitada, semelhante ao pé de uma galinha, nome vulgar que faz a espécie ser popularmente conhecida (Figura 1). É uma planta herbácea, ereta, cespitosa de coloração verde, com tonalidade castanho-escura nas regiões dos nós. Possui colmo ereto, podendo apresentar entre 30 a 50 cm de altura ou colmos prostrados, ramificados e com a parte inferior achatada e de coloração mais clara (Figuras 2 e 3).
Desenvolvimento e condições do ambiente
É uma espécie indiferente à presença de luz, sendo que a alta luminosidade estimula o seu crescimento, favorecendo o hábito de crescimento prostrado. Apresenta alta capacidade de estabilidade em sistemas agrícolas devido à alta produção de sementes (aproximadamente 40 mil sementes por planta), disseminadas facilmente pelo vento. Suas sementes germinam em qualquer época do ano, porém, no inverno as plantas apresentam menor crescimento.
Para que serve o capim pé de galinha?
O capim pé-de-galinha é conhecido por ser uma planta agressora no campo. É uma planta com capacidade de formação de touceiras, contribuindo para seu difícil controle. Possui baixa exigência em relação ao tipo de solo, estando presentes em solos compactados, com baixa fertilidade e elevada acidez, obtendo vantagem competitiva sobre muitas espécies cultivadas, além de ser uma espécie hospedeira de diversos patógenos.
É uma planta com capacidade de formação de touceiras, contribuindo para seu difícil controle. Possui baixa exigência em relação ao tipo de solo, estando presentes em solos compactados, com baixa fertilidade e elevada acidez, obtendo vantagem competitiva sobre muitas espécies cultivadas, além de ser uma espécie hospedeira de diversos patógenos.
Desafio ao manejo
No Brasil, existem três relatos de resistência de capim-pé-de-galinha: o primeiro caso foi registrado na cultura da soja, tendo resistência aos inibidores da ACCase (2003); o segundo, caso nas culturas do milho, soja e trigo, tendo resistência aos inibidores da EPSPs (2016); e o terceiro caso, nas culturas do feijão, milho, algodão e soja, tendo resistência múltipla a 2 mecanismos de ação, os Inibidores da ACCase e EPSPs (2017).
Vale salientar que a simples ocorrência de falhas de controle de determinada espécie não caracteriza resistência, pois esta pode ser causada por outros fatores como: espectro de controle do produto, dose do produto incorreta, calibração e regulagem inadequada de equipamentos de aplicação, condições climáticas impróprias, incompatibilidade entre produtos na calda e estádio das plantas daninhas no momento da aplicação.
Em geral, plantas jovens são mais sensíveis aos herbicidas e mais facilmente controladas do que plantas em estádios mais avançados de desenvolvimento. Desse modo, deve-se priorizar a aplicação de herbicidas na época adequada, tendo as plantas de pé-de-galinha no máximo 3 ou 4 perfilhos, para uma melhor eficiência de controle.
Na operação de pré semeadura das culturas, para o controle de capim-pé-de-galinha, prioritariamente, são utilizados herbicidas não seletivos, como paraquate + diurom, glufosinato de amônio ou glifosato (se as plantas não apresentarem resistência a este herbicida). Também na dessecação ou no controle em pós emergência da cultura da soja é recomendado a utilização dos inibidores da ACCase (graminicidas) associado ao herbicida glifosato. Caso haja escape de plantas daninhas resistentes aos inibidores da ACCase ou os inibidores da EPSPs, é recomendado atenção especial para o manejo da espécie.
Recomenda-se o uso de herbicidas pré-emergentes, que controlam o fluxo de emergência das sementes das plantas daninhas no solo, diminuindo a posterior infestação e reduzindo a necessidade do uso de herbicidas em pós-emergência. Existem diversas moléculas que controlam efetivamente o banco de sementes de capim-pé-de-galinha em diferentes culturas.